quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A DANÇA DOS TALHERES


Ultimamente, venho observando muito este vai e vem dos talheres que tem ocorrido aqui em casa.  Por sinal, fato este que também acredito acontecer na maioria das famílias.

Acho até que, pelo simples fato de nunca termos tido uma auxiliar doméstica e por eu ter me prontificado a exercer esta nobre missão de estar sempre colocando os talheres na mesa, tenha despertado tanto minha atenção.

Para ser sincero, acho mesmo que este vai e vem dos talheres, que quase sempre nos pega numa idade meio que assim, digamos, não muito jovial, oferece uma excelente oportunidade de estarmos utilizando um pouquinho mais nossos neurônios, ou seja, uma melhor noção de matemática, tempo, espaço, memória e por que não, também outros processos cognitivos.

Geralmente, tudo já começa no início do casamento quando a rotina das duas unidades deixa, por um bom tempo, nossos neurônios um tanto acomodados e preguiçosos. Período dos pares, onde dois pratos, dois talheres, dois copos, por sinal geralmente idênticos, ditam o dia a dia do casal.  E este marasmo psicomotor vai se perpetuando por um bom tempo até que, com a chegada do primeiro filho, a coisa começa a mudar.

E foi o que ocorreu comigo, quando, repentinamente, tive que começar a exercitar o número três, ou seja, três pratos, três talheres, três copos, além, é claro, das três xícaras e os respectivos três pires no café. Isso pra não falar das constantes variações de cores e modelos que começavam a surgir. 

Com a chegada de meu segundo filho, mesmo demorando um pouco a me condicionar, fiquei por um bom tempo e, automaticamente, fazendo do número quatro, meu norte, ou seja, quatro pratos, quatro talheres, quatro copos juntamente com as quatro xícaras e seus respectivos pires no café. E as novas cores e modelos iam, cada vez mais, se misturando na mesa e na minha cabeça também.

Daí pra frente, vão surgindo as constantes variantes que sempre acontecem nas chegadas das visitas, dos familiares, nas idas e vindas dos filhos ou mesmo na ausência de alguém.  Se, por um lado, embaralham um pouquinho mais, por outro estimulam sobremaneira novas sinapses.

E assim a vida vai girando, no rodízio das cadeiras e na dança dos talheres.
Hoje serão dois pratos, dois copos...  

Crônica: Serjão Missiaggia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL