quarta-feira, 23 de setembro de 2015

NOSSO CLUBE DE LEITURAS


Continuando então com alguns causos pitorescos de minha incrível turma de 1972, contarei um pouco sobre nosso famoso clube de leituras. Mas, ainda antes, gostaria de abrir um pequeno parêntese pra ratificar o quanto alegre e descontraída era esta pequena sala. É bem verdade que, se por um lado poucos pegavam firme nos estudos, por outro, éramos bastante unidos, divertidos e, acima de tudo, respeitosos com os mestres e, principalmente, com aquela que seria nossa segunda casa.

Voltando então com o causo, tudo começou quando me vi, repentinamente, eleito presidente do clube leituras. Para ser sincero, sabia de antemão que haveria eleição para compor a diretoria, mas não tinha conhecimento que eu estaria incluído numa lista de pretendentes ao “cargo máximo”. Ainda mais surpreso fiquei quando, dias depois, lá estava meu nome estampado no quadro negro como presidente eleito. É agora que me lasquei de vez, pensei!

Os demais integrantes do diretório eram fantásticos e me traziam tanta segurança que, na estreia, já ocupando meu lugar a mesa, ainda não havia um santo papel em minhas mãos, para que pudesse dar início àquela que seria a nossa primeira reunião. Minhas secretárias, já um tanto apavoradas, na tentativa de terminar a o roteiro de apresentações, ficavam a me sinalizar a todo o momento, pedindo que eu fosse enrolando um pouco mais, pra que, desta forma, elas pudessem ganhar um pouco mais de tempo.

Assim, a única coisa que me veio à cabeça naquele momento foi convidar nosso mestre de português pra compor a mesa. Diga-se de passagem, grande amigo e excelente professor.   Foi quando, diante de salvas de palmas, alguém aproveitou o momento para arremessar o esperado roteiro em cima de mim. Um tanto aliviado, pois pelo menos já haveria um script a seguir, anunciei em alto e bom som que aquela que seria nossa primeira atração, ou seja, o Guilherme Belini pra contar piadas.

Como já conhecia a figura de longas datas, pensei comigo: “isso não vai dar certo”, enquanto vinha ele todo empolgado, subindo no tablado, com uma pequena listinha na mão. “E vem coisa cabeluda aí”, tornei a pensar.

Por incrível que pareça, sua apresentação até que começou bem light e nosso professor de português, que, na época, já estaria prestes a terminar o seminário, permanecia “relaxadamente” ao meu lado, fazendo algumas anotações.  Na verdade, estava mesmo era de “oreia” em pé em tudo que fazíamos, pois tinha plena consciência que, de uma hora pra outra, tudo poderia sair de controle.

Piada vai, piada vem, e a coisa começou a esquentar de vez. Percebia-se nitidamente que, além de certa inquietação, uma repentina mudança de cor para um tom avermelhado começava chamar a atenção no rosto de nosso professor. Meio desassossegado na cadeira, enquanto não parava de olhar o relógio, ficava num incansável cruza e descruza de pernas.  

Enquanto isso, nosso contador de piadas, cada vez mais empolgado, ao começar a sapecar uma daquelas bem apimentadas, seria interrompido repentinamente pelo mestre que, após um salto da cadeira, gritou bem alto: Pode parar! Pode parar!  Vamos parar com isso enquanto é tempo! E a piada da CANDINHA SAFADINHA, infelizmente, teve mesmo que ficar pela metade.
Sob uma calorosa salva de palmas, fui rapidinho anunciando a segunda atração.

Dias depois, fomos convidados a fazer uma apresentação pra turma da primeira série e, pra variar, alguns “pequenos” contratempos também aconteceriam. Semana que vem eu conto.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook                                

Um comentário:

  1. Bela foto!
    Alunos e bandeira nacional em frente a uma escola.
    Registro de um tempo em que não era motivo de vergonha ter uma sensação de pertencimento a um grupo maior – chamado Brasil – e se acreditava que as autoridades mereciam ser respeitadas pela responsabilidade e esforço inerentes aos cargos que ocupavam.
    Tomara que tenhamos novamente uma sensação parecida, ampliada e melhorada pela maior informação do século XXI.

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