Hoje, um
dos dias mais frios do ano, estou aqui debaixo das cobertas, acompanhando o que
vai pelo mundo e, quem sabe, divulgar notícias para leitores que, como eu,
devem estar curtindo o frio.
De
repente, sou surpreendido por uma transmissão ao vivo, na internet, diretamente
do Supremo Tribunal Federal. O assunto é a descriminalização do aborto
voluntário até a décima segunda semana de gestação.
Me lembro
de notícia publicada nos principais jornais no último domingo, talvez divulgada
justamente em virtude do debate, que está ocorrendo hoje e vai continuar na
próxima segunda-feira.
As
manchetes mostraram que, entre os anos de 2008 a 2017, duas MILHÕES e cem mil mulheres
foram internadas no SUS por conta de abortos clandestinos. A conta para o SUS,
de 486 milhões de reais não é nada, comparada às mortes, ao desespero, ao
desamparo e à dor daquelas mulheres.
Geralmente,
quando trago assuntos desse tipo aqui para o nosso diário de discussões
compartilhadas, manifesto, ainda que de forma meio velada, a minha opinião.
Mas, neste caso do ABORTO, como dar opinião sobre um assunto que, seja qual for
a opinião, vai afetar apenas mulheres que passaram ou irão passar por essa
experiência?
E não se
trata aqui, como também não se trata no debate do STF, de ser contra ou favor
do aborto em si. As tentativas de aborto VÃO continuar acontecendo, sendo crime
ou não. A diferença é que, se for crime, a maioria das mulheres vai tentar
executá-lo de forma escusa. Se forem ricas ou remediadas, em alguma clínica
discreta; se forem pobres, através de sugestões caseiras, uso de objetos
intrusivos ou auxílio de pessoas “entendidas” no assunto, leia-se aí clínicas
clandestinas.
Há dois
obstáculos à descriminalização: um é de ordem científica e outro de caráter
religioso, ambas sobre o início da vida.
A questão
científica parece ter sido decidida quando o próprio STF, em 2008, permitiu o
descarte de embriões utilizados em pesquisas científicas, e também em caso de
fertilizações in vitro (as “sobras”
de tentativas de bebês de proveta).
A questão
religiosa vai depender muito da religião da pessoa e, no caso da legislação atual,
não pode ser levada em conta por ser o Brasil um estado laico.
Sem
esquecer que se trata de um assunto (grave!) de saúde pública, deixo aqui a reflexão
aos leitores e, principalmente, às leitoras.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em https://contilnetnoticias.com.br/2018/03/stf-convoca-audiencia-publica-sobre-descriminalizacao-do-aborto-ate-a-12a-semana/
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