Foi observando essa
relíquia de fotografia, postada recentemente nas redes sociais por nosso amigo
Marcelo Antonucci (Pitico), que iremos, assim como fazemos todos os anos aqui
no Blog, recordar um pouquinho mais daquelas memoráveis primeiras Exposições da
Terrinha.
Tudo começou em maio de 1972, e
foram momentos muito envolventes. A participação das pessoas havia se traduzido
em algo fantástico. O calor da população irradiava de tal maneira que a
cidade parecia estar se preparando para sediar os jogos olímpicos. Não havia um
lugar, esquinas, colégios, clubes, fábricas, em que o assunto não fosse o
mesmo, ou seja, a chegada do grande momento.
Na semana que antecedeu à primeira exposição, o local se tornou um imenso canteiro de obras e um verdadeiro ponto de encontros. Pessoas curiosas e felizes acompanhavam cada martelada. Era como se tudo estivesse sendo montado no terreiro da casa de cada um de nós.
Assim, a cada dia que passava, e se aproximava o tão esperado acontecimento, um entusiasmo contagiante e sem igual já se fazia presente. Não havia distinção, pois todos os setores da sociedade, num espírito fraterno e de cooperação, começavam a encarar o grande desafio. Interessante que, mesmo ainda jovem, esse fenômeno me chamou muito à atenção.
O povo, cada vez mais curioso e empolgado, ficava a observar
aqueles frenéticos sobes e desces de pessoas e carros no morro da Matriz. Eram
empresários da indústria, comércio, escolas, clubes, agropecuaristas e artesãos
que, mesmo ainda faltando vários dias para o início da festa, já se faziam
presentes. Era um momento muito especial e um motivo de extremo orgulho para
todos os Sanjoanenses.
Saíamos
muitas vezes do colégio e corríamos para lá. Durante o dia, ou mesmo durante a
noite, velhos, jovens, crianças, alunos, professores, moradores vizinhos faziam
do local uma praça de confraternização. Nada poderia sair errado. Parecia
que, inconscientemente, estávamos ali assegurando que tudo aconteceria da
melhor forma.
Enquanto isso, aquelas inesquecíveis barracas de sapé começavam a decorar o ambiente que, apesar da insegurança, não deixavam de ser superchiques e aconchegantes. Ali, uma imensa galeria estava sendo construída e diversos estandes seriam usados pelos expositores.
Enquanto isso, aquelas inesquecíveis barracas de sapé começavam a decorar o ambiente que, apesar da insegurança, não deixavam de ser superchiques e aconchegantes. Ali, uma imensa galeria estava sendo construída e diversos estandes seriam usados pelos expositores.
A
juventude, num entusiasmo ainda maior, se preparava da mesma forma, para a
grande festa. As costureiras já começavam trabalhar a todo vapor, para que
assim pudessem dar conta das centenas de encomendas, dentre as quais: blusas,
cachecóis, meias e luvas de lã. Interessante ressaltar que este costume
veio a se tornar uma constante, principalmente nas primeiras exposições.
O inverno era marca registrada que, já no início de abril, começava a dar seus primeiros sinais. Era um frio onde raramente havia mau tempo. Frente fria chegava para nos trazer frio e não chuva. Um céu totalmente aberto, no qual a linda cor avermelhada de suas tardes vinha compor, com as madrugadas envolvidas em cerração, um cenário perfeito e acolhedor para o tão esperado evento. Algumas noites eram tão frias que, não raramente, subíamos envolvidos em cobertores. Tudo era muito romântico e motivo de alegria. Lindas jovens, com seus trajes típicos, foram escolhidas para trabalhar na recepção aos visitantes. Foi um tremendo sucesso!
Os boxes
eram muito bem organizados, e decorados com bom gosto e entusiasmo.
Um
delicioso café (Santa Cecília) era distribuído a todos aqueles que marcavam
presença enquanto a Voz de São João, através de uma de suas impressoras
instalada no próprio recinto da exposição, imprimia o mini-Voz, jornalzinho
este que era distribuído gratuitamente.
Muitas
firmas se fizeram presentes, entre elas: Fábrica de Vassouras Soares, Tipografia
e Papelaria Moderna de Rocha & Cia, Cerâmica São Joanense, Confecções
Cláudia, Calçados Sylder, Fábrica de Ferraduras Manzo, Marcenaria Brasil,
Confecções Marlu, Fábrica de Calçados Dragão, Casa Leite, Serralheria
Bertolini, Supergasbrás (Paulo Gomes da Fonseca), Entalhes em Madeira (Paulo
Manzo), Máquinas Guarnieri, CCPL e outros. Esta última nos brindava sempre com
seus deliciosos leitinhos. Uma fila imensa se formava ao longo do parque para
que se conseguisse saborear um desses.
Também
alguns estandes nos marcariam mais, como foi o caso de Rocha & Cia. Neste,
eram mostradas as cores da vida, no belíssimo televisor Philco. A barraquinha
do Lions Clube também fez muito sucesso.
Quanta novidade boa envolvida em diversão e alegria! E ainda havia muitos outros expositores: Fábrica de Saltos de Calçados (Glória), Confecção Tapuia, Confecção Dalcymar, Serralheria São José, Fábrica de Ladrilhos Knop, Confecções Ubatã Ltda., Metalúrgica Mont Serrat, Fábrica de Artefatos de Metal, Confecções Silmara, Confecções Singular, Madalena Bastos Ladeira (Flores), Confecções Paraíso do Bebê, Cia. Fábio Bastos.
Quem não se lembra das Maçãs do Amor, Selma - a Mulher Monstro, o touro Piloto do Sr. Ubi e muito mais?
E, por falar em Sr. Ubi, nossa famosa fanfarra, após uma belíssima apresentação pelas ruas da cidade, aonde veio estrear seu lindo macacão azul e branco, subiu desfilando no morro da Matriz, fazendo caracol em fila indiana até a Exposição. E por lá ficávamos. Raro alguém perder um minuto que fosse da festa. Ainda vestidos com o macacão, quase sempre ficávamos até o outro dia.
Já no ano seguinte, o ginásio, sob a batuta de nosso eterno comandante Beto Vampiro, organizou seu próprio estande. Montamos uma verdadeira sala de aula (carteiras, quadro-negro e tudo mais). Até nosso inesquecível esqueleto Juquinha fez parte da festa. Fizemos tudo com tanto carinho, que até algumas disputas chegaram a acontecer, para que pudéssemos decidir quem iria pernoitar e ter o prazer de ficar de madrugada tomando conta do lugar.
Naquela primeira Expô foram construídos dois recintos para baile, sendo que um desses era o galpão maior onde, aos cuidados de nosso saudoso Deck Henriques, funcionava um grande restaurante. O conjunto Som Livre ali se apresentava sendo que, naquele ano, estaria estreando sua nova aparelhagem.
Tocávamos em outro recinto que, mesmo sendo mais
simples, ficava superlotado e divertidíssimo. Por sinal, o tal local, de tão
apertado, foi apelidado por nossa madrinha Nely Gonçalves de “ENGOMA CUECA”.
Termino
aqui um pequeno histórico daquelas que foram nossas primeiras Exposições. Uma
festa criada para o povo, onde a ideia principal era justamente a plenitude de
acessibilidade e diversão a todos.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto : Facebook do Marcelo Antonucci
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