Lamentavelmente,
semanas atrás recebemos a triste noticia da morte de nosso amigo pitombense
Paulinho Manzo. Tive o prazer de conhecê-lo em 1974, quando cursávamos o
Científico. Pessoa inteligentíssima e muito divertida, mudou-se de São João e eu
não o via há mais de quarenta anos.
Diante
dessa triste realidade, achei que seria oportuno, repetirmos em sua homenagem,
um trecho deste texto postado aqui mesmo no Blog em 2013.
NOSSO RELÓGIO SOLAR
Dias
atrás, ao ler o importante ALERTA feito por um amigo sobre o perigo que estaria
trazendo às nossas crianças, o ponteiro do RELÓGIO SOLAR que há quase QUARENTA
ANOS se encontra localizado ali na Praça da Bandeira, lembrei-me de um episódio
familiar que aconteceu comigo ainda no século passado.
Era uma
tarde de sábado do mês de maio de 1996, quando fui com a família gastar alguns
trocados na exposição. Subimos euforicamente o morro da Matriz pegando aquela
carona básica em nossa própria viação canela. As crianças, mais ou menos
com seus três e sete anos respectivamente, iam a nossa frente brincando e nos
dando aquela canseira tão típica da infância.
Ao
passarmos na Praça da Bandeira, paramos pra descansar e, como havia muitas
crianças brincando no local, resolvemos deixar que as nossas interagissem e
ficassem também ali se divertindo por instantes. Momentos depois começamos a
observar que algo no jardim estava causando certo impacto e deslumbramento na
galerinha. Era uma rodinha de cinco ou seis crianças que ali, um tanto
curiosas, ficavam apenas observando, até com certo respeito, a tal coisa.
Foi
quando minha filha, com seus sete aninhos, me chamou. Queria que eu explicasse
a ela e aos demais coleguinhas que coisa mais esquisita era aquilo sobre o
gramado. Confesso que fiquei meio confuso, pois, ao perceber que se tratava
daquele RELÓGIO SOLAR, sabia de antemão que não era muito entendido desses
assuntos. Como faria então para explicar para aquelas crianças, de maneira
prática, que aquilo seria apenas um método simples dos povos antigos para medir
o tempo e que as horas seriam visualizadas dependendo de como a luz solar estivesse
incidindo sobre aquele ponteiro? Sabia apenas que não poderia deixar minha
peteca cair e muito menos desapontar a curiosidade de minha filhota. Dessa
forma comecei a dar algumas tímidas explicações.
Numa
linguagem infantil, assim como era meu conhecimento do assunto, iniciei falando
de sua CONSTRUÇÃO e um pouco de seus CONSTRUTORES. De que ali ao lado
(apontei qual casa seria) existia um lugar chamado OBSERVATÓRIO de nome
COPÉRNICO e que, naquele local, havia instrumentos chamados de LUNETAS, instrumentos
esses que nos permitiam ver bem de pertinho a LUA e as ESTRELAS, inclusive
aqueles buraquinhos da lua e um lindo anel colorido que existe em volta de um
planeta chamado Saturno. Disse a eles que até um completo laboratório
fotográfico (coisa rara pra época) lá existia. Todo esse equipamento era
controlado por um amigo meu: o Paulinho, cujo pai, o professor Paulo Manzo era
uma pessoa respeitadíssima em todo o Brasil pela sua experiência e vasto
conhecimento em ASTROLOGIA.
Comentei sobre
um COMETA de nome difícil, o Kohoutek, que teria sido fotografado do
OBSERVATÓRIO em 1974 e saído em muitos jornais do Brasil. Segundo consta, foi
talvez o único OBSERVATÓRIO a conseguir uma boa foto, pois, ao contrário do
restante do país que ficou inteiramente nublado, aqui o céu permaneceu aberto
durante um bom tempo.
HOJE FICO
PENSANDO QUANTOS DE NOSSOS JOVENS NEM AO MENOS CHEGARAM A SABER, QUE UM DIA
EXISTIU TÃO SIGUINIFICATIVO E BEM ESTRUTURADO OBSERVATÉRIO AQUI NA TERRINHA,
CONSIDERADO POR MUITOS COMO UM DOS MELHORES DO BRASIL.
Os
meninos cresceram e novas gerações vieram. Seria injusto deixarmos que agora
justamente o TEMPO viesse apagar este importante pedaço de nossa HISTÓRIA.
Crônica e
foto: Serjão Missiaggia
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