quarta-feira, 30 de julho de 2014

MINHA PRIMEIRA VEZ - capítulo I


Confesso publicamente que não fui tão mal assim!

Valeu a pena esperar, pois, após um longo tempo de expectativa e ansiedade, enfim tive coragem de me aproximar dela. De minha parte, nosso namoro até que já vinha rolando há algum tempo, mas só mesmo em troca de olhares. Mesmo sendo ela recém-chegada à cidade, de imediato começou a despertar o interesse de todos. Comigo, não poderia ser diferente, e, a cada dia que passava, mais ansioso eu ficava para conhecê-la.

Aproximar-me dela havia se tornado quase uma obsessão, e eu não via a hora em que eu pudesse enfim apertá-la, apertá-la e apertá-la!

De certa forma, eu até sentia uma espécie de inveja de alguns que eu sabia terem ficado bem íntimos dela. Pelo fato de ter se tornado tão popular, e misteriosa, sempre acontecia, e era natural que, em determinados horários de seu trabalho, uma imensa fila se formasse, apenas para poder cortejá-la.

De minha parte, mesmo começando a sentir um pequeno ciúme, o máximo que conseguia era trocar alguns lampejos de olhares distantes, pois, sem coragem de me aproximar, eu apenas olhava, olhava, e simplesmente, ia embora. Na verdade, meu medo maior era o de que não nos entendêssemos na primeira vez.

Logo ao chegar a São João, todos queriam ser os primeiros a se aproximar dela, mas nem todos tinham coragem.  E o medo de não serem bem aceitos?! Afinal de contas, naquele seu local de trabalho e, principalmente, em seu cantinho de atendimento, circulavam muitas pessoas (coisas de interior). Ali do seu espaço de atendimento, ela ficava a despertar uma tremenda atenção.

O que eu posso dizer, pois ouvi falar, é que as primeiras pessoas que se aventuraram a tocá-la eram sempre observadas por uma multidão, pois, no intimo, todos queriam fazer o mesmo.

O pior é que, enquanto eu ficava olhando pra ela, louco para chegar, nem mesmo isto ela podia fazer. Foi mesmo amor à primeira vista, e eu sabia que, mais tarde ou menos tarde, acharia coragem de chegar até ela. Até mesmo algumas dicas me foram passadas por alguns amigos, mas, quando chegava a hora H, eu simplesmente ficava gelado e passava reto.

E foi assim por várias semanas, ou seja, olhando, olhando, olhando e vendo mais um dia ir embora sem nada fazer. O fato de ser ela bem mais jovem que eu fazia-me, de certa forma, recuar um pouco. Sabem como é: linguagem moderna, rapidez de raciocínio, frieza nos pensamentos. E, logo eu, de uma geração de costumes opostos...  Parecia mesmo, que não tinha nada haver comigo.

Mas... Eu nunca desistia, pois minha hora, com certeza, iria chegar. Seu jeito discreto, cada vez mais me fascinava. Também não me importava saber que, para com alguns incapazes, ela tinha fama de ser fria. Isso se dava em razão dela ser extremamente eficiente e capaz em seu desempenho, e, principalmente, pelo fato de resolver sozinha todos os nossos desejos.
  
E foi assim que... num belo dia, acordei inspiradíssimo, e pude sentir que era chegado o tão esperado momento: preparei-me como nunca, e até um pequeno rascunho levei escondido no bolso. Tudo seria válido para que não me enrolasse um só momento diante dela. Desta forma, após tomar um banho relaxante, lá fui eu tenso, mas inteiramente decidido.

Teria mesmo que ser agora, pois confesso que há muito eu precisava mesmo me “desafogar”. Aquela sensação de “atraso” estava até me fazendo mal. Sabem como é: é hoje ou nunca! É hoje ou nunca! - falava pra mim mesmo, enquanto caminhava, em passos rápidos, pela calçada.

Era nosso primeiro encontro, e nada poderia sair errado...

Crônica: Serjão Missiaggia (março/2001)
Foto: disponível em http://aminhaprimeiravez.com.br/

Um comentário:

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL