Ao observar a
facilidade com que meu filho vinha fazendo downloads de músicas para aprender
no violão, caí na asneira de pedir, num daqueles surtos nostálgicos próprios dos
cinquentões, para gravar pro véi algo que não escutava há quase quarenta anos,
ou seja, um clássico que, pelo menos pra mim, ainda hoje considero ser uma das
maiores obras de uma banda de Rock Progressivo de todos os tempos: “CLOSE TO
THE EDGE” do YES, aquele famoso vinil de encarte verde.
Confesso que
foram os minutos mais longos de minha vida, aguardando pacientemente que meu
provedor “tetragiga” completasse o download.
Desta forma, já
um tanto cansado de andar de um lado ao outro da casa, deitei no sofá e, como
criança, fiquei ansioso aguardando apenas que o filhão pudesse dar o sinal e
anunciasse que tudo havia dado certo.
Num breve
momento de cochilada, achando até que estava sonhando, comecei a perceber que,
de repente, um órgão (hoje se diz teclado), que mais parecia um daqueles
harmônios tubulares do século passado, começou a acalentar meus ouvidos e a
invadir cada espaço da casa.
Foi aí que
percebi o quão modestas eram minhas lembranças tão positivas desse conjunto (hoje
se fala Banda) e a lamentar pelos jovens de hoje, muito dos quais amantes de
uma boa música, não terem conhecido tantas e fantásticas Bandas: Genesis, Pink
Floyd, Triunvirath, Rick Wakeman, Supertramp, Jethro Tull e muitas outras...
Nossa geração foi superprivilegiada. Assim entendo!
Meu filho,
não menos admirado, aumentou o volume do PC e ficou atentamente ouvindo cada
passagem. Uma verdadeira peça musical divida em atos distintos e interligados e
contados em exatamente 18 minutose e 40 segundos. Acho até que ocupava um lado inteiro
do referido LP. Enfim, arranjos
alucinantes, que iam se desenvolvendo, nos arremessando cada vez mais dentro da
beleza do vocal, dos ritmos truncados e dos sons espaciais. Tudo dentro de uma
melodia e sonoridade de beleza rara.
Interessante
que, ainda hoje, ao fazer uso de meu modesto conhecimento musical, continuo a surpreender-me
com a progressão e ousadia de seus arranjos. Como coisa de outro planeta e
saindo sempre por tangentes improváveis e mágicas, seguiam brincando com a melodia,
nos conduzindo a viagens incríveis e imaginárias.
Por sinal, melodias
ricas e belas que, se hoje fossem desfilar nos automóveis à noite pela calçada,
não ROUBARIAM nosso sono e muito menos fariam TREMER nossas portas e janelas.
Muito pelo contrário!
Crônica:
Serjão Missiaggia
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