Continuando
então com alguns causos pitorescos de minha incrível turma de 1972, contarei um
pouco sobre nosso famoso clube de leituras. Mas, ainda antes, gostaria de abrir
um pequeno parêntese pra ratificar o quanto alegre e descontraída era esta pequena
sala. É bem verdade que, se por um lado poucos pegavam firme nos estudos, por
outro, éramos bastante unidos, divertidos e, acima de tudo, respeitosos com os
mestres e, principalmente, com aquela que seria nossa segunda casa.
Voltando então
com o causo, tudo começou quando me vi, repentinamente, eleito presidente do
clube leituras. Para ser sincero, sabia de antemão que haveria eleição para
compor a diretoria, mas não tinha conhecimento que eu estaria incluído numa
lista de pretendentes ao “cargo máximo”. Ainda mais surpreso fiquei quando,
dias depois, lá estava meu nome estampado no quadro negro como presidente
eleito. É agora que me lasquei de vez, pensei!
Os demais
integrantes do diretório eram fantásticos e me traziam tanta segurança que, na
estreia, já ocupando meu lugar a mesa, ainda não havia um santo papel em minhas
mãos, para que pudesse dar início àquela que seria a nossa primeira reunião. Minhas
secretárias, já um tanto apavoradas, na tentativa de terminar a o roteiro de
apresentações, ficavam a me sinalizar a todo o momento, pedindo que eu fosse
enrolando um pouco mais, pra que, desta forma, elas pudessem ganhar um pouco
mais de tempo.
Assim, a
única coisa que me veio à cabeça naquele momento foi convidar nosso mestre de
português pra compor a mesa. Diga-se de passagem, grande amigo e excelente
professor. Foi quando, diante de salvas
de palmas, alguém aproveitou o momento para arremessar o esperado roteiro em
cima de mim. Um tanto
aliviado, pois pelo menos já haveria um script a seguir, anunciei em alto e bom
som que aquela que seria nossa primeira atração, ou seja, o Guilherme Belini
pra contar piadas.
Como já
conhecia a figura de longas datas, pensei comigo: “isso não vai dar certo”, enquanto
vinha ele todo empolgado, subindo no tablado, com uma pequena listinha na mão. “E
vem coisa cabeluda aí”, tornei a pensar.
Por
incrível que pareça, sua apresentação até que começou bem light e nosso
professor de português, que, na época, já estaria prestes a terminar o
seminário, permanecia “relaxadamente” ao meu lado, fazendo algumas anotações. Na verdade, estava mesmo era de “oreia” em pé
em tudo que fazíamos, pois tinha plena consciência que, de uma hora pra outra, tudo
poderia sair de controle.
Piada
vai, piada vem, e a coisa começou a esquentar de vez. Percebia-se nitidamente
que, além de certa inquietação, uma repentina mudança de cor para um tom
avermelhado começava chamar a atenção no rosto de nosso professor. Meio
desassossegado na cadeira, enquanto não parava de olhar o relógio, ficava num incansável
cruza e descruza de pernas.
Enquanto
isso, nosso contador de piadas, cada vez mais empolgado, ao começar a sapecar
uma daquelas bem apimentadas, seria interrompido repentinamente pelo mestre que,
após um salto da cadeira, gritou bem alto: Pode parar! Pode parar! Vamos parar com isso enquanto é tempo! E a
piada da CANDINHA SAFADINHA, infelizmente, teve mesmo que ficar pela metade.
Sob uma
calorosa salva de palmas, fui rapidinho anunciando a segunda atração.
Dias
depois, fomos convidados a fazer uma apresentação pra turma da primeira série e,
pra variar, alguns “pequenos” contratempos também aconteceriam. Semana que vem
eu conto.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto : Facebook
Bela foto!
ResponderExcluirAlunos e bandeira nacional em frente a uma escola.
Registro de um tempo em que não era motivo de vergonha ter uma sensação de pertencimento a um grupo maior – chamado Brasil – e se acreditava que as autoridades mereciam ser respeitadas pela responsabilidade e esforço inerentes aos cargos que ocupavam.
Tomara que tenhamos novamente uma sensação parecida, ampliada e melhorada pela maior informação do século XXI.