Pegando uma carona na 13ª edição do Nepopó Festivao que acontecerá de 31
maio a 3 de junho aqui na terrinha, e por ter acompanhado na Semana Santa a
bela encenação da morte de Jesus Cristo pelo grupo de teatro Novos Horizontes (comandado
por nosso amigo Ney Fabiano de Morais), lembrei-me de outro fenômeno teatral
que, mesmo genuinamente sanjoanense e de beleza rara, acabou meio que esquecido
no tempo.
Estou me referindo à peça de teatro DONA XEPA, que aconteceu em 1968,
logo após às não menos sensacionais apresentações de PLUFT O FANTASMINHA e O
BOI E O BURRO A CAMINHO DE BELEM, também encenadas pela mesma trupe.
Foram momentos de pura magia e emoção, que ficarão guardados para sempre em
nossas memórias. Não tenho dúvida de ter sido aí o embrião dessa FORTE VOCAÇÃO
teatral que tem hoje nossa cidade.
Mesmo que o nosso foco hoje esteja sendo Dona Xepa, seria injusto de
nossa parte não abrirmos um pequeno adendo pra citar nosso inesquecível e
saudoso amigo José Luiz de Carvalho, que posteriormente, já na década de
setenta, veio, com raro talento junto ao seu grupo de teatro, dar
prosseguimento a esta bela saga.
Mas, voltando a Dona Xepa, assim me narrou o cunhado Hélcio Velasco por
e-mail:
“Lembro-me de que, na época, eu estava no Tiro de Guerra e, nos dias que
antecederam a estreia, nós havíamos feito faixas e pintado as ruas de
propaganda da peça. Descendo do Estande de Tiros no jipe do Sargento, ele
comentou:
─- Essa tal de dona Xepa nem chegou à cidade e já tá emporcalhando as
ruas. O que vai ser quando ela chegar?
As propagandas eram algo mais ou menos assim: ‘DONA XEPA VEM AI’ ‘ELA
ESTÁ CHEGANDO! AGUARDEM!’
O Sargento não sabia que se tratava de peça de teatro. Depois que
estreou, ele chegou pra mim e cobrou de não ter lhe falado que trabalhava na
peça, e que eu o havia deixado passar por ‘idiota’. Naquele dia, o jipe tava
cheio de ’Cabos’. Todo mundo segurou o riso e ninguém dedurou. Curtimos muito
com a cara dele, como desforra do que ele fazia com a gente. KKKK”
Dona Xepa, peça de
Pedro Bloch, uma comédia dividida em três atos, teve como produtor Ramon
Ferreira e Terezinha. Direção de Dona Glorinha Torres tendo, na cenografia,
Elano Pinto e Aparecida. A sonoplastia ficou a cargo de Goinha (naquele tempo
era um pequeno aparelho de som), e quem escolheu as músicas foi a própria Dona
Glorinha Torres que, por sinal, ajudava em todos os ensaios. Tesoureiro Artur
Ladeira.
Ramon escreveu a Pedro Bloch pedindo licença dos direitos autorais.
Foram feitas três apresentações no antigo Cine Rádio, assistidas por
aproximadamente 2.000 pessoas.
- Dona Xepa: mulher do povo, 50 anos e magnificamente interpretado por
Maria das Graças Missiaggia (Mika);
- Rosália, filha de dona Xepa e namorada de Manfredo, interpretada por
Maria Helena Gomes;
- Edson, filho da dona Xepa, 26 anos: Hélcio Velasco;
- Hilda, vizinha e namorada de Edson, 20 anos: Ana Maria Martins;
- Ângelo Fragalanza, um velho italiano, vizinho de Xepa, foi
interpretado por um seminarista que estava em São João na época, e que
acompanhava o grupo de jovens da Igreja Matriz, de nome Guimarães;
- Guiomar, uma pequena menina que entrava toda hora na casa de dona
Xepa e pedia para telefonar, foi interpretada pela saudosa Selminha Sarmento
Verardo;
- Camila, amiga de Xepa, melhor dizendo, sombra e eco, idade
indefinida: Terezinha;
- José, filho de Ângelo Fragalanza. 27 anos: Zé Heleno Barroso;
- Professor, um velhinho especializado em física, 60 anos: Jorge
Laurindo;
- Manfredo, namorado de Rosália, diplomata em início de carreira, 32
anos, interpretado por Ramon.
Interessante lembrar que, na época, Pedro Bloch enviou um livro
autografado para o Ramon.
Então conclamamos todos vocês a prestigiarem este grande evento cultural
na arte de representar: o 13º NEPOPÓ FESTIVAO, que acontecerá nos dias 31 de
maio a 3 de junho, no Centro Cultural.
Que bela recordação !!! Bravo !!!! Cléa
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