sexta-feira, 11 de maio de 2018

MÃE SUJEITO OBJETO



A cena é comum nos lares: pai ajudando filho a fazer o “dever de casa”. Aliás, é uma coisa que me intriga profundamente. Estamos a todo vapor no século XXI. O disco já cedeu espaço à fita k-7 que foi substituída pelo CD, pelo DVD, pelo Blu-ray, de novo pelo vinil, e eu não sei o que mais. No entanto, a porcaria do dever de casa continua através dos séculos.

Discutíamos, eu e meu filho, sobre uma frase que tinha a palavra “mãe” e a questão era saber que tipo de objeto era a mãe, se objeto direto ou indireto. Na hora, me deu na telha uma novidade:
─ Mãe é sujeito objeto!

Meu filho protestou. Não existe tal figura de sintaxe.

─ Na sintaxe, não sei ─ falei, mas mãe está sempre interagindo sobre o verbo... qualquer verbo: criar, amar, cuidar, alimentar, trabalhar. Enquanto isso, e ao mesmo tempo, mãe também é objeto, porque completa o sentido de um monte de verbos, como: preocupar, dar trabalho, ignorar, explorar e tantos outros.

Não, não estou querendo supervalorizar ou vitimizar as mães, mas que a coisa é tensa para o lado feminino lá isso é. Vejam só o caso da expulsão do paraíso: a mulher nada mais fez do que ajudar o seu parceiro a conhecer a diferença entre o bem e o mal. Pois bem, Deus não gostou e condenou o homem a trabalhar duro, e a mulher, “por ter atraído todos aqueles males sobre o marido”, a ter filhos “com dor e sofrimento”.

Muitas mulheres afirmam de pés juntos que prefeririam ter o castigo da serpente: rastejar pela terra e ser inimiga dos homens. Algumas até teimam em rastejar atrás de alguns homens, o que, vamos combinar, é ainda pior que os castigos anteriores.

─ Pai, vou contar pra mãe que você não está me ajudando no dever de casa ─ ameaça o filho. Mãe-castigo, mãe-autoridade. Aí é que não dou conta mesmo.

Neste domingo, que todas as mães possam sair das funções de subordinação e coordenação, e sejam apenas predicativos: belas, leves, tranquilas e poderosas!

Crônica: Jorge Marin

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