quarta-feira, 26 de outubro de 2016

NOITES "VAZIAS"


Vindo de uma geração em que o quesito segurança nos proporcionava uma paz verdadeira e uma tranquilidade pra viver uma vida em toda sua plenitude, confesso certo desalento em ter que me adaptar a algumas situações atuais.

Interessante como tudo foi mudando, e tão rapidamente! Num piscar de olhos,  os parapeitos de nossas janelas foram sendo substituídos por altas grades, enquanto as varandas foram se transformando em verdadeiros presídios. Imensos muros começaram a surgir frente às casas, enquanto os belos balaustres, antes objetos de boas-vindas e decoração, foram dando lugar a tijolos e ferragens.

Jamais se pensava em qualquer ato de violência durante aquelas mágicas madrugadas  em que fazíamos serenata, pois nossas únicas companhias noturnas, além é claro do silêncio, eram apenas aqueles poucos perdidos na noite, que, após alguns drinks pelos bares da vida, insistiam em nos acompanhar.

Nossas casas, de porta semiaberta e encostada apenas com uma cadeira, permaneciam a nossa espera, quase que a noite toda. Somente a nossa espera!

Nas ruas, além das casas, existia também o calor das famílias. Eram janelas abertas, televisões ligadas ou pessoas conversando nas varandas, ou até mesmo do lado de fora em cadeiras colocadas na calçada.

É estranho quando passamos hoje por algumas dessas ruas e deparamo-nos com uma quase total solidão. Onde antes existiam Antônios, Franciscos e Marias, são frias portas de aço e gradis a nos fazer companhia.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia  

Um comentário:

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL