quarta-feira, 14 de março de 2018

NOSSO RELÓGIO SOLAR



Lamentavelmente, semanas atrás recebemos a triste noticia da morte de nosso amigo pitombense Paulinho Manzo. Tive o prazer de conhecê-lo em 1974, quando cursávamos o Científico. Pessoa inteligentíssima e muito divertida, mudou-se de São João e eu não o via há mais de quarenta anos.
Diante dessa triste realidade, achei que seria oportuno, repetirmos em sua homenagem, um trecho deste texto postado aqui mesmo no Blog em 2013.
                                         
                                            NOSSO RELÓGIO SOLAR

Dias atrás, ao ler o importante ALERTA feito por um amigo sobre o perigo que estaria trazendo às nossas crianças, o ponteiro do RELÓGIO SOLAR que há quase QUARENTA ANOS se encontra localizado ali na Praça da Bandeira, lembrei-me de um episódio familiar que aconteceu comigo ainda no século passado.

Era uma tarde de sábado do mês de maio de 1996, quando fui com a família gastar alguns trocados na exposição. Subimos euforicamente o morro da Matriz pegando aquela carona básica em nossa própria viação canela.  As crianças, mais ou menos com seus três e sete anos respectivamente, iam a nossa frente brincando e nos dando aquela canseira tão típica da infância.

Ao passarmos na Praça da Bandeira, paramos pra descansar e, como havia muitas crianças brincando no local, resolvemos deixar que as nossas interagissem e ficassem também ali se divertindo por instantes. Momentos depois começamos a observar que algo no jardim estava causando certo impacto e deslumbramento na galerinha. Era uma rodinha de cinco ou seis crianças que ali, um tanto curiosas, ficavam apenas observando, até com certo respeito, a tal coisa.   

Foi quando minha filha, com seus sete aninhos, me chamou. Queria que eu explicasse a ela e aos demais coleguinhas que coisa mais esquisita era aquilo sobre o gramado. Confesso que fiquei meio confuso, pois, ao perceber que se tratava daquele RELÓGIO SOLAR, sabia de antemão que não era muito entendido desses assuntos. Como faria então para explicar para aquelas crianças, de maneira prática, que aquilo seria apenas um método simples dos povos antigos para medir o tempo e que as horas seriam visualizadas dependendo de como a luz solar estivesse incidindo sobre aquele ponteiro? Sabia apenas que não poderia deixar minha peteca cair e muito menos desapontar a curiosidade de minha filhota. Dessa forma comecei a dar algumas tímidas explicações.

Numa linguagem infantil, assim como era meu conhecimento do assunto, iniciei falando de sua CONSTRUÇÃO e um pouco de seus CONSTRUTORES.  De que ali ao lado (apontei qual casa seria) existia um lugar chamado OBSERVATÓRIO de nome COPÉRNICO e que, naquele local, havia instrumentos chamados de LUNETAS, instrumentos esses que nos permitiam ver bem de pertinho a LUA e as ESTRELAS, inclusive aqueles buraquinhos da lua e um lindo anel colorido que existe em volta de um planeta chamado Saturno. Disse a eles que até um completo laboratório fotográfico (coisa rara pra época) lá existia. Todo esse equipamento era controlado por um amigo meu: o Paulinho, cujo pai, o professor Paulo Manzo era uma pessoa respeitadíssima em todo o Brasil pela sua experiência e vasto conhecimento em ASTROLOGIA.

Comentei sobre um COMETA de nome difícil, o Kohoutek, que teria sido fotografado do OBSERVATÓRIO em 1974 e saído em muitos jornais do Brasil. Segundo consta, foi talvez o único OBSERVATÓRIO a conseguir uma boa foto, pois, ao contrário do restante do país que ficou inteiramente nublado, aqui o céu permaneceu aberto durante um bom tempo.

HOJE FICO PENSANDO QUANTOS DE NOSSOS JOVENS NEM AO MENOS CHEGARAM A SABER, QUE UM DIA EXISTIU TÃO SIGUINIFICATIVO E BEM ESTRUTURADO OBSERVATÉRIO AQUI NA TERRINHA, CONSIDERADO POR MUITOS COMO UM DOS MELHORES DO BRASIL.

Os meninos cresceram e novas gerações vieram. Seria injusto deixarmos que agora justamente o TEMPO viesse apagar este importante  pedaço de nossa HISTÓRIA.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL