Definitivamente,
éramos muito coloridos nos anos 70s!
Vendo a
movimentação frenética das trupes de teatro do nosso fantástico Nepopó
Festivao, revivi por alguns minutos aquela alegria mágica de fazer teatro.
O momento
do qual me lembrei ocorreu aí no local dessa foto, na Galeria do Mangueira.
Saíramos de um ensaio no Democráticos, descemos a Rua do Sarmento e entramos,
não sei por quê, no Mangueira.
Cabelos
longos, roupas coloridas, restos de maquiagem (que testáramos) em volta dos
olhos:
- Quantos
anos você tem, Jorge? – pergunta Betânia, a bruxinha boa, agora com jeans e
pulseiras.
- Vinte e
um – respondo, me “achando” por ser adulto.
- Pô,
você é velho, cara!
Naquele
momento, sem que eu soubesse, eu estava, mesmo, ficando VELHO. Um concurso
público e um salário, na época, muito bom me levariam pra longe da minha
querida Garbosa, do Grupo Fantasia, do Pitomba, do Jornal Novidade, da arte que
poderia ter sido.
Outra
coisa que eu não sabia, e que sei hoje é que, ao escolher viver uma vida,
estamos, AUTOMATICAMENTE, abrindo mão de TODAS as outras que escolhemos NÃO
viver.
Durante
anos, envolvido pela ilusão de “vencer na vida”, seja lá o que for isto, sofri
muito e tentei fugir de maneiras variadas do demônio do E-SE?. E se eu tivesse
ficado? E se tivesse me dedicado à arte? E se o Pitomba fosse conseguisse
gravar um LP?
Trinta e
nove anos depois desse fato (quase ia dizendo DESSA CENA), meu filho número 2
está saindo de casa para uma outra cidade, um outro país. Mais calmo,
esclareço:
- NÃO se atreva a vencer na vida! Você está indo para viver. Só isso! – E ele
ri. Acho que, de tanto eu falar, ele já sabe que as escolhas são SEMPRE boas e
ruins.
Talvez
ele nem acredite nisso. Mas, para não me preocupar, diz que acredita.
Ele sai,
todo sorridente, de brinco, óculos escuros e tatuagem. Aproveito que não tenho
que bancar o pai bem resolvido e dou uma chorada.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Serjão Missiaggia
O bom é saber que a vida não é uma ciência exata. Não tem uma escolha certa, não tem um caminho que garantidamente vai te tornar uma pessoa mais feliz. Então é só seguir a intuição mesmo ;)
ResponderExcluirIsso... isso. isso... Vindo de um mestre em Matemática Pura, este é o melhor elogio para o que foi dito na crônica. Beijão, filho!
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