sexta-feira, 21 de outubro de 2016

BRANDÃO VIDA ARTE: TUDO MESMA COISA


Nesta semana, mais um amigo sessentou...

César Brandão, amiguirmão, em meio a preparativos para sua exposição (que está acontecendo no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas), quase não tem tempo de receber os parabéns. Gesticula, explica, fala e fala e fala. Seu assunto é a vida que, para ele, é a arte.

Sempre pensamos nos artistas como pessoas diferentes, taciturnas, intelectuais, chatas. Brandão não é nada disso: bem-humorado, moleque, é, na verdade, o mesmo menino saído de Santos Dumont para continuar suas artes. Até a estatura não é muito diferente.

Nossa relação começou com um beijo. Calma, gente! Estávamos embarcando para o sul de Minas onde, sem saber e sem nos conhecer, iríamos trabalhar no mesmo banco, eu em São Lourenço, ele em Boa Esperança. Sentamo-nos lado a lado, e ele, que me observara despedindo da namorada, comentou:
- Cara, você beija bem pra caramba!

Meio desconcertado, iniciei com ele um papo que, entre cinema, teatro, artes plásticas e música, durou as exatas quatro horas entre Juiz de Fora e Caxambu, onde cada um foi para o seu canto. No entanto, as cartas, uma invenção que se usava naquele tempo, eram usadas para transmitir novidades, projetos, sonhos.

Depois, como fazem todos os bons amigos, afastamo-nos por uns tempos, até que, dois anos após aquele beijo, fui transferido para o centro de processamento de dados do mesmo banco em Juiz de Fora. Como o computador era uma invenção recente, fui encaminhado para ser treinado nas artes da digitação, adivinhem por quem, por ele mesmo: César Brandão.

Adepto ferrenho da macrobiótica (se é que existe algo ferrenho na macrobiótica), Brandão tentou me converter ao regime alimentar, mas o máximo que eu conseguia fazer, após almoçarmos aqueles pratos, era ir comer “comida de verdade” no Oásis.

Um dia, também sem combinarmos, estava eu assistindo um filme do Fellini no Cine Festival, quando, na penumbra, entra o Brandão no cinema. Eu o reconheci pelo seu tom verde de pele da época (bônus da macrobiótica). Fui seguindo seus passos naquele cinema apertado, até que, bem próximo, ia fazer um susto, quando percebo o amigo, sorrateiramente, tirar um bombom Prestígio do bolso. Perverso, espero que ele desembrulhe o chocolate e comece a salivar:
- Aí, em Brandão, comendo chocolate escondido!!!
A resposta foi branda:
- Comprei pra você, amigo!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Leonardo Costa para o Tribuna de Minas

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