sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O SAGRADO E O PROFANO... E A VIDA REAL


Tá legal: Deus morreu! – disse o Nietzsche.  Mas, e aí?

No momento em que alguém diz que o Cara, o Todo-poderoso, o Criador do Universo já era e (o que torna o fato relevante) a partir do momento em que muita gente acredita nessa morte, podemos entender que NADA, mas nada mesmo, é sagrado a partir daí...

Lembro-me do meu pai, pessoa extremamente simples, que, provocado por um pretenso teólogo que insistia em tentar convencê-lo de que o Inferno era aqui mesmo na Terra, despedia-se sempre do interlocutor, dizendo:
- Dê um abraço na Dona Capeta, sua esposa, e nos capetinhas do seus filhos!

Pegando uma carona metafísica na lógica do sr. Irenio, podemos perceber que um mundo sem a dimensão do sagrado é absolutamente LEVE, tão leve que se instaura no mundo uma falta TOTAL de gravidade.

Dessa forma, usando a raiz da palavra, é possível afirmar que nada mais é GRAVE.  A filha engravida?  Tudo bem: gravidez não é grave; o vovô e a vovó vão cuidar do netinho.  O filho está usando drogas? Tudo bem: vamos invocar o Artigo 28 (da lei 11.343) e tá limpo!

E assim, entre tapinhas e beijinhos, os atos das pessoas vão deixando de ter CONSEQUÊNCIAS.  É muito comum, nas escolas, as mães se revoltarem nas reuniões de pais e mestres afirmando que “este colégio é muito rígido, pois meu filho (vejam só!), para tirar boas notas, tem que se matar de estudar!”.  Ou seja, as mães reclamam que a escola está obrigando os filhos a estudarem.  Mas elas queriam o quê?  Que se adaptasse um videogame em cada carteira e fosse distribuído, a cada um, um McLanche Feliz com uma Coca de 500 ml?

Se você quer cometer algum tipo de crime, o que, antigamente era PECADO e ILEGAL, basta, atualmente, contratar um menor de 18 anos que fará o serviço e sairá livre, não apenas SEM CULPA como também SEM PENA.

Então, minha gente, se vocês têm saudades do Velho Deus, chamem os seus filhos e netos, vão para a Internet e abram o site da organização Médicos sem Fronteiras.  O sagrado vai estar lá!  No olhar perdido de centenas de milhares de crianças severamente desnutridas pelo mundo afora.

Vão com os seus entes queridos para a fila do SUS de suas cidades e surpreendam-se com o sagrado desamparo dos velhos desesperados e sem perspectiva de vida digna.

Quem sabe um choque de realidade não reative a nossa FÉ ou mesmo a certeza, como dizia o Cazuza, de que “não me convidaram pra esta festa pobre que os homens armaram...”

Crônica: Jorge Marin

2 comentários:

  1. Desde quando crianças, amigo Jorge, víamos na imprensa fotos de crianças absurdamente desnutridas em países de pobreza extrema. E parece que, humanos, nada se fez para mudar isso. E Sr Irênio estava certo. E lembrando outra música: "troque seu cachorro por uma criança pobre". Ou acredite que "nada (...)é sagrado a partir daí..." como bem diz seu ótimo texto. Parabéns. César Brandão

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    1. Amigo, às vezes me assusta um pouco essa dessacralização de tudo, e, quando vejo essas crianças e esses velhos à mercê de uma sociedade que só deseja o próprio desejo, procuro, e consigo distinguir ele - o SAGRADO - que nada mais é do que a VIDA, ali desperdiçada naquele desespero.

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