quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

DO MAL ATENDIMENTO E DO MAU ATENDENTE - 5


NO CAPÍTULO ANTERIOR de “Mal Atendimento...”, prometi que, caso conseguisse marcar uma consulta, falaria dos médicos.  Adivinhem se é possível marcar uma consulta na semana do Natal e Ano Novo!
Dessa forma, vamos tentar entender o funcionamento do atendimento médico.  Médico, como vocês sabem, é uma profissão na qual a pessoa se gradua e, automaticamente, sem tese nem nada, já recebe o título de DOUTOR. Ou seja, quando vamos a um consultório médico, já ficamos em segundo plano, pois, o fato de sermos atendidos por um Doutor, já é uma glória.
Outra imposição cultural, que também glorifica a profissão médica, é a tal da especialização.  Antigamente, quando tínhamos uma dor de barriga, por exemplo, e não conseguíamos curá-la com nenhum chá caseiro, recorríamos a um médico.  Qual médico?  Nossas opções resumiam-se ao Dr. Nagib, ou ao Dr. Írio, ou Dr. Geraldo (já que o Dr. Veroaldo atendia mais crianças).
Hoje, quando temos uma dor de barriga, temos de decidir se vamos a um enterologista, ou a um gastro, ou a um cardiologista, ou a um urologista, ou a um pneumologista e outros.  Então, já na sala de espera, ficamos angustiados: meu Deus, e se eu escolhi a especialidade errada?
Sofri um problema aqui em Juiz de Fora que, pela experiência, julguei tratar-se de sinosite e fui procurar um otorrinolaringologista.  “Qual é o seu plano?” – é a primeira pergunta que a atendente faz.  De acordo com o plano, o atendimento pode ser marcado para dali a dois meses.  Se for SUS, ela já desliga na sua cara.  Depois de ligar para quase todos da minha lista do convênio, consegui marcar uma consulta para aquela mesma tarde.
Já meio ressabiado, porque marcar para o mesmo dia é um feito, fui orientado pela secretária a ir mais cedo ao consultório para pegar uma requisição de radiografia pois o Doutor só atendia com uma radiografia na mão.  Perguntou:  
- O que o senhor tem?
- Não sei – respondi – esperava descobrir isso aqui.
- Mas, senhor, o Doutor só atende com a radiografia na mão! E, como ele JÁ DEIXA AS REQUISIÇÕES ASSINADAS EM BRANCO, eu preciso saber se o senhor vai querer Raio-X do pulmão ou dos seios da face.
- O que você acha? – perguntei.
Após explicar que estava com febre, mas não estava tossindo, ela decidiu preencher o pedido de Raio-X dos seios da face, mas orientou que fosse feito na Clínica de Imagem dois andares abaixo pois, segundo ela, é aquela na qual o Doutor mais confia.  Posteriormente, conversando com o dono da churrascaria vizinha, descobri que a tal clínica dá, como brinde, aos médicos que mais lhes mandarem pacientes, uma inesquecível noitada de picanha e chope.
Desci e, tão logo transcorreram uns cinquenta minutos, fiz as chapas e fui correndo para casa, para me barbear, tomar banho.  Enfim, todas as providências para encontrar... O DOUTOR.  Vejam na semana que vem!
Ah, já ia me esquecendo: minha geladeira foi consertada na véspera do Natal, mas parou de gelar na véspera do Ano Novo...

Crônica: Jorge Marin
Foto: Mildor 666, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/#/d29o3er 

2 comentários:

  1. É isto mesmo, Jorge!
    Onde vamos parar? ou já paramos? É uma loucura!...
    Dá arrepios e calafrios só de pensar.

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  2. Mika, estou sem computador há quase dez dias exatamente porque os atendentes da assistência técnica NÃO conseguem me ouvir. Eu falo e falo e falo e eles, simplesmente, não ouvem: têm os seus protocolos, os seus scripts e as suas técnicas de desqualificação. E isso ocorre no comércio em geral, com os médicos e... com os filhos. Será que a falta da tal instância paterna?

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BRIGADU, GENTE!

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