quarta-feira, 1 de junho de 2011

A ARTE DE CRIAR ESCORPIÕES

Arte digital por Ancestorsrelics

Na semana passada, falávamos dos perversos, ou sociopatas. A cada dia que passa, eles vão ficando mais desenvoltos e, da mesma forma que o escorpião da fábula relatada no post anterior, mais eficazes no uso do seu veneno.
Acostumados com as novelas, pensamos que o perverso é aquele sujeito igual ao Léo, da novela das nove, que mata, seduz, rouba e engana. Ou que é igual ao rapaz que invadiu a escola e matou um monte de estudantes. Mas a questão, séria, é que, embora os sociopatas sejam perversos, nem todos os perversos são sociopatas notórios. A maioria dos perversos está por aí, ao nosso lado, na pracinha, no barzinho, no nosso trabalho e até mesmo na nossa igreja.
É uma pessoa carismática, sedutora, com um discurso convincente, um ar de vítima e uma postura de amigo que se preocupa, ou de amante apaixonado. Tudo firula, apenas um disfarce para atingir seus verdadeiros propósitos, ou seu único propósito que é se dar bem.
O perverso aparece sob a forma daquele colega de trabalho que fala mal do chefe com você e, naturalmente, de você com o chefe, é o cara que não tem o menor escrúpulo de “puxar o seu tapete”, e se justifica dizendo que “o que acontece no escritório não vai abalar a nossa amizade”. Ou, às vezes, a forma é a de um chefe tirano que se delicia em sobrecarregar de serviço aquelas pessoas mais preocupadas, que se insinua para uma subordinada (ou subordinado) e, num momento de distração, utiliza cartão e senha de um colega, para fazer alguma operação escusa.
Esta pessoa pode ser um parente que pede um cheque emprestado, e não te dá nenhuma satisfação ou retorno. Há um caso verídico, numa das cidades nas quais morei, em que o indivíduo pediu dinheiro emprestado à sogra, para comprar o quartinho do bebê que a filha dela estaria esperando. Mas minha filha está grávida? – perguntou a mulher e o “esperto” disse que era uma surpresa e, de posse do valor solicitado, comprou um carro para a amante, que também estava grávida.
São tantos os episódios de enganos, decepções, armações e armadilhas, que fico pensando que, na verdade, somos nós, com nosso senso ético apurado, nossa postura politicamente correta e nosso altruísmo, é que somos culpados por esta onda de barbaridades e abusos, inclusive no cenário político nacional.
Portanto, se alguém precisa fazer alguma coisa, somos nós. Em primeiro lugar, não sendo burros. Porque, se o meu filho, como no caso daquela senhora do primeiro post, rouba, agride, trapaceia e transgride, o mínimo que eu posso fazer é: não compactuar com os erros dele e, de preferência, não obstruir a ação da lei, até mesmo sendo agente da lei, quando necessário.
Outra coisa importante, e ainda com relação a filhos, é não perpetuar, em nossas crianças, essa cultura narcísica, individualista e competitiva que é a regra geral de nossa sociedade. Não estou falando a partir de uma perspectiva moralista, mas de sobrevivência mesmo. Como pais, temos responsabilidade na construção de um mundo mais ameno e menos violento para os nossos filhos. E como é possível cumprir esta tarefa se admitimos comportamentos perversos? Hoje, o cidadão cumpridor de seus deveres é um “mané”, a moça virtuosa é inexistente e o marido fiel, uma piada.
(continua)

Um comentário:

  1. Jorge,
    Parabéns pela Brilhante Postagem.
    Bom saber que ainda existem pessoas que pensam assim.
    Abraços
    E vamo que Vamo
    serjão

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