O
amor é um grilo uma bateia um desconforto
Que
dói porque na carne que não amansa que não tem sossego
Que
não pertence ao céu porque é quente nem ao inferno porque disseram que não
O
amor é uma ilusão real, uma paz conflituosa, uma música em descompasso
Milhares
de galáxias tentam, há milhões e milhões de anos,
Repetir
o rito amoroso a luz de tantas estrelas e supernovas e querubins
Não
têm sido suficiente
A
raça humana brinca de insuflar vidas
No
leito de algum rio no sopro do vento nos corredores sinistros dos apartamentos
Na
rua na lida na tormenta confusa e ininterrupta dos formigueiros
O
amor não tem solução prendem sensações em tubos de ensaio
Cai
a chuva e o verde desprende das folhas como sangue de mariposas
A
lógica dos divãs as tábuas da lei ou quinto anel de Tutancâmon
Nada
disso dá conta de catalogar o amor
O
amor surge impregna contamina espalha-se
Luz
que não vem de estrela
Batida
que não vem do coração
Ilusão
captura
Absoluta
desnecessidade ponto
final.
Poesia:
Jorge Marin
Foto: Priscila Bonatto, disponível em https://www.flickr.com/photos/priscilabonatto/
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