sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O VOTO DOS APOLÍTICOS: BRANCO OU NULO???


Como é ser apolítico no século XXI? No meu tempo de menino era fácil: TODOS éramos apolíticos!

Façam as contas: o golpe civil-militar (ou revolução gloriosa redentora, se preferirem) ocorreu em abril de 1964. Os novos partidos autorizados pelos militares, a Arena e o MDB, só foram registrados em abril de 1966.

O nosso eterno mestre Sôbi tinha uma máxima que refletia muito bem esse período da nossa história. Dizia ele: “Eu tinha um amigo que achava muita coisa, e até hoje não acharam ele”.

Mas, voltando aos dias atuais, como é possível ser apolítico num cenário com 35 partidos diferentes?

A coisa funciona assim (vou substituir o nome dos partidos por times de futebol porque, às vésperas da eleição, a coisa é tensa!): você tem o seu time. Eu, por exemplo, sou botafoguense.

Não sou de torcida organizada (ou seja, não sou militante), mas torço pelo Fogão. Aí o meu time começa a perder, coisa que costuma acontecer com o Botafogo na vida real. De repente, um bando de pessoas começa a me zoar no Face: “time ridículo”, “covardes”, “segunda divisão”. Você aceita as críticas, pois, embora NEM TODOS os jogadores sejam assim, o time realmente está deixando a desejar.

Aí, pra poder ir à forra, você pergunta para os seus amiguinhos de Face: qual é o seu time? E a resposta é (quase) unânime: cada um diz SOU APOLÍTICO! Ora, como vou fazer para também exercer o meu direito de crítica se todos os que criticam o meu time são “apolíticos”?

O fato é que, NA VERDADE, eles não são “apolíticos”, mas sim TÊM VERGONHA de assumir os seus partidos e candidatos. Vejam bem: é normal que candidatos que estejam tentando se reeleger sejam muito criticados (afinal, como estavam fazendo alguma coisa, ERRARAM mais). Nessa hora, mesmo aquelas pessoas que, SABIDAMENTE, votaram no sujeito (ou na sujeita), afirmam de pés juntos: eu não votei nele(a), pois sou apolítico!

Como diz o sábio Jorge Kajuru: “ô apolítico, vá te catá!”.

No entanto, SUPONDO que fôssemos todos apolíticos, e votássemos em BRANCO ou NULO, o que aconteceria? Nada, pois, se o candidato, só ele, votar em si, estará eleito com 100% dos votos válidos, ou seja, SÓ TEM UM VOTO E ELE É VÁLIDO. Pronto: o pulha tá eleito!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em https://mortongrovenews.wordpress.com/tag/political-bosses/

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