A vida de
cronista está muito difícil nestes dias atuais. É inevitável que a crônica, que
muitos amigos esperam (como, antigamente, tínhamos o hábito de tomar um
cafezinho juntos na padaria), tenha que passar pelo Face, para a divulgação do
Blog.
E aí
começa a dificuldade. De cara, vejo a cena triste do rosto da professora
espancada no Paraná. Isto, por si só, já me causa uma tristeza profunda. Não
sei se sou apenas eu, mas tenho uma imensa admiração pelas minha
ex-professoras. Uma das (poucas) alegrias que tenho no Face é justamente poder
reencontrá-las, curtir suas ideias atuais e, o que é mais legal, até divergir
das ideias de algumas.
Por isso,
tenho comigo que professor é alguém que merece respeito, admiração e gratidão.
E olha que já tive professoras extremamente severas!
Não resisto
e resolvo fazer um comentário. Quando, para minha surpresa, a postagem, feita
por um sujeito que se diz pastor e deputado, afirmar que a professora MERECEU
apanhar porque é esquerdista e feminista.
Ora,
minha gente, essa história de “merecer apanhar” é uma coisa extremamente
perigosa. Às vezes, acho que gente burra e preconceituosa MERECE apanhar. Mas,
nem por isso, vou sair por aí apedrejando marias madalenas só porque ela fez o
que eu talvez deseje, mas não tenho coragem de fazer.
Sei que,
dentro de nós, de cada um de nós, há uma semente de ódio que, uns mais outros
menos, é capaz de explodir com uma provocação, mas penso que há um limite que
NÃO pode, e NÃO deve, ser ultrapassado. A isto chamo de dimensão sagrada.
Nessa dimensão,
que não tem nada a ver com religião, mas com a convivência humana, coloco os
professores, assim como os velhos, as crianças, pais e avós, e autoridades.
Ontem, numa missa de ação de graças de um curso universitário, ouvi uma
formanda reclamar porque “aquele chato do padre” disse que não iria admitir
roupas excessivamente decotadas e transparentes. Ora, mesmo quem não reconhece
nenhum tipo de autoridade num padre, TEM que saber que, como administrador daquele
ambiente, que muitos consideram sagrado, ele pode ditar as regras a serem
cumpridas no local. E quem quiser frequentar TEM que segui-las. Mas, que fique
claro, ninguém é OBRIGADO a frequentar.
Lendo
todos aqueles comentários, de ódio contra a professora, de ódio contra os que
têm ódio, de ódio contra os que têm ódio dos que não têm ódio, dou razão à
minha mulher, que me diz sempre: “não precisamos de um golpe militar,
precisamos é de um golpe de civilidade”. Urgente!
Crônica: Jorge Marin
Foto : Facebook
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