sexta-feira, 25 de julho de 2014

COMO EU COSTUMAVA DEFINIR O AMOR EM 1972


O amor é um grilo uma bateia um desconforto
Que dói porque na carne que não amansa que não tem sossego
Que não pertence ao céu porque é quente nem ao inferno porque disseram que não
O amor é uma ilusão real, uma paz conflituosa, uma música em descompasso

Milhares de galáxias tentam, há milhões e milhões de anos,
Repetir o rito amoroso a luz de tantas estrelas e supernovas e querubins
Não têm sido suficiente

A raça humana brinca de insuflar vidas
No leito de algum rio no sopro do vento nos corredores sinistros dos apartamentos
Na rua na lida na tormenta confusa e ininterrupta dos formigueiros

O amor não tem solução prendem sensações em tubos de ensaio
Cai a chuva e o verde desprende das folhas como sangue de mariposas
A lógica dos divãs as tábuas da lei ou quinto anel de Tutancâmon
Nada disso dá conta de catalogar o amor

O amor surge impregna contamina espalha-se
Luz que não vem de estrela
Batida que não vem do coração
Ilusão captura
Absoluta desnecessidade ponto
final.


Poesia: Jorge Marin
Foto: Priscila Bonatto, disponível em https://www.flickr.com/photos/priscilabonatto/

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