Na semana
passada, eu falava aqui sobre o sagrado que existe nos olhos de uma criança e,
durante essa semana, notícias vindas da Síria relatam barbaridades cometidas
contra meninos e meninas naquele conturbado país. São bombas de napalm (aquele demoníaco material
incendiário utilizado na Guerra do Vietnã), porém, sinal dos tempos, atiradas
sobre uma escola em Aleppo, no norte do país.
Não é
preciso nem dizer do horror causado, da dor e do desamparo... E tudo por quê? Como sempre, a cobiça, o ódio e a luta pela
manutenção do poder.
Quando
pensamos que evoluímos, que as nações estão mais próximas de uma fraternidade
universal, um ato desses, que aliás não foi o primeiro cometido durante o
conflito, atinge o nosso olho, feito um soco covarde no meio da noite.
Já nos
anos setenta, o poetinha Vinícius nos conclamava a pensar nas crianças mudas
telepáticas. E a imagem daquela garota
vietnamita nua após um bombardeio americano à sua vila foi um ícone que
assombrou os pesadelos de muita gente durante anos.
A coisa
não é muito diferente no Brasil: em junho passado, um grupo de bandidos,
irritados com o choro de um menino boliviano de cinco anos, executaram-no a sangue
frio em frente à mãe que, ajoelhada, pedia clemência aos criminosos, dois dos
quais foram envenenados em suas celas hoje.
Mas o
que fazer?...
Mais do
que nunca, praticar a paz. Não aquela
paz altruísta da qual se fala mais do que se vivencia. Praticar a paz é estar atento e não estar
pronto a agredir o outro ao menor sinal de contrariedade. Praticar a paz é ser tolerante sem ser
subserviente, é ser manso sem ser fraco, é fazer reverência sem se humilhar.
A disposição
com que essas pessoas egoístas agridem nossas sagradas crianças deve ser a
mesma com que nós as ensinamos: a respeitar os outros, a reverenciar os mestres
e a amar o planeta.
Mundo
sem esperança é mundo sem vida!
Crônica:
Jorge Marin
Meu querido amigo Jorge,
ResponderExcluirEstas questões em seu texto são tão graves que, profundamente emocionado, não dá para fazer comentário. Talvez apenas espécie de reflexão. Ao invés de nos "humanizarmos" no sentido pleno de irmandade, nos tornamos praticantes incuráveis do inconcebível... da barbárie?...
Não sei o que pensar diante disso. Somente tristeza e lágrimas.
Brandão
www.cesarbrandao.com
Foi justamente o que eu senti, meu amigo: um aperto na garganta e uma falta de esperança, de ânimo...
ExcluirSeu excelente texto traduz isso, amigo Jorge. Foi escrito no "aperto da garganta" e que transbordou no coração: "humano, demasiado humano" (Nietzsche).
ResponderExcluirPior é que mais uma guerra se anuncia, e Estados Unidos estão prontos para entrarem na Síria (e mais crianças morrerão por isso).
Quando pensávamos que o século XXI seria diferente, a história dos horrores, da adversidade, do caos, da barbárie... se repete.
Silêncio em respeito às vítimas.
Brandão
www.cesarbrandão.com
... silêncio na esperança do respeito ao humano.
ResponderExcluirO temo animal racional já deixa claro que, antes de racionais, somos animais, portanto movidos por instintos e recompensas.
ResponderExcluirPara nos diferenciarmos um pouco do restante da fauna, precisamos ter uma constante atenção em lapidar nossas intenções e ações.
Paz é resultado de escolha (e esforço) individual, não uma imposição coletiva. Vamos, então, cultivar nossa paz, com consciência e tolerância, e torcer para que os outros façam o mesmo.
A Síria é um exemplo cru (e cruel) de como nosso vizinho pode se tornar nosso inimigo, e a destruição que isso causa...
"Mundo sem esperança é mundo sem vida" e eu digo ainda: mundo sem Deus é um mundo sem esperança e sem vida.
ResponderExcluirDesumanidade, falta de fraternidade, busca de poder, violência, barbárie... Quando nós homens vamos acordar e compreender ? Compreender e agir?
"Não é esta aí a Terra que eu quis..."
"Não é este aí o homem que eu fiz..."
O Projeto de Deus é bem outro.