quarta-feira, 9 de julho de 2014

E AGORA, BRASIL?


E agora, Brasil?
A Copa acabou,
o time apagou,
o povo sumiu,
o clima esfriou,
e agora, Brasil?
e agora, país?
você que é gigante,
que esnoba o seu povo,
você que é perverso,
que manda e decreta?
e agora, Brasil?

Provou do perder,
perdeu o discurso,
perdeu o caminho,
não adianta beber,
não adianta rezar,
mentir já não pode,
o clima esfriou,
nosso gol não veio,
o hexa não veio,
o riso não veio,
não veio a alegria
e tudo acabou
e tudo sumiu
o time apagou,
e agora, Brasil?

E agora, Brasil?
Eram apenas palavras,
seu instante de febre,
sua garra e força,
seu nacionalismo,
seleção de ouro,
chuteira de vidro,
sua incompetência,
seu tédio – e agora?

Com a taça na mão
quer subir ao pódio,
não existe pódio;
quer vencer no Rio,
mas o rio secou;
quer brilhar em Minas,
em Minas, jamais.
Brasil, e agora?

Se você pensasse,
se você crescesse,
se você votasse
o voto consciente,
se você exigisse,
se você batalhasse,
se você quisesse…
Mas você só erra,
você é burro, Brasil!

Sem fé no futuro
sem luz, insensato,
só com fantasia,
sem hino babaca
para se apoiar,
sem fato concreto
que lhe dê ibope,
você ainda se acha, Brasil!
Brasil, o quê?

Poesia: Jorge Marin (adaptação de "José" de Carlos Drummond de Andrade).
Foto: Folha de São Paulo 08/07/2014.

2 comentários:

BRIGADU, GENTE!

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