sexta-feira, 14 de março de 2014

A VIDA É UMA GRANDE ILUSÃO (?)


“Vida, para um pouco, por favor...
Por que não te demoras em cada felicidade?
Por que não te aceleras em cada desventura?...”

Recebemos, da amiga e membro da família Pitomba, Edna Maria Missiaggia Picorone, uma poesia escrita por ela no dia do seu aniversário, em 1961, da qual transcrevo um pedacinho, pois, como tudo que é feito pelos Missiaggia, o texto é surpreendente, não só pela clareza de pensamento de uma criança brilhante, mas também pela emoção contida nas palavras.

Menina, ela expõe alguns dos princípios que, depois de anos e anos de pesquisa teológica e filosófica, ainda não consegui captar.  Ontem, lendo a notícia sobre a morte do Paulo Goulart e, observando a dor vivida pela Nicette Bruno, percebi como as coisas felizes e tristes são interligadas, a ponto de podermos nos arriscar a dizer que uma é consequência da outra.

De fato, a luz mais forte produz uma sombra mais consistente.  Um amor com sessenta anos de convivência, vai produzir um luto imenso, dificilmente recuperável. Lembrei-me também da minha mãe, a dona Olga que me pegava pela mão para assistirmos juntos a novela “O meu pé de laranja lima”, na qual a Nicette fazia o papel de Professora Cecília.

Baixinha como a personagem, minha mãe se identificava com ela e acalentava um sonho: ter também um casamento tão feliz e duradouro.  Em 1995, ano em que completaria os tão sonhados 40 anos de casamento, viu o seu amor Irenio partir de forma boba e rápida, assim como acontecem todas as mortes.

Sentado aqui, 44 anos depois, ainda escuto minha mãe cantarolando o tema da novela na cozinha: “depois da chegada, vem sempre a partida, porque não há nada sem separação...”

Crônica: Jorge Marin
Foto: Disponível em http://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/paulo-goulart-nicette-bruno-uma-historia-de-amor-que-durou-60-anos-11871058

Um comentário:

  1. Jorge, suas crônicas são um alento para nós que apreciamos as belas coisas da vida. Obrigada pelas palavras elogiosas sobre meu poema, escrito nos meus 18 anos, e não sei porque, hoje relendo meus escritos daquela época sinto que havia uma certa nostalgia em minhas palavras.Mas como no coração de um jovem é impossível penetrarmos... De uma coisa tenho certeza , sempre amei e valorizei a vida.
    Edna Maria Missiaggia Picorone

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL