NO CAPÍTULO ANTERIOR de “Mal Atendimento...”,
prometi que, caso conseguisse marcar uma consulta, falaria dos médicos. Adivinhem se é possível marcar uma consulta
na semana do Natal e Ano Novo!
Dessa forma, vamos
tentar entender o funcionamento do atendimento médico. Médico, como vocês sabem, é uma profissão na
qual a pessoa se gradua e, automaticamente, sem tese nem nada, já recebe o
título de DOUTOR. Ou seja, quando vamos a um consultório médico, já ficamos em
segundo plano, pois, o fato de sermos atendidos por um Doutor, já é uma glória.
Outra imposição
cultural, que também glorifica a profissão médica, é a tal da
especialização. Antigamente, quando
tínhamos uma dor de barriga, por exemplo, e não conseguíamos curá-la com nenhum
chá caseiro, recorríamos a um médico.
Qual médico? Nossas opções
resumiam-se ao Dr. Nagib, ou ao Dr. Írio, ou Dr. Geraldo (já que o Dr. Veroaldo
atendia mais crianças).
Hoje, quando temos
uma dor de barriga, temos de decidir se vamos a um enterologista, ou a um
gastro, ou a um cardiologista, ou a um urologista, ou a um pneumologista e
outros. Então, já na sala de espera,
ficamos angustiados: meu Deus, e se eu escolhi a especialidade errada?
Sofri um problema
aqui em Juiz de Fora que, pela experiência, julguei tratar-se de sinosite e fui
procurar um otorrinolaringologista. “Qual
é o seu plano?” – é a primeira pergunta que a atendente faz. De acordo com o plano, o atendimento pode ser
marcado para dali a dois meses. Se for
SUS, ela já desliga na sua cara. Depois
de ligar para quase todos da minha lista do convênio, consegui marcar uma
consulta para aquela mesma tarde.
Já meio ressabiado,
porque marcar para o mesmo dia é um feito, fui orientado pela secretária a ir
mais cedo ao consultório para pegar uma requisição de radiografia pois o Doutor
só atendia com uma radiografia na mão.
Perguntou:
- O que o senhor tem?
- Não sei – respondi –
esperava descobrir isso aqui.
- Mas, senhor, o
Doutor só atende com a radiografia na mão! E, como ele JÁ DEIXA AS REQUISIÇÕES
ASSINADAS EM BRANCO, eu preciso saber se o senhor vai querer Raio-X do pulmão
ou dos seios da face.
- O que você acha? –
perguntei.
Após explicar que
estava com febre, mas não estava tossindo, ela decidiu preencher o pedido de
Raio-X dos seios da face, mas orientou que fosse feito na Clínica de Imagem
dois andares abaixo pois, segundo ela, é aquela na qual o Doutor mais
confia. Posteriormente, conversando com
o dono da churrascaria vizinha, descobri que a tal clínica dá, como brinde, aos
médicos que mais lhes mandarem pacientes, uma inesquecível noitada de picanha e
chope.
Desci e, tão logo
transcorreram uns cinquenta minutos, fiz as chapas e fui correndo para casa,
para me barbear, tomar banho. Enfim,
todas as providências para encontrar... O DOUTOR. Vejam na semana que vem!
Ah, já ia me
esquecendo: minha geladeira foi consertada na véspera do Natal, mas parou de
gelar na véspera do Ano Novo...
Crônica: Jorge Marin
Foto: Mildor 666, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/#/d29o3er
Foto: Mildor 666, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/#/d29o3er
É isto mesmo, Jorge!
ResponderExcluirOnde vamos parar? ou já paramos? É uma loucura!...
Dá arrepios e calafrios só de pensar.
Mika, estou sem computador há quase dez dias exatamente porque os atendentes da assistência técnica NÃO conseguem me ouvir. Eu falo e falo e falo e eles, simplesmente, não ouvem: têm os seus protocolos, os seus scripts e as suas técnicas de desqualificação. E isso ocorre no comércio em geral, com os médicos e... com os filhos. Será que a falta da tal instância paterna?
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