quarta-feira, 9 de abril de 2014

UM BARULHO NA VARANDA


Dia desses, ao entrar nos correios, me lembrei de uma coisa que marcou pra caramba minha infância. Acredito até que, não somente a minha, mas um monte de outras pessoas.

Eram as famosas correspondências que enviávamos aos diversos CONSULADOS E EMBAIXADAS em busca de informações e imagens de seus respectivos países. Por sinal, todas as cartas eram idênticas e, quase sempre,  escritas de próprio punho, onde trocávamos apenas o nome do país no envelope. Quase sempre chegávamos aos correios, carregando uma centena delas e por lá permanecíamos pacientemente, por  um bom tempo, até que acabássemos de selar uma a uma.

Interessante o prazer e a ansiedade que sentíamos em ficar aguardando por uma resposta, que, geralmente, aconteceria no prazo de duas ou três semanas. Mas valia a pena, pois sempre vinham acompanhados de lindas fotografias, selos, revistas etc. Era muito raro uma embaixada não responder, mas acontecia.

Como esquecer do barulho daqueles imensos envelopes que eram jogados pelos carteiros em nossa casa? Às vezes acontecia de chegar material de dois ou três países ao mesmo tempo e isso era facilmente percebido devido àquele  barulhão ao caírem na varanda. Uma MAGIA que, infelizmente, se perdeu no tempo, principalmente em circunstância de uma evolução tecnológica sem precedentes.

Semana passada, sentado confortavelmente frente ao meu computador, pude com apenas alguns toques no teclado, caminhar tranquilamente, através do Google Maps, pelas ruas de Pozzoleone, cidade natal de meus avós na Itália. Quanta facilidade e emoção, mas confesso ainda sentir saudade daquela ESPERA e do barulho dos ENVELOPES na varanda.

Crônica: Serjão Missiaggia.
Foto: disponível em http://www.infoescola.com/profissoes/carteiro/

3 comentários:

  1. As facilidades que a tecnologia nos proporciona são tantas que já havia me esquecido de como era gostoso receber as informações de um mundo tão distante. Isso me faz lembrar as pesquisas que fazíamos na enciclopédia Barsa.

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    1. O que acaba nos remetendo a uma figura que a maioria dos jovens hoje não conhece: o vendedor de enciclopédias. Quando ele ia lá em casa, era recebido com cafezinho e broa de fubá. Parecia até visita de padre!

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  2. Lembro que minha mãe ralou para comprar, aos poucos na banca, a enciclopédia Novo Conhecer, que guardo até hoje com carinho.
    Lembro que para encadernar depois as revistas e fazer os volumes da enciclopédia minha mãe teve que negociar o pagamento parcelado. Sacrifício em nome da minha educação, para ter alguma fonte de pesquisa para o "ginásio".
    Época em que uma pesquisa era considerada bem feita se conseguíssemos três fontes diferentes de informação, entre revistas, jornais e raros livros na biblioteca.
    Que ironia... atualmente a dificuldade nas pesquisas é selecionar as informações no excesso de fontes da Internet.

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