quarta-feira, 1 de abril de 2015

UMA ESTRANHA VISITA NA MADRUGADA - Primeiro capítulo


Antes de tudo, gostaria de dizer que este sinistro episódio realmente aconteceu.

Era uma daquelas chuvosas noites de verão de 1973, quando, ao chegar em casa um pouco mais tarde e sem mesmo fazer um lanche, fui direto pra cama. Lembro-me apenas de estar muito cansado, pois havíamos tocado num baile naquela noite.

Assim, após fazer minhas orações, procurei, ainda antes de dormir, ligar meu velho rádio que, estrategicamente posicionado sobre uma cantoneira, ficava bem ao lado de minha cama. A intenção seria de segurar o sono um pouco mais, para tentar escutar as últimas resenhas esportivas com as notícias do Fogão.

Meus pais haviam viajado, e eu me encontrava sozinho naquela noite. Relâmpagos penetravam fulminantes pelos vitrais das imensas janelas de meu quarto, enquanto o velho rádio a válvulas era uma explosão a cada descarga elétrica que acontecia lá fora. Resolvi desligá-lo. 

A forte chuva foi aos poucos dando uma pequena trégua, enquanto ainda se podiam escutar alguns poucos pingos rebatendo na janela. O silêncio tomou conta da noite.  Percebi pelas venezianas de madeira, que a energia elétrica havia acabado, fazendo com que os clarões dos relâmpagos penetrassem ainda mais dentro do quarto.

Silêncio total e, quando já começava me entregar ao sono, eis que um barulho muito estranho começou a se aproximar de mim, para, em seguida, retornar. Algo assim como o ruído do estalar de tacos soltos quando pisados por alguém.

A cabeceira de minha cama ficava de costas para o portal de entrada do quarto, que, por sinal, encontrava-se aberto naquela noite. Já tomado de certo pavor, e pensando nas tantas e sinistras possibilidades, não me restou outra alternativa do que trancar os olhos e entregar pra Deus.  

Suando frio, permaneci por um longo período, apenas escutando aquele estranho movimento de acercamento. Sentia que algo esquisito se aproximava da cabeceira da cama e, quase já tocando minha cabeça, novamente retornava.

Já havia se passado quase uma hora e, diante daquela terrível e angustiante sensação em não saber realmente do que se travava, resolvi, num daqueles raros surtos de coragem, ir aos pouquinhos abrindo os olhos. Nesse momento, percebi que a energia havia voltado e que, diante de uma pequena luminosidade oriunda dos postes da rua, poderia com certeza identificar o misterioso barulho.

Meu Deus, o que é isso? Sinceramente, não sei como não desmaiei. À MEIA-NOITE EM PONTO, eu conto o resto. Mas, se estiver chovendo, não leiam!

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : disponível em http://picslist.com/image/35850034617

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