“Vida,
para um pouco, por favor...
Por
que não te demoras em cada felicidade?
Por
que não te aceleras em cada desventura?...”
Recebemos,
da amiga e membro da família Pitomba, Edna Maria Missiaggia Picorone, uma
poesia escrita por ela no dia do seu aniversário, em 1961, da qual transcrevo
um pedacinho, pois, como tudo que é feito pelos Missiaggia, o texto é
surpreendente, não só pela clareza de pensamento de uma criança brilhante, mas
também pela emoção contida nas palavras.
Menina,
ela expõe alguns dos princípios que, depois de anos e anos de pesquisa
teológica e filosófica, ainda não consegui captar. Ontem, lendo a notícia sobre a morte do Paulo
Goulart e, observando a dor vivida pela Nicette Bruno, percebi como as coisas felizes
e tristes são interligadas, a ponto de podermos nos arriscar a dizer que uma é
consequência da outra.
De
fato, a luz mais forte produz uma sombra mais consistente. Um amor com sessenta anos de convivência, vai
produzir um luto imenso, dificilmente recuperável. Lembrei-me também da minha
mãe, a dona Olga que me pegava pela mão para assistirmos juntos a novela “O meu
pé de laranja lima”, na qual a Nicette fazia o papel de Professora Cecília.
Baixinha
como a personagem, minha mãe se identificava com ela e acalentava um sonho: ter
também um casamento tão feliz e duradouro.
Em 1995, ano em que completaria os tão sonhados 40 anos de casamento,
viu o seu amor Irenio partir de forma boba e rápida, assim como acontecem todas
as mortes.
Sentado
aqui, 44 anos depois, ainda escuto minha mãe cantarolando o tema da novela na
cozinha: “depois da chegada, vem sempre a partida, porque não há nada sem
separação...”
Crônica:
Jorge Marin
Foto:
Disponível em http://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/paulo-goulart-nicette-bruno-uma-historia-de-amor-que-durou-60-anos-11871058
Jorge, suas crônicas são um alento para nós que apreciamos as belas coisas da vida. Obrigada pelas palavras elogiosas sobre meu poema, escrito nos meus 18 anos, e não sei porque, hoje relendo meus escritos daquela época sinto que havia uma certa nostalgia em minhas palavras.Mas como no coração de um jovem é impossível penetrarmos... De uma coisa tenho certeza , sempre amei e valorizei a vida.
ResponderExcluirEdna Maria Missiaggia Picorone