Confesso
publicamente que não fui tão mal assim!
Valeu
a pena esperar, pois, após um longo tempo de expectativa e ansiedade, enfim
tive coragem de me aproximar dela. De minha parte, nosso namoro até que já
vinha rolando há algum tempo, mas só mesmo em troca de olhares. Mesmo sendo ela
recém-chegada à cidade, de imediato começou a despertar o interesse de todos. Comigo,
não poderia ser diferente, e, a cada dia que passava, mais ansioso eu ficava para
conhecê-la.
Aproximar-me
dela havia se tornado quase uma obsessão, e eu não via a hora em que eu pudesse
enfim apertá-la, apertá-la e apertá-la!
De
certa forma, eu até sentia uma espécie de inveja de alguns que eu sabia terem ficado
bem íntimos dela. Pelo fato de ter se tornado tão popular, e misteriosa, sempre
acontecia, e era natural que, em determinados horários de seu trabalho, uma
imensa fila se formasse, apenas para poder cortejá-la.
De
minha parte, mesmo começando a sentir um pequeno ciúme, o máximo que conseguia
era trocar alguns lampejos de olhares distantes, pois, sem coragem de me
aproximar, eu apenas olhava, olhava, e simplesmente, ia embora. Na verdade, meu
medo maior era o de que não nos entendêssemos na primeira vez.
Logo
ao chegar a São João, todos queriam ser os primeiros a se aproximar dela, mas nem
todos tinham coragem. E o medo de não
serem bem aceitos?! Afinal de contas, naquele seu local de trabalho e,
principalmente, em seu cantinho de atendimento, circulavam muitas pessoas (coisas
de interior). Ali do seu espaço de atendimento, ela ficava a despertar uma
tremenda atenção.
O
que eu posso dizer, pois ouvi falar, é que as primeiras pessoas que se
aventuraram a tocá-la eram sempre observadas por uma multidão, pois, no intimo,
todos queriam fazer o mesmo.
O
pior é que, enquanto eu ficava olhando pra ela, louco para chegar, nem mesmo isto
ela podia fazer. Foi mesmo amor à primeira vista, e eu sabia que, mais tarde ou
menos tarde, acharia coragem de chegar até ela. Até mesmo algumas dicas me
foram passadas por alguns amigos, mas, quando chegava a hora H, eu simplesmente
ficava gelado e passava reto.
E
foi assim por várias semanas, ou seja, olhando, olhando, olhando e vendo mais
um dia ir embora sem nada fazer. O fato de ser ela bem mais jovem que eu
fazia-me, de certa forma, recuar um pouco. Sabem como é: linguagem moderna,
rapidez de raciocínio, frieza nos pensamentos. E, logo eu, de uma geração de
costumes opostos... Parecia mesmo, que
não tinha nada haver comigo.
Mas...
Eu nunca desistia, pois minha hora, com certeza, iria chegar. Seu jeito
discreto, cada vez mais me fascinava. Também não me importava saber que, para com
alguns incapazes, ela tinha fama de ser fria. Isso se dava em razão dela ser
extremamente eficiente e capaz em seu desempenho, e, principalmente, pelo fato de
resolver sozinha todos os nossos desejos.
E
foi assim que... num belo dia, acordei inspiradíssimo, e pude sentir que era
chegado o tão esperado momento: preparei-me como nunca, e até um pequeno
rascunho levei escondido no bolso. Tudo seria válido para que não me enrolasse
um só momento diante dela. Desta forma, após tomar um banho relaxante, lá fui
eu tenso, mas inteiramente decidido.
Teria
mesmo que ser agora, pois confesso que há muito eu precisava mesmo me
“desafogar”. Aquela sensação de “atraso” estava até me fazendo mal. Sabem como
é: é hoje ou nunca! É hoje ou nunca! - falava pra mim mesmo, enquanto caminhava,
em passos rápidos, pela calçada.
Era
nosso primeiro encontro, e nada poderia sair errado...
Crônica: Serjão Missiaggia (março/2001)
Foto: disponível em http://aminhaprimeiravez.com.br/
Vamos aguardar o resultado do 1º encontro, ok?
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