Pasmem, mas,
depois de quase sessenta e duas luas, estou ensaiando e me organizando financeiramente
pra adquirir minha própria BATERIA!
Longe de
aventuras mirabolantes, penso ser um excelente momento pra, depois de trinta e
cinco anos, voltar a exercitar a coordenação motora, me reaproximar um pouco
mais da música, e quem sabe até atrair alguns pares. Por sinal, nosso amigo Pitombense
Márcio já foi logo se antecipando, e saindo na pole position, já adquiriu seu belo contrabaixo.
Interessante
que, coincidentemente, o Pitomba acabou de completar no ano passado, quarenta e
cinco anos de seus primeiros acordes.
Em função
disso, não tive como deixar de lembrar nossos folclóricos ensaios ali no
fantástico barracão do sr. Anginho e da inesquecível BATERIA URSO POLAR, nossa
versão excêntrica da tradicional bateria PINGUIM.
Foi naquele
barracão que fiquei, pela primeira vez, frente a uma bateria, se é que
poderíamos chamar nossa nervosa URSO POLAR de bateria (bumbo, caixa, um surdo
arqueado e um prato com arrebites). Pra ser sincero, acho até que eu ficava
muito bem na fita, pois, não menos heróis, teriam sido também nossos
guitarristas, que, além de cantarem num microfone de gravador e num aparelho de
voz SEM caixa acústica, onde seus alto-falantes ficavam a passear nus pelo
chão, tinham como guitarras, dois velhos violões com captadores elétricos. Se
bem que aquele estranho chifre de boi, servindo de instrumento pra nosso
ritmista, era algo também bastante inusitado.
Mas,
voltando aos alto-falantes que ficavam passeando pelo chão, era hilariante
quando, em função disso, tínhamos que, de tempos em tempos e devido às
trepidações, puxá-los de volta pelo próprio fio. Por sinal, nosso aparelho de voz valvulado de
nome A 100 NADA e os pedestais ZEBRAS eram também nossas versões tupiniquins
dos famosos amplificadores A100 da Giannini e dos pedestais GIRAFAS.
Ah! Já ia
me esquecendo que ainda existia um contrabaixo e um pequeno amplificador que
pegávamos emprestado às escondidas do conjunto da Nely.
Pra
finalizar, não poderia deixar de citar que algumas lâmpadas coloridas de natal
e uma estroboscópica caseira feita de lâmpada fluorescente completavam nossa
mega e possante aparelhagem.
Mas,
voltando à lendária URSO POLAR ratifico que A PRIMEIRA BATERIA A GENTE NUNCA
ESQUECE.
Crônica e
foto: Serjão Missiaggia
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