sexta-feira, 7 de março de 2014

Ser feliz é TUDO que se quer


Lá se vai o carnaval e, com ele, um monte de momentos felizes... e tristes também.

Há, em cada um de nós, essa certeza, vinda não se sabe de onde, de que existe uma coisa chamada FELICIDADE SUPREMA e, em nome disso, orientamos nossas vidas para buscá-la.

Mas alguém aí já viu uma única pessoa 100% feliz? É possível, num mundo mutante, acelerado, desgovernado, conseguir capturar a felicidade e mantê-la intacta, a salvo da inveja dos outros, da ganância do Estado e do nosso próprio despreparo para vivenciá-la?

A felicidade, vista dessa maneira, muito se assemelha a uma droga: tomo uma picada de “felicidade suprema” e o barato que experimento é tão bom, tão completo e tão prazeroso que não importa mais quem eu sou.  Percebem?  Em função de uma “felicidade” que me dizem que existe, eu acabo confundindo aquela experiência, transitória (como todas), num ideal de vida a ser conservado e, o que é pior, nesse processo eu me ANULO.  Já não existe mais eu... só a felicidade.

No entanto, só porque a felicidade suprema é um conceito ideal, isso não significa que eu tenho que desistir da vida e me deprimir num canto, esperando a morte chegar.  Isso porque a felicidade HUMANA, e portanto, transitória, fugaz e tão efêmera quanto à tristeza, não apenas existe, como é plenamente possível.

Mas... para ser feliz por uns momentos (que a maioria de nós considera inesquecíveis), é preciso uma certa dose de coragem, desapego e inteligência. Não falo da inteligência acadêmica que tem um discurso de causa e efeito prováveis e monolíticos.  Falo da inteligência camaleônica de quem muda porque o meio ambiente muda, e do desapego às instituições sufocantes que criam leis e regras sobre um suposto comportamento ideal.

“Nada do que foi será do jeito que já foi um dia”, já afirmavam Heráclito de Éfeso e Lulu Santos do Rio, rio este que, segundo a filosofia de ambos, não pode ser percorrido duas vezes.

Viver é um tiro no escuro, um soco no espelho e um disparo do coração.  Felicidade é só um código de barras.

Crônica: Jorge Marin

Um comentário:

  1. Gostei muito do texto e da imagem!
    Me arrisco mesmo a dizer que senti uma transitória felicidade com eles.
    A alegria que permanece é saber que posso contar com este blog para, de tempos em tempos, ver novidades e reflexões interessantes.

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