Hoje o
tema seria o Rubro Bar. Mas não só. De repente, me peguei lembrando de todos os
encontros em que a música estava presente. E isso inclui também os hi-fis, as “brincadeiras
dançantes” que tanto agitavam a vida de todos nós, adolescentes dos anos 70s.
Uma
novidade supermoderna, as Rádios FM, lançavam os hits, que, em sua maioria eram
temas das novelas da TV Tupi e da Globo. Normalmente, assim como acontece hoje,
eram duas trilhas, uma nacional, com artistas brasileiros, e outra trilha, essa
internacional, com artistas... brasileiros também.
Quem não
se lembra de Terry Winter, Malcolm Forrest, Pete Dunaway, Mark Davis & Uncle Jack (ambos são o Fábio Júnior), Tony Stevens & Christie Burg (ambos
Jessé), Morris Albert, Dave Maclean e Michael Sullivan? Pois é, TODOS
brasileiros.
Mas, o
mais engraçado em tudo isso era que a gente não sabia NADA de inglês. O
Professor Biel até que tentava ensinar, mas éramos completamente analfabetos na
língua da rainha.
Então aconteciam
fatos muito curiosos, que só hoje, em tempos de Google Tradutor, é que a gente
percebe. Ás vezes, esperávamos aquela música “lentinha” para sussurrar
no ouvido da gata, o que pensávamos ser uma letra romântica dos Pholhas (quem
se lembra de My Mistake?): “I was sent to prison / For having murdered my wife
/ Because she was living with him / I lost my head and shot her”. Ou seja,
naquela pegação toda, estávamos dizendo mais ou menos assim: eu fui pra cadeira
porque matei minha mulher, porque ela tava com outro, eu perdi a cabeça e
atirei nela. Já pensaram se fosse hoje? A banda inteira seria enquadrada na Lei
Maria da Penha!
Lembro-me
que uma vez estávamos sentados na Pracinha do Coronel e, ouvindo a gente
cantar, o Paulinho Cricri chegou, pegou um violão e começou a fazer a
introdução de Something dos Beatles. Como os caras de Liverpool estavam numa
fase meio mística, acreditávamos piamente que a letra tinha algo a ver com
religião. Chegávamos até a cantar aquele “You know I believe and how” (você
sabe o quanto eu acredito) do final em “Now I believe em God” (agora acredito em Deus). Muito católico,
mas pouco correto. E o pior é que a música fala sobre "o jeito que ela anda".
Lógico
que nada disso atrapalhou o sentimento, a loucura, a doçura e a beleza que eram
aqueles anos maravilhosos na nossa terrinha garbosa.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em http://static-viva50.gcampaner.com.br/wp-content/uploads/2013/10/08.jpg
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