Foi graças a essa nova seção no Blog sobre os CASARÕES que pude lembrar este
pequeno texto abaixo, que escrevi no apagar das luzes do século passado, logo após bater
a foto que vocês estão vendo aí em cima.
Quem de nós, ao passar pelo largo da matriz, ainda que por uma única
vez, não deixou
que seu olhar fosse ao encontro do velho CASARÃO que lá existe?
De minha parte, dou sempre um tempo a mais aos meus passos e, procurando
o
melhor ângulo, fico a contemplá-lo. Algo
assim como se fosse fotografá-lo pela última vez,
mesmo que ainda tão
maltratado ou parecendo a nos pedir socorro.
Mas, voltando, a cem anos ou mais,
e viajando com a imaginação pelo tempo, procuro
sentir toda sua plenitude.
Imagino sua fachada ainda cheirando a nova e os ruídos de
passos constantes em
seu piso de madeira nobre. Das luzes ofegantes dos antigos
lampiões que,
espalhados em sua magnitude, nem tanto clareavam.
Imagino tantas vidas que ali passaram, nasceram e se foram. Tantos que
ali sorriram,
choraram. Tantas vozes que diferentes épocas marcaram.
Um passado vivo a nossa frente, ainda real, palpável às nossas mãos e ao
alcance de
nossos olhos. Triste é vê-lo escapar pedacinho a pedacinho, em infinitos grãos
de
areia que vão se desprendendo de suas paredes nos açoites da mãe natureza,
com
suas inesperadas ventanias e tempestades.
Possivelmente, surgirá ali, uma nova e majestosa construção,
“valorizando e realçando”
ainda mais o momento presente. A nós restará apenas, simplesmente, um apagar
da
memória, pois, ficaremos órfãos de mais um elo com a nossa história. História
esta, muitas
vezes, assim como o Velho Casarão... depredada, esquecida e
distante.
- Papai, papai!!! Como era o VELHO CASARÃO? – ainda ouviremos muito esta
pergunta
vinda dos nossos filhos e netos.
Foto e crônica: Serjão Missiaggia (JANEIRO/1997).
Somente hoje, em pleno século XXI, fui perceber de fato que, naquele momento, eu estava,
realmente, fotografando o CASARÃO pela última vez!
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