A cena é
comum nos lares: pai ajudando filho a fazer o “dever de casa”. Aliás, é uma
coisa que me intriga profundamente. Estamos a todo vapor no século XXI. O disco
já cedeu espaço à fita k-7 que foi substituída pelo CD, pelo DVD, pelo Blu-ray,
de novo pelo vinil, e eu não sei o que mais. No entanto, a porcaria do dever de
casa continua através dos séculos.
Discutíamos,
eu e meu filho, sobre uma frase que tinha a palavra “mãe” e a questão era saber
que tipo de objeto era a mãe, se objeto direto ou indireto. Na hora, me deu na
telha uma novidade:
─ Mãe é sujeito
objeto!
Meu filho
protestou. Não existe tal figura de sintaxe.
─ Na
sintaxe, não sei ─ falei, mas mãe está sempre interagindo sobre o verbo...
qualquer verbo: criar, amar, cuidar, alimentar, trabalhar. Enquanto isso, e ao
mesmo tempo, mãe também é objeto, porque completa o sentido de um monte de verbos,
como: preocupar, dar trabalho, ignorar, explorar e tantos outros.
Não, não
estou querendo supervalorizar ou vitimizar as mães, mas que a coisa é tensa
para o lado feminino lá isso é. Vejam só o caso da expulsão do paraíso: a
mulher nada mais fez do que ajudar o seu parceiro a conhecer a diferença entre
o bem e o mal. Pois bem, Deus não gostou e condenou o homem a trabalhar duro, e
a mulher, “por ter atraído todos aqueles males sobre o marido”, a ter filhos
“com dor e sofrimento”.
Muitas mulheres
afirmam de pés juntos que prefeririam ter o castigo da serpente: rastejar pela
terra e ser inimiga dos homens. Algumas até teimam em rastejar atrás de alguns
homens, o que, vamos combinar, é ainda pior que os castigos anteriores.
─ Pai,
vou contar pra mãe que você não está me ajudando no dever de casa ─ ameaça o
filho. Mãe-castigo, mãe-autoridade. Aí é que não dou conta mesmo.
Neste
domingo, que todas as mães possam sair das funções de subordinação e
coordenação, e sejam apenas predicativos: belas, leves, tranquilas e poderosas!
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em http://youisloved.blogspot.com.br/2013/05/the-power-of-moms-may-612-2013.html
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