Um tanto admirado
com a naturalidade dessa foto, não tive como deixar de recordar alguns fatos
que aconteceram no século passado com a turma do Pitomba, e com aquela que
viria ser nossa futura madrinha.
Um desses
fatos foi quando, certa vez, fomos “visitar” a Nely no hospital, para, entre
umas e outras coisas, pedir a ela a BATERIA emprestada.
Essa visita
inusitada deu-se em circunstância de uma das vezes em que o Pitomba se
preparava pra fazer um baile no terraço da casa do primo Dantinho e, pra variar,
estava sem o referido instrumento. Coincidentemente, naquele mesmo final de
semana, todas as BATERIAS que poderiam ser nossas possíveis vitimas estavam
sendo usadas por seus respectivos donos.
Na época,
nossa amizade com a Nely estava ainda no comecinho, e sua BATERIA era a única que
poderia estar disponível na cidade. Mas, como agravante, nossa futura madrinha
havia se submetido recentemente a uma cirurgia e estava internada. Então, após
uma breve reunião, resolvemos que, como única opção, teríamos que fazer um
ataque, digo, uma “visita” a ela no hospital. E assim aconteceu...
Quando lá
chegamos foi um Deus nos acuda. Éramos umas cinco ou a seis pessoas querendo entrar
de uma só vez. Um pequeno tumulto se formou na portaria, mas, no final, todos
acabariam entrando.
Já dentro do
quarto, era gente sentada até debaixo da cama. O lanche da tarde desapareceu com
tal rapidez, que não sobrou um único biscoito para a paciente e muito menos uma
santa gota de suco! Isso pra não falar que, por muito pouco, não teríamos
conseguido passar um violão pela janela. Verdade seja dita, melhoramos
substancialmente o quadro clinico da paciente em função de tantas e boas
risadas.
A visita/festa
foi geral; só que, já quase terminando o horário de visitas, ninguém ainda
havia se manifestado e encontrado coragem de fazer o pedido. Pede você... Pede
você... E ninguém pedia nada.
Já
conformados com aquela que seria uma investida mal sucedida, cabisbaixos e numa
tristeza sem fim, começamos a nos retirar. Quando já íamos saindo, eis que ela
nos chama novamente pra dentro do quarto e, com muita sensibilidade, mesmo
sabendo de nossas segundas intenções, foi logo dizendo: “NUM GUENTO SEISNÃO!” A
BATERIA tá lá no Operário! É só pedir a chave e apanhá-la!
E foi aquela
vibração no até então silencioso e ordeiro ambiente hospitalar. Quanta alegria!
Seria a primeira vez que iríamos tocar em uma bateria profissional. Despedimo-nos
mais que depressa, saindo em disparada escorregando pelas antigas passarelas do
hospital.
Depois daquele
dia, nossas visitas se tornariam uma constante, vindo até a causar novos
transtornos na portaria. Mas, tudo isso fazia parte do show e esses fatos estão
também devidamente catalogados no inicio do Blog.
Crônica: Serjão
Missiaggia (agosto/2010)
Foto:
Facebook SJ Online
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