sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

MEMÓRIAS DA SANTA FÉ: 1 - Uma Rural Willys azul e branca


Dias atrás, ao ver passar em frente minha casa uma carroça transportando alguns sacos de ração, e tendo em sua frente um pequeno cãozinho abrindo caminho, uma feliz lembrança me veio à mente: a inesquecível Fazenda Santa Fé!  Um lugar que, carinhosamente, era por nós conhecido como a ROÇA DO TIO GABY.
Pra ser sincero, faz quase vinte cinco anos que não dou uma chegada por lá, mas as lembranças são muitas, fantásticas e únicas.
Já na infância, a presença do Senhor Waldemar era marcante: um rústico e simpático senhor, que sempre de pés descalços, vinha à cidade todas as manhãs com sua carroça, trazer aquele leite fresquinho recém-ordenhado. Confesso que as rachaduras em seus pés me impressionavam muito, mas era assim que gostava de andar e assim que ficava. Vez ou outra, pegávamos uma carona com ele até a Roça. Na época, eram viagens longas e empoeiradas, onde o silêncio da estrada e o trotar do cavalo eram as únicas companhias.  Naquele balançar cadenciado e sonolento da carroça, víamos o tempo passar tão lentamente como se nem mesmo existisse. Dessa forma, após atravessarmos sob a imensa figueira que existia próximo ao Posto Garoupa, seguíamos felizes da vida rumo àquilo que seria pra nós o fim do mundo.
Muito comum era irmos também à roça com o Tio em sua possante RURAL WILLYS azul e branca. Torcíamos muito para que pudesse cair uma forte chuva para que, assim, pudéssemos curtir o Tio engatar a famosa TRAÇÃO NAS QUATRO RODAS e colocar uma Reduzida. Dessa forma, a danadinha da Rural só faltava subir em poste.
Muitas vezes escondidos de nossos pais, adorávamos ir pra roça a pé, usando o campo de aviação como atalho. Interessante lembrar que andávamos sempre descalços, sem camisa e era uma agradável rotina se deixar molhar pela chuva, espetar os pés em espinhos, pisar em bosta de boi e se arranhar ao tentar atravessar apressadamente cerca de arame farpado. Isso sempre acontecia quando estávamos fugindo de algum boi bravo ou vaca de bezerro novo.  Dessa maneira perigosa, e após passar por uma das ruas do Bairro Popular (onde, na época, nem casas existiam!), pegávamos uma trilha e alcançávamos o Campo.  Depois, era somente chegar ao final da pista, descer o pasto e chegar bem ao centro da fazenda.
NA SEMANA QUE VEM: Ecologia: que trem é esse?

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: disponível em http://ruralwillys.tripod.com/propagandarural/anunciorural59.jpg

3 comentários:

  1. Boas lembranças ,Serjão, muito boaS...
    Aquela fazenda fez parte da minha infância. Ela exercia um fascínio enorme sobre mim. Você ainda não era nascido, morávamos também numa fazenda perto de Rio Novo e quando íamos a São João Santa Fé era parada obrigatória. Ali eu revia os tios e primos.Era comum, dormir por lá, o que eu achava uma delícia. Animais, flores, frutas,árvores, tudo era minuciosamente explorado por mim . A entrada da fazenda era linda: árvores com cachos de flores rosadas pendiam das árvores e elas ficavam repletas de abelhas na ânsia de desfrutar do néctar saboroso.O jardim era fascinante. Tudo lá era lindo e perfeito. Foi lá que pela primeira vez conheci um jardim de inverno e a banheira. Toar banho na fazenda da tia Dea e tio Gaby era o máximo.Tempo mágico aquele.
    A fazenda tem um significado muito grande na minha vida também, pelos anos que pai ficou lá ajudando o tio Gaby. Fui muitas vezes com ele e lá ficávamos o dia todo. Meus móveis de casamento também foram pintados lá. Meu pai foi um paizão e muito me ajudou nesta empreitada.
    Saudade de tudo.
    Logo que nos mudamos para São João, tia Déa também mudo-se para a cidade. Acho que a saudade batia em mim e no Biel ( regulávamos em idade), então íamos quase todos os domingos brincar lá na fazenda. Mãe e tia Déa preparavam nosso lanche. Estes domingos foram maravilhosos.

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  2. Serjão, o texto acima saiu sem as correções devidas e sem meu nome. Desculpe-me.
    Mika

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