quarta-feira, 30 de maio de 2018

UM MOMENTO ESQUECIDO NO TEMPO: DONA XEPA


Pegando uma carona na 13ª edição do Nepopó Festivao que acontecerá de 31 maio a 3 de junho aqui na terrinha, e por ter acompanhado na Semana Santa a bela encenação da morte de Jesus Cristo pelo grupo de teatro Novos Horizontes (comandado por nosso amigo Ney Fabiano de Morais), lembrei-me de outro fenômeno teatral que, mesmo genuinamente sanjoanense e de beleza rara, acabou meio que esquecido no tempo.

Estou me referindo à peça de teatro DONA XEPA, que aconteceu em 1968, logo após às não menos sensacionais apresentações de PLUFT O FANTASMINHA e O BOI E O BURRO A CAMINHO DE BELEM, também encenadas pela mesma trupe. Foram momentos de pura magia e emoção, que ficarão guardados para sempre em nossas memórias. Não tenho dúvida de ter sido aí o embrião dessa FORTE VOCAÇÃO teatral que tem hoje nossa cidade.

Mesmo que o nosso foco hoje esteja sendo Dona Xepa, seria injusto de nossa parte não abrirmos um pequeno adendo pra citar nosso inesquecível e saudoso amigo José Luiz de Carvalho, que posteriormente, já na década de setenta, veio, com raro talento junto ao seu grupo de teatro, dar prosseguimento a esta bela saga.

Mas, voltando a Dona Xepa, assim me narrou o cunhado Hélcio Velasco por e-mail:

“Lembro-me de que, na época, eu estava no Tiro de Guerra e, nos dias que antecederam a estreia, nós havíamos feito faixas e pintado as ruas de propaganda da peça. Descendo do Estande de Tiros no jipe do Sargento, ele comentou:
─- Essa tal de dona Xepa nem chegou à cidade e já tá emporcalhando as ruas. O que vai ser quando ela chegar?

As propagandas eram algo mais ou menos assim: ‘DONA XEPA VEM AI’ ‘ELA ESTÁ CHEGANDO! AGUARDEM!’

O Sargento não sabia que se tratava de peça de teatro. Depois que estreou, ele chegou pra mim e cobrou de não ter lhe falado que trabalhava na peça, e que eu o havia deixado passar por ‘idiota’. Naquele dia, o jipe tava cheio de ’Cabos’. Todo mundo segurou o riso e ninguém dedurou. Curtimos muito com a cara dele, como desforra do que ele fazia com a gente. KKKK”

Dona Xepa, peça de Pedro Bloch, uma comédia dividida em três atos, teve como produtor Ramon Ferreira e Terezinha. Direção de Dona Glorinha Torres tendo, na cenografia, Elano Pinto e Aparecida. A sonoplastia ficou a cargo de Goinha (naquele tempo era um pequeno aparelho de som), e quem escolheu as músicas foi a própria Dona Glorinha Torres que, por sinal, ajudava em todos os ensaios. Tesoureiro Artur Ladeira.
Ramon escreveu a Pedro Bloch pedindo licença dos direitos autorais. Foram feitas três apresentações no antigo Cine Rádio, assistidas por aproximadamente 2.000 pessoas.

- Dona Xepa: mulher do povo, 50 anos e magnificamente interpretado por Maria das Graças Missiaggia (Mika);
- Rosália, filha de dona Xepa e namorada de Manfredo, interpretada por Maria Helena Gomes;
- Edson, filho da dona Xepa, 26 anos: Hélcio Velasco;
- Hilda, vizinha e namorada de Edson, 20 anos: Ana Maria Martins;
- Ângelo Fragalanza, um velho italiano, vizinho de Xepa, foi interpretado por um seminarista que estava em São João na época, e que acompanhava o grupo de jovens da Igreja Matriz, de nome Guimarães;
- Guiomar, uma pequena menina que entrava toda hora na casa de dona Xepa e pedia para telefonar, foi interpretada pela saudosa Selminha Sarmento Verardo;
- Camila, amiga de Xepa, melhor dizendo, sombra e eco, idade indefinida: Terezinha; 
- José, filho de Ângelo Fragalanza. 27 anos: Zé Heleno Barroso;
- Professor, um velhinho especializado em física, 60 anos: Jorge Laurindo;
- Manfredo, namorado de Rosália, diplomata em início de carreira, 32 anos, interpretado por Ramon.
Interessante lembrar que, na época, Pedro Bloch enviou um livro autografado para o Ramon.

Então conclamamos todos vocês a prestigiarem este grande evento cultural na arte de representar: o 13º NEPOPÓ FESTIVAO, que acontecerá nos dias 31 de maio a 3 de junho, no Centro Cultural.

Foto. Ramon

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BRIGADU, GENTE!

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