Vindo de
uma geração em que o quesito segurança nos proporcionava uma paz verdadeira e
uma tranquilidade pra viver uma vida em toda sua plenitude, confesso certo
desalento em ter que me adaptar a algumas situações atuais.
Interessante
como tudo foi mudando, e tão rapidamente! Num piscar de olhos, os parapeitos de nossas janelas foram sendo
substituídos por altas grades, enquanto as varandas foram se transformando em
verdadeiros presídios. Imensos muros começaram a surgir frente às casas,
enquanto os belos balaustres, antes objetos de boas-vindas e decoração, foram
dando lugar a tijolos e ferragens.
Jamais se
pensava em qualquer ato de violência durante aquelas mágicas madrugadas em que fazíamos serenata, pois nossas únicas
companhias noturnas, além é claro do silêncio, eram apenas aqueles poucos
perdidos na noite, que, após alguns drinks pelos bares da vida, insistiam em
nos acompanhar.
Nossas
casas, de porta semiaberta e encostada apenas com uma cadeira, permaneciam a
nossa espera, quase que a noite toda. Somente a nossa espera!
Nas ruas,
além das casas, existia também o calor das famílias. Eram janelas abertas,
televisões ligadas ou pessoas conversando nas varandas, ou até mesmo do lado de
fora em cadeiras colocadas na calçada.
É estranho
quando passamos hoje por algumas dessas ruas e deparamo-nos com uma quase total
solidão. Onde antes existiam Antônios, Franciscos e Marias, são frias portas de
aço e gradis a nos fazer companhia.
Crônica e
foto: Serjão Missiaggia
Verdade! Parece estarmos vivendo um pesadelo!
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