São
mesmo tempos loucos estes em que vivemos, dizem. A corrida desenfreada, o corpo a corpo,
violências, enchentes e perversões diversas compõem um quadro caótico no qual,
vez ou outra, arrependemo-nos de trazer filhos pra cá. O que vai ser dessa geração? – é a pergunta
que ouço a cada ano que passa.
No
entanto, mesmo na noite mais negra, ou no poço mais fundo, ou na dor mais
atroz, uma certeza podemos ter: NÃO ESTAMOS SÓS! E digo isto com uma certeza que não me vem
dos livros nem de mestres ou de modismos.
No silêncio supremo, quando não ouvimos nem mesmo os nossos pensamentos,
brota a segurança... de um pai e de uma mãe!
Há sempre
um pai nas leis que não se pode transgredir, nas forças fundamentais, no brilho
implacável do sol e também no que não se deve, no que não presta e no que fere
fundo o outro.
Da
mesma forma, caminha pelo chão, entre as flores, uma mãe que acalma, acalenta e
alivia. É uma luz refletida, uma força que repousa, um
grito que silencia. Nos braços da mãe
que nos protege, adormecemos e, sob a lua, sonhamos.
Moléculas
das gotículas da água de um oceano imensurável, elevamo-nos por alguns segundos
sobre as ondas e, conscientes, imaginamos ter controle sobre as águas e, quando
nos esborrachamos na areia, julgamo-nos vítimas isoladas de uma deidade
impiedosa.
Despertos
da ilusão de grandeza, ainda que muitas vezes depois do tombo, possamos todos
refletir sobre o que causa a felicidade e o que causa verdadeiramente a dor, e
tenhamos a lucidez para ESCOLHER a felicidade e nos livrar das armadilhas do
sofrimento que passa, muitas vezes, pelo egoísmo.
E
assim, assistidos pelo nosso pai e pela nossa mãe, reais, ideais ou primordiais,
creio ser possível aprender a não escolher o caminho do sofrimento, que é o
primeiro passo – de muitos – na busca da felicidade. Como se vê, esta só pode ser atingida na
senda da simplicidade, no âmago familiar e na companhia daquelas outras moléculas
daquelas gotículas que, a exemplo de nós, “se acham”...
Crônica:
Jorge Marin
Foto:
Gary Thesilver-fox, disponível em http://www.deviantart.com/art/True-Happness-is-Shared-107650885
Amigo Jorge Marin,
ResponderExcluirSeu texto é muito bom. Mas, não se esqueça, neste imensurável universo (micro ou macro), com infinitilhões de átomos e galáxias, "a verdade está lá fora".
Ou dentro de nosso coração (sem contar que nosso cérebro é a mesma coisa cósmica que o universo; repleto de estrelas, planetas, energia...).
Moléculas de gotículas dos oceanos.
Meu afetuoso abraço,
César Brandão
www.cesarbrandao.com
Obrigado, meu amigo, sei que a felicidade é o silêncio de não revelá-la.
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