Então, atendendo a algumas centenas de dois pedidos, tentarei em resumo
narrar como ocorreram as outras duas detonações.
Na segunda versão, poucos fatos aconteceram, sendo que um deles foi
quando, já bem tarde da noite e sob os focos das luzes numa mesa da oficina,
finalizávamos a segunda bomba. Repentinamente, dois PMs apontaram o rosto na
porta e perguntaram em tom de brincadeira:
- Professor Pardal! O que vocês estão inventando aí?!
- É uma bomba! – respondeu Silvio Heleno, com toda naturalidade.
Para nossa surpresa, disseram OK e foram embora. Saíram dando boas
gargalhadas, pois jamais poderiam imaginar que a segunda bomba estava logo ali,
debaixo de seus narizes.
Essa segunda versão teve a mesma potência que a primeira, sendo que
apenas algumas modificações foram feitas para adaptar o artefato ao meio
líquido. Fizemos uma embalagem especial que a tornaria protegida da água, e
assim poderíamos colocá-la no fundo de um tanque qualquer, no caso o lavador do
Sr. Anjinho... é claro! Esse teste foi um verdadeiro êxito, pois, além de
provocar algumas rachaduras no tanque, elevou água a mais de 5 metros de
altura.
Já na terceira versão, chamada de Efeito Quarteirão, empregamos toda
tecnologia, experiência e conhecimentos adquiridos anteriormente. Numa potência
de 36 melodias, enquanto íamos fazendo sua montagem, escolhíamos,
criteriosamente, o lugar da detonação. Ficou decidido, mais uma vez, que o
local seria nos fundos do terreiro da casa de Suveleno, pois sigilo e
segurança, nessas horas, seriam fundamentais. Nosso convidado especial, como
não poderia deixar de ser, foi nada mais nada menos que nosso saudoso amigo e
guru, Moacir Ângelo Ferreira, mais conhecido como GODELO, que prontamente se
fez presente para apadrinhar a XB3/4 versão 03 Mod. APF 220 (Ativação por
filamentos 220 v).
Assim, após
posicioná-la nos fundos do barracão, começamos então a tão esperada contagem
regressiva. Esta contagem acabou interrompida quando ainda faltavam 08
segundos. O motivo que nos levou a abortá-la foi a perigosa distância que o
Godelo insistia em manter-se da bomba. Queria porque queria ficar em pé a pouco
mais de 10m do local da detonação. Depois de muito resistir, alegando sempre
que a explosão não seria aquilo tudo que imaginávamos, resolveu enfim se
esconder atrás de um velho tambor. Renatinho, não menos louco, foi depressa
ficar em seu lugar.
Reiniciando então a contagem regressiva, conseguimos afinal fazer a tão esperada detonação. CRUIS CREDO!!! Nunca havia visto coisa igual na minha vida. Simplesmente subiu uma labareda de fogo quase na altura do barracão. Reza a lenda que a explosão foi tão grande, que o Sôbi, os alunos, professores e serventes conseguiram escutar lá do ginásio. Segundo o Betto Vampiro, alguém no colégio, naquele momento, chegou à janela e gritou:
- Só pode ser coisa do Silvio Heleno com o pessoal do Pitomba!!! (E num
é que era!).
Naquele piso duro e compactado do terreiro, foi feito uma cratera de
quase 20 cm. O mais interessante, e que muito chamou nossa atenção, foi
quando, segundos após a explosão, ainda ficamos escutando os ruídos de
fragmentos da XB3/4 VERSÃO 03 caindo no telhado. Naquele momento, quando
havíamos até esquecido do Godelo, eis que, de repente, surge ele apavorado, de
trás do tambor, dizendo:
- CRIATURA, SE EU SOUBESSE QUE ESSE TREM FOSSE ASSIM, EU NEM TERIA VINDO
AQUI! E mais que depressa, foi saindo sorrateiramente do local.
Como se não bastasse, no meio do caminho, ainda foi interceptado por uma
senhora que vinha descendo o morro. Extremamente assustada, perguntou-lhe se
acaso não teria ficado sabendo de uma bomba que haviam detonado no posto de
gasolina. Fazendo-se de desentendido, e sem responder uma única palavra, foi
rapidinho entrando em casa.
Segundo consta, moradores e até mesmo alguns funcionários do Banco do
Brasil, que na época funcionava na Avenida Zeca Henriques, saíram assustados
para a rua, pois achavam que poderia estar havendo um desabamento do prédio.
Enfim... Entre mortos e feridos todos se salvaram, enquanto que, por
longos e longos meses, ainda se escutariam pelas esquinas da cidade,
comentários de mais uma das conhecidas façanhas pitombenses.
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto : acervo do autor
Pitombenses... êta turma do barulho !
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