Observando o ótimo trabalho de recuperação do calçamento que está sendo realizado pela Prefeitura Municipal em algumas ruas centrais da cidade, gostaria de chamar a atenção para o nosso CENTENÁRIO E ARTESANAL CALÇAMENTO EM PEDRAS. Por sinal, venho acompanhando ultimamente noticiários pelo mundo, dando conta da preocupação e do valor que varias cidades, entre elas algumas europeias, para com seus CALÇAMENTOS EM PEDRAS. E isso vem acontecendo, não somente na PRESERVAÇÃO, como também, na RECUPERAÇÃO de outros mais. Lamentavelmente devido ao “progresso”, verdadeiras preciosidades, estão sendo ocultadas debaixo de outras modalidades de pavimentação.
Seria
fantástico se também preservássemos esse nosso PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL,
pois, afinal de contas, ao longo de décadas, foram pedras fixadas ao chão uma a
uma por verdadeiros artistas, não sem antes de tê-las recebidas, cuidadosamente
talhadas, por outros não menos artesãos. Na oportunidade, chamo a atenção para
os detalhes desse tão despercebido MOSAICO em forma de bandeira no calçamento
frente à prefeitura e de outras esquinas da cidade. Se restaurados, ficariam
IMPONENTES e ainda mais BELOS!
Acreditamos
que com este tipo pavimentação, a manutenção de nossa rede pluvial e de esgotos
ficariam bem mais fácil e possivelmente a custos menores, haja vista que,
constantemente, inúmeros buracos são feitos em nossas ruas para se realizar tais
trabalhos. Por outro lado também, nosso solo continuaria respirando um pouco
melhor e a impermeabilização não seria tão violenta, principalmente quanto ao
escoamento das águas e à oxigenação das poucas árvores que ainda temos. As inundações urbanas estão aí e não nos
deixam mentir.
Outra
grande vantagem dos pavimentos de bloquetes ou pedras é que, depois de algum
tempo, aparecem fungos e gramíneas inseridas entre as juntas, ou seja, nas
partes que normalmente são preenchidas com areia. Estas colônias de vegetais
que aí proliferam podem ser imperceptíveis para muitos, mas, ao contrario do
que parecem, desempenham funções importantes para o meio ambiente.
Nossos
CALÇAMENTOS EM PEDRAS resistem aos séculos! São testemunhos de uma prática
eficiente de se urbanizar as cidades e garantir o bem estar dos moradores.
Todos os calçamentos dos tipos paralelepípedos, pé de moleque, bloquetes são
considerados pavimentos ECOLOGICAMENTE CORRETOS. O calor se comparado, por
exemplo, a uma cobertura asfáltica, será SEMPRE substancialmente menor e sua
manutenção, com certeza, bem menos onerosa.
Quem
sabe, em vez de pensarmos pra futuro em uma mini-usina de asfalto, não se
construísse uma indústria de bloquetes? Além de gerar diversos empregos, NÃO
POLUIRIA o ambiente. Seria interessante voltarmos a investir na capacitação de
profissionais em calçamentos, os famosos calceteiros, pois além de gerar empregos,
essa tecnologia artesanal tão importante, não morreria e poderia ser passada de
geração em geração.
Como
todos sabemos, nossa cidade, mais cedo ou tarde, terá que passar por um
processo de reformulação radical em sua rede de esgoto e águas pluviais, que
consequentemente irá abrir valas em todas as suas ruas. Por que não
aproveitarmos este momento para, em seguida, recuperarmos nosso tão sofrido e
afundado calçamento? Quem sabe, num
audacioso trabalho de restauração, poderíamos - a médio e longo prazo - ir elevando
e recalçando cada rua da cidade? Principalmente
aquelas mais centrais, por sinal as mais antigas. Reconheço que, para isso, muita areia seria
necessária, mas quem sabe, algumas parcerias não viabilizariam esta ideia?
Que
venha o progresso, mas não aquele que nos leva os CORETOS, NOSSAS PRAÇAS,
SACRIFIQUE NOSSAS ARVORES, QUE NOS ARRANCA A TRANQUILIDADE TÍPICA DO INTERIOR E
QUE NÃO SOTERRE, PARA A ETERNIDADE, NOSSO CENTENÁRIO E ARTESANAL CALÇAMENTO!
Para
finalizar, vocês poderiam me perguntar então: e como ficariam os BURACOS e
aquela nossa PINTA DE CIDADE GRANDE? Diria que um bom trabalho de restauração voltada
para nossos calçamentos resolveria o problema e que, na realidade, muitas
dessas pessoas, principalmente aquelas moradoras dos grandes centros urbanos,
estão hoje correndo freneticamente atrás daquilo que os levaria o mais próximo
possível ao convívio NATURAL.
Muitas
outras cidades JÁ descobriram isso e não podemos continuar alheios a esta
possibilidade. Temos também, um rico potencial turístico urbano em nossas mãos
(E PÉS também) bastando apenas REDESCOBRI-LO E PRESERVA-LO.
Crônica
e foto: Serjão Missiaggia
Entre as postagens publicadas aqui no BLOG, essa sobre o calçamento foi uma das coisas mais emocionantes que eu postei. No dia a dia, sei que nem dá tempo de se dar valor, mas nós que deixamos São João há muito tempo sentimos um arrepio ao contemplar esses calçamentos.
ResponderExcluirEssas pedras artesanalmente organizadas são a identidade da nossa terra, ligação afetiva com o passado e beleza a ser exibida com orgulho!
Este tipo de calçamento com pedra, composto pelos famosos paralelepípedos, tem um grande diferencial que é a durabilidade. Por isso, é bastante interessante economicamente. Só pra terem uma ideia, aqui no Brasil, existem ruas calçadas com esse material nas cidades históricas mineiras que tem centenas de anos de idade.
ResponderExcluirEsplêndido gente! Os mosaicos são maravilhosos e, devem certamente serem preservados. É patrimônio histórico de que pode estar fadado ao desaparecimento juntamente com os tanques fluxiveis que lavavam o esgoto do centro e, que da primeira vez que a Câmara Municipal se movimentou para aprovação de um projeto do executivo, que quase todos os vereadores não sabiam nem o que era, quando então quiz explicar e não me deixaram pela "santa incompetência e ignorância", mas denunciei ao representante do Ministério Publico que já estava contra pelas entrelinhas que o projeto apresentava, favorecendo de forma vergonhosa "alguém". Vamos alertar agora a nova Câmara, ao executivo e se for em vão vamos em frente. É preciso que a cultura seja defendida e, que se acabem de vez por todas com a banalização do que é bom em nossa cidade. Além disso é bom lembrar que as tampas de ferro fundido já estão indo para o espaço, também fruto da "IGNORANÇA". Jorge e Serjão estou com vocês!! Que tal começarmos a mostrar para o povo com fotos, como estão fazendo com a nossa arquitetura?
ResponderExcluirÓTIMO TEXTO. CONCORDO TOTALMENTE.
ResponderExcluir> POR MIM, DETONARIA O CALÇADÃO E VOLTARIA COM NOSSAS SECULARES PEDRAS.
> Darcio
Meu querido amigo Jorge Marin,
ResponderExcluirConcordo com o que vc escreveu sobre o calçamento.
No início dos anos de 1970, Santos Dumont, minha cidade natal, tinha calçamento assim na avenida principal, e com jardim lindo, árvores antigas... tudo em perfeita integração e harmonia.
Mas a cidade ganhou de presente uma micro BR para se chegar ao Museu Casa de Cabangu, onde nasceu Alberto Santos Dumont.
Então surgiu o asfalto em cima do calçamento, que era bonito, e retiram as árvores, para que as raízes longas e profundas, não atrapalhasse o asfaltamento.
Uma pena. E deixa na gente, que era adolescente na época, grande saudade.
Meu abraço afetuoso,
César Brandão
www.cesarbrandão.com
Uma grande vantagem do calçamento em pedras sobre os demais é que seu comportamento é totalmente diferente uma vez que este tipo de pavimento por características geológicas absorve menos calor. Este comportamento se deve, além das características da rocha, a espessura do calçamento em contato com a base (solo) facilitando assim a dispersão do calor absorvido. Desta forma não continuará irradiando o calor por muito tempo depois do período de insolação, deixando a temperatura mais amena e tornando o clima mais agradável.
ResponderExcluirPessoal, ficamos sensibilizados com as manifestações recebidas. Conversávamos, de uma forma meio acanhada sobre o assunto, e pensávamos que poderia ser um sentimento assim meio vetusto de dois coroas saudosistas. Mas percebemos que, além de uma tendência moderna, a conservação dos calçamentos em pedras é o resgate de uma dívida da comunidade com a sua própria história. Quanto à ideia do José Carlos, aguardem na próxima segunda-feira a coluna CASOS CASAS & detalhes. A todos, muito obrigado!
ResponderExcluirTrabalho excelente o de vocês. Já era tempo de alguém começar a sensibilizar e despertar alguns sanjoanenses que ainda não acordaram para as preciosidades que têm e que devem ser preservadas.
ResponderExcluirO texto é muito claro, rico e esclarecedor. Fiquei até emocionada ; emocionada e esperançosa, pois acredito que o grito de vocês não será em vão.
Parabéns!
Parabéns! Ainda bem que existem sanjoanenses como vocês que estão atentos à conservação e resgate de aspectos importantes para preservar a memoria cultural de nossa Garbosa. Que esse grito de alerta ajude a despertar em outras pessoas essa consciência de cidadania. Na maioria das vezes acostumamo-nos a acostumar com coisas que nos são impostas pelo "bem do progresso" que, ao longo do tempo vamos perdendo nossa identidade e deixando que o esquecimento tome posse e se estabeleça o descaso.
ResponderExcluirObrigado!
Meu abraço,
Hélcio Velasco
Mika e Helcio, obrigado pelos comentários. Vimos publicando aqui no Blog, há quatro anos e meio, coisas boas do passado. Mas estas postagens não são apenas sintomas de um saudosismo estéril. Temos uma política, e a nossa política é a transmissão de valores culturais, cívicos e éticos. Não gostar da nossa terrinha e não defendê-la das ameaças de um possível progressismo inconsequente, é o mesmo que desonrar pai e mãe, é trair nossa alma de criança.
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