sexta-feira, 18 de março de 2016

A PRIMEIRA VEZ


Corria o ano de 1972 e, deitados no sofá, curtíamos o som dos Bee Gees.

É, meus amigos, pode parecer fantástico para muitos, mas a verdade é que havia, sim, uma gata do meu lado. Dizem que para nós, homens, a beleza da mulher é diretamente proporcional à nossa taxa de testosterona. Sendo assim, posso afirmar que, naquele cenário dos meus quinze anos, tratava-se da mulher mais linda que eu já havia visto.

Não era um namoro (namorado ela já possuía) e nem uma ficada que, infelizmente, não havia sido inventada ainda. Fazíamos um trabalho literário, ou poético, alguma coisa relativa à literatura da qual não me lembro e que, para esta crônica, é totalmente irrelevante.

Relevante mesmo é o cheiro da menina, uma coisa que registrei como um misto de casca de romã e hortelã (até rimou!). Sabem quando uma pessoa fala com a gente e ficamos olhando a boca se movimentar, e olhando tanto a boca que nos esquecemos completamente de ouvir as palavras?

Por isso, não perguntem o assunto porque eu não me lembro. A música devia ser mesmo I Started a Joke, e havia um livro, acho que do Pablo Neruda, na mão dela. O curioso mesmo é que, não sei se por acaso ou não, um dos botões da blusa que ela vestia se abriu. E, sabem como é, ficou aberto.

Bocó como sempre fui, não havia, até aquela data, presenciado nada assim tão, digamos, perturbador.  Vamos dizer que ela sabia muito bem o que eu queria e eu também sabia, mas tinha alguns quilos de repressão que, aos poucos,foram ficando cada vez mais leves. Tirei os óculos, horríveis, que sempre usei e ela acariciou meus cabelos que eram do tamanho do Robin Gibb.

A coisa esquentou, sem óculos eu não enxergava nada e tinha que usar cada vez mais as mãos, estava um pouco tonto e acho que, se nada acontecesse, eu iria desmaiar. Mas, a coisa aconteceu...

Assim, do nada, minha mãe entrou pela porta trazendo umas xícaras de café e uma bandeja com empadas, muito boas por sinal. Era a primeira vez que minha mãe fazia aquilo!

A moça parece que mudou para Juiz de Fora, deve ter se aposentado.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : DSloupa, disponível em http://strawberry-loupa.deviantart.com/art/calin-257708732

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