sexta-feira, 31 de agosto de 2018

SERÁ QUE SOMOS TODOS BURROS???


Em tempos de campanha eleitoral, muita gente se “estranha” e se xinga, e parece que o xingamento mais comum é BURRO.

Dentro de casa, com a porta fechada, ou no cantinho de algum boteco, costumamos chamar nossos “parças” e, invariavelmente, o papo é assim:
─ Como é que o Fulano, tão estudado e preparado, pode votar naquele candidato? ─ e a própria pessoa que pergunta dá a resposta:
─ Pode ser estudado, mas é burro!

E, pensando bem, principalmente quando gastamos tempo analisando pessoas que não vão votar no “nosso” candidato que, teoricamente, é o CERTO, é que tenho absoluta certeza: nós também SOMOS BURROS!

Vamos pensar juntos: o que é a inteligência? Não seria a capacidade de ligar dois ou mais arquivos de memória para formar outros? Porque, na verdade, de nada adianta eu saber, por exemplo, a capital da Malásia (eu decorei no meu curso de Admissão!), se eu não vou fazer nada com isso.

Por ter passado muito bem colocado num concurso nacional, as pessoas vivem dizendo que eu sou muito inteligente, mas, analisando a minha trajetória profissional de onde estou hoje, não tenho tanta certeza.

E o que me consola é que não estou sozinho: acho que a maioria da humanidade é formada por imbecis. Vamos ser honestos: quem nunca tomou uma decisão na vida da qual se arrependa, e se questione “mas como é que eu pude ter sido tão burro?”

A boa notícia é que a burrice não é um processo irreversível. Um grande número de pessoas é, naturalmente, inteligente, mas, a partir de uma certa idade, a imbecilidade vai nos sendo imposta. Ora por uma religiosidade meio fanática, outras vezes são os exageros do politicamente correto e, o que é fatal para qualquer forma de inteligência, a adolescência (ou diria aburrescência), época em que nos esforçamos para nos tornar exatamente iguais aos nossos colegas mais idiotas. E, na maioria das vezes, conseguimos.

É claro que, inevitavelmente, crescemos. E, de cabeçada em cabeçada, podemos escolher expulsar um pouco da imbecilidade e recuperar aquele brilho infantil, e insolente, da inteligência. Mas aviso que não é fácil. Há um bando de pesos nos puxando para baixo: certezas religiosas, certezas políticas, paradigmas de autoajuda, sem contar uma coleção de sintomas que se grudam às nossa personalidades já desde a infância, propensos a um certo coitadismo.

Um bom início para espantar a imbecilidade pode ser escolher candidatos que não ofendam as nossas inteligências.

Ah, só pra constar, a capital da Malásia é Kuala Lumpur.

Crônica: Jorge Marin

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