quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

OS DISCURSOS: 2 - De Anjos e Demônios


NA SEMANA PASSADA, iniciamos esta série de Discursos e a ocorrência de um acontecimento trágico – a morte de 235 jovens no incêndio de uma casa noturna no Rio Grande do Sul – foi o mote para a emissão de centenas de discursos, todos “rigorosamente” corretos (segundo sua própria afirmação) e todos com o objetivo de poupar mais vidas, evitar futuras ocorrências da espécie ou confortar as famílias das vítimas.

Gente, vamos pensar uma coisa: você está em casa, já preocupado (eu fico sempre) pois seus filhos estão na balada.  Assim, do nada, você recebe a notícia de que eles morreram queimados dentro da boate.  Que tipo de discurso pode dar conta da dor, do desespero e do desamparo desses pais?

Tudo bem, o discurso da presidenta da república não teve pretensões e refletiu o pensamento e agonia que a maioria dos pais sentimos.  Logo em seguida, vieram os discursos dos telejornais, cada um refletindo sua ideologia própria: uns moralistas, outros piegas, ou informativos demais (dando detalhes do estado dos corpos, coisas desse tipo).

Os dias que se seguiram foram marcados pelos discursos dos especialistas: em segurança, arquitetura, fogos de artifício, doenças do aparelho respiratório,  luto e outros.  Sempre escutava, maravilhado, a esse tipo de discurso, mas, à medida que vou envelhecendo, e mesmo sabendo que, para aprender, somos obrigados a nos alienar, a acreditar nesses “mestres”; ainda assim, me pergunto: qual é a utilidade disso tudo?

Meu telefone toca e a resposta vem logo em seguida: uma moça com boa dicção e com aparência vocal de extremamente educada me pergunta (ela sabia meu nome) se eu conheço uma determinada sigla.  Digo que não e ela começa a explicar as benfeitorias de uma determinada organização beneficente.  Interrompo-a, também educadamente, e informo: pelo início da sua ligação, percebo que você vai falar das maravilhas que a sua organização faz e, como não tenho o menor interesse em contribuir ou aderir à mesma, quero lhe propor que interrompamos a conversa: dessa maneira, você economiza discurso e eu economizo tempo, ok?

Acabo de desligar o telefone e vem outra notícia do Sul: o advogado do dono da boate faz uma declaração (um discurso) em que afirma que a culpa da tragédia é do resgate dos bombeiros!  Sei que ainda vai surgir um especialista explicando que a culpa é das pessoas que lá estavam.

Tudo isso me enoja e reforça a necessidade de denunciar esses discursos, não pelo caráter alienante, mas pela orientação perversa.  Enquanto isso, vamos rezar por esses meninos e meninas e pelas suas famílias. 

...


Crônica: Jorge Marin 
Foto: Felipe Dana / AP Photo, disponível em:

http://media.thestate.com/smedia/2013/01/29/10/45/955-1gSjnd.St.55.jpeg

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CASOS CASAS & detalhes




























No MURINHO DO ADIL era fácil ser feliz.  Não tinha pensamento, não tinha preocupação, nem ocupação, nem ação.
Éramos nós, assim à toa.  Na boa.  Só risos...
Isso que hoje se faz no Facebook - rsrsrsrsrsrs, hsuahsua, kkkkkk - a gente fazia no face... to face!
Era cara a cara, sonho a sonho, desejo a desejo, coração a coração.
O Murinho do Adil era tudo de bom...

Ah, e o Adil era o cara, uma das pessoas mais divertidas de São João!

Fotos: Serjão Missiaggi
Texto: Jorge Marin

SOBRE AS FOTOS DO BLOG



Esclarecemos que não nos opomos à divulgação de nossas fotos nos meios de comunicação e na Internet, DESDE QUE, na forma do capítulo IV, artigo 46 da Lei 9.610, seja citada a fonte como Pitomba BLOG – www.grupopitomba.blogspot.com.br .  Dessa forma, que é a da lei, e sem ofensa aos direitos autorais, a publicação é livre! 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

MEMÓRIAS DA SANTA FÉ: 3 - Cafezin na caneca


NA SEMANA PASSADA, uma caçada noturna – e sorrateira – às rãs da Fazenda Santa Fé foi uma das aventuras mais incríveis e mais triunfantes que guardamos em nossos corações, até que... vocês se lembram: Tio Gaby e sua (naquele instante) terrível Rural Willys azul!

Vocês pensam que, face a essa “esfrega”, tomamos juízo?  Talvez um pouco, mas só durou até o verão...

Fugir pra nadar no rio do Periclizinho e percorrer aquelas fantásticas trilhas deixadas pela boiada nas montanhas era também, fascinante. Eu e o primo que o diga! Passávamos o dia correndo pelo pasto explorando cada centímetro desses caminhos, numa constante e inesquecível troca de energia entre o corpo e a mãe natureza.

Ir até a casa do Sô Waldemar era pra nós como ir ao fim do fim do mundo. Um místico lugar encravado um pouco mais afastado da sede. Ainda não exista a subestação da Energisa juntamente com a estrada asfaltada e Country Trombeteiros. Chegar lá, em tempo de chuva, somente com a super-rural do Tio Gaby tracionada nas quatro rodas e muita reduzida.

Éramos sempre muito bem recebidos pelo Sô Mané Catarina, que, por um longo período, morou numa casinha ao lado da sede. Oferecia-nos, sempre quando lá chegávamos, aquele café quentinho que acabara de ser coado no fogão a lenha. Era muito interessante saborear o cafezinho servido naqueles canecões artesanais feitos de latas.

Uma infinidade de galinhas poedeiras, garnisés, muitos patos e galinhas d’angola ficavam a nos fazer companhia, mas quem mandava mesmo no pedaço eram os belos e temíveis GANSOS!  Verdadeiros cães de guarda que ficavam a grasnar e a nos perseguir, querendo pegar a todo custo, nossos calcanhares e outras inusitadas regiões mais impróprias.

Eram dias calmos: perdíamos a noção do tempo, e era certo que ele não passava.  A sucessão dos acontecimentos não era regida por ponteiros, mas pela fome, porém mesmo esta tinha solução imediata: mangueiras, jabuticabeiras, laranjeiras estavam ali, à nossa disposição, sem contar as broas de fubá, o leite gordo tirado agorinha mesmo e frutas que nossos filhos e netos não conhecem, como amoras, pitangas e carambolas.

Semana que vem, o passeio continua...

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Leônidas Santana, disponível em http://www.flickr.com/photos/leonidas2009/6694660767/

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

OS DISCURSOS - 1. Do Pai



Escravos do Facebook (ou viciados?), lemos, todos os dias, os mais variados DISCURSOS, e é impressionante a diversidade de crenças, pensamentos, gostos e tendências.  Pode ser, até certo ponto, salutar.  Porém, algo me assusta: são aquelas pessoas com certezas absolutas, com receitas infalíveis e parâmetros de vida a serem imitados.

Aprendemos que o ser humano, para se comunicar, e até mesmo para existir, precisa de um OUTRO, a quem expressar suas palavras, suas articulações e as suas ideias.  Embora possa parecer uma coisa muito simples, igual àquela fórmula do “fala que eu te escuto”, a comunicação humana é uma atividade muito complexa, que PODE envolver sofisticadas relações de poder, SE o ouvinte não reconhecer a sua importância no processo, e ACEITAR o discurso que lhe é ditado, ou comandado.

Isso ocorre na política, onde o termo “discurso” é mais empregado, mas é mais comum nas relações de trabalho, ou familiares, ou religiosas.

Na família, até o começo dos anos 90 mais ou menos, o discurso era claro.  O pai dizia: NÃO PODE!  E não podia mesmo... Ele próprio seguia uma lógica, também clara, imposta pelo sistema que, de certa forma (autoritária) tutelava os cidadãos e fazia com que o interesse do Estado prevalecesse SEMPRE.

Durante os anos 90 e virada do século, esses preceitos começaram a ser questionados e os filhos nascidos naquela época já experimentaram uma outra postura paterna, supostamente mais democrática, compartilhada e tolerante.  Digo “supostamente” pois, na verdade, o que tem acontecido, na prática, é que, sob a pretensão de não repetirem os seus próprios pais, de não serem repressores, de não serem autoritários, os pais atuais, muitas vezes, aproveitam para... não fazer nada!

A criança faz pirraça.  Eu não posso dar uma palmada.  Logo: saio para tomar uma cerveja!  Quando eu voltar, a mãe, ou um genérico, dá um jeito: a criança dorme, e eu durmo.  Tranquilo.

Assim, se, antes, eu acatava o discurso do sistema e repetia que, se a coisa não andasse de acordo com a lei, o “couro” ia comer, agora, com a abertura democrática, e a exemplo dos novos governantes, aprendo a sábia lição da omissão.  Logicamente que os filhos, à medida que vão crescendo, também incorporam a ideologia do “tô nem aí” e, felizmente, os pais são os primeiros a sentir o efeito disso.  Infelizmente, a sociedade vem em seguida...

A forma como as pessoas acatam, introjetam e multiplicam os discursos vai determinar o curso de suas vidas, suas escolhas e suas neuroses.
Na semana que vem, mais discursos que, espero, vocês questionem e não acatem!

Crônica: Jorge Marin

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CASOS CASAS & detalhes



Sempre falamos com saudades dos "bons tempos", como se, apenas pelo fato de não termos responsabilidades, tudo fosse mais fácil.  No entanto, basta deitar num divã de psicanalista para elegermos esses mesmos tempos como a origem de todas as nossas neuroses.  Eram dias mais leves, com certeza, mas também eram tempos difíceis, com recursos escassos e informações limitadas.

Dessa forma, o Cine Brasil era a nossa Internet, e era o point para as paqueras, e era também um portal para outra dimensão, a dimensão onírica, a dimensão fantástica e aventuresca.  Lembro-me de um filme do Fellini (acho que Amarcord) onde as pessoas entravam num cinema onde não haviam poltronas, mas camas!  E o brilhante Federico (que, se vivo fosse, estaria completando, ontem, 92 anos) estava completamente certo: cinema é lugar de sonhar.

No Cine Brasil, eu, geralmente na companhia do Reynaldo Soares e do sr. José Henriques, dois cinéfilos inveterados, encontrávamos, TODOS AS NOITES, com Anita Ekberg, Sophia Loren, Gina Lollobrigida e, assim que completei os dezoito anos, Brigitte Bardot.  Cavalgamos também juntos, muitas, vezes, com John Wayne, James Coburn, Giulliano Gemma e o carrancudo Charles Bronson.

O Cine Brasil era a forma mais eficiente de sonhar com um mundo existente, mas, ao mesmo tempo mítico.  Transformado, hoje, no Centro Cultural Gabriel Procópio Loures (o Tio Gaby das nossas crônicas de sexta-feira), continua como um portal para a FANTASIA, embora cada vez menos pessoas consigam a chave.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

MEMÓRIAS DA SANTA FÉ: 2 - À noite, todas as rãs são pardas


NA SEMANA PASSADA, depois da longa travessia do Campo de Aviação, descíamos pelo pasto e chegávamos à Fazenda Santa Fé...

Brincávamos o dia inteiro, subindo naquela montanha de palha de arroz pra depois tomar um delicioso banho de bica. O negócio era tentar tirar do corpo aquela coceira infernal. Ficávamos tão desesperados com ela, que nos arranhávamos todos, na tentativa de coçar. E como fazer parar cessar os espirros? Aquela poeira recheada de ácaros só faltava nos matar.
Eu ficava fascinado com a quantidade de garnizés que existiam na fazenda. Eram muitos e de cores e tamanhos variados, que ficavam a brotar a todo instante por detrás de algum arbusto. Nunca mais vi coisa igual. Na época cheguei a ganhar um lindo casalzinho do Tio Gaby e confesso que foi inesquecível.

Lugar relaxante e de muita paz, embalado ao som compassado do velho Carneiro d’água, que ficava a bater ao longe sem cessar. Esse som, juntamente com o cantar das aves, preenchia o silencio do lugar dando um tom todo especial e acolhedor.

Diferentemente de nós, na época crianças, tio Gaby tinha toda uma preocupação ecológica. Não se podia entrar na fazenda com atiradeira, espingardinha de chumbo, alçapão ou outro artefato que viesse colocar em perigo os animais. Mas, infelizmente, vez ou outra, sem que o tio percebesse, isso inevitavelmente acontecia. E como aprendemos com tudo isso!

Certa vez, fomos eu e mais dois primos caçar rã à noite na fazenda. De antemão sabíamos que o tio não gostava, mas, como era bem tarde da noite e iríamos passar pelo campo de aviação, resolvemos mesmo temerosos, seguir em frente. Assim, após descermos com nossas lanternas pelo pasto e entrarmos na fazenda, conseguimos fazer uma boa caçada. Jamais imaginávamos que pudesse ser tão fácil... Puro engano! Qual não teria sido nossa surpresa, após subirmos o pasto de volta, com aquele saco cheio de rã?  Ao chegarmos novamente ao campo de aviação, simplesmente, nos deparamos com um veiculo Rural Willys azul e branco que, de faróis acesos em nossos rostos, estava de tocaia nos aguardando há horas. Ficamos sabendo posteriormente que estávamos sendo monitorados desde o começo da aventura. Alguns “puxões de orelha” e ainda pegaríamos uma carona com o tio até o centro.

NA SEMANA QUE VEM: os vizinhos e a hospitalidade da roça.  Imperdível!

Crônica: Serjão Missiaggia

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

DO MAL ATENDIMENTO E DO MAU ATENDENTE - FINAL


SOCORRO!  Vou mudar de assunto... Desde que comecei, aqui no BLOG, esta série sobre mal atendimento e maus atendentes, a coisa pirou aqui em casa: não só a geladeira estragou, como também a TV, o computador, o controle remoto da TV a cabo, além de não chegarem as encomendas de uma livraria virtual, de uma loja de brinquedos e de um outro lugar do qual nem me lembro mais.  É de se destacar que essas lojas deveriam ter mandado tais entregas antes do Natal!
Então, fica assim, não falo mais do mal atendimento (acabei esquecendo da operadora de telefonia!), e espero, sinceramente, que os aparelhos voltem, todos, a funcionar.
...
Gente, mas eu não resisto: antes de terminar, de uma vez por todas, a vingança contra os maus atendentes, eu TENHO que contar a última da geladeira.  Só pra refrescar (eu queria mesmo congelar) a memória de quem não leu as últimas postagens, a minha geladeira chegou, depois de dois meses do pagamento, com um amassado na porta.  Um mês depois, substituíram o bem por outra aparentemente normal, PORÉM, deixaram a defeituosa na minha cozinha que não é lá muito grande, ou seja, quando eu tinha que beber água, a pessoa que estava almoçando tinha que sair, e quase éramos obrigados a lavar a louça usando uma mangueira.
Quando levaram a peça antiga, enchemos o freezer de coisas para o Natal e aí... a geladeira parou de gelar.  Depois de muitas chamadas, que só funcionaram quando entrei no site Reclame Aqui, descobrimos que O GABINETE ESTAVA FURADO! Perdemos tudo o que estava no freezer, mas, na véspera do Natal, o novo gabinete chegou e pudemos gozar daquela maravilha tecnológica, exatamente como nos anos 60!  Até que... parou de gelar DE NOVO...
Depois de muita luta, chega o técnico, e pergunta:
- Senhor, o que é que o senhor estava tentando congelar?
- Uma bandeja de chup-chup (ou geladinhos, sei lá).  Depois de TREZE HORAS no freezer, continuam líquidos.
A resposta do técnico é surpreendente:
- Mas esse aparelho não é indicado para esse tipo de congelamento, pois isso configura o uso comercial do equipamento. 
- Pensei que, depois de comprar e pagar, a geladeira fosse minha – retruco.  E, depois de mais uns dez telefonemas, o cara acaba ignorando a parte filosófico-econômica e descobre que o problema é no interruptor da porta. E o troca.
Sobre o meu computador que queimou o HD e voltou com um novo, formatado de uma forma TOTALMENTE DIFERENTE da que pedi, não falo.  Nunca mais.

Crônica: Jorge Marin
Foto: disponível em http://www.thethirdcity.org/blog/2010/05/page/5/

DE DEZ EM DEZ MIL, SE CHEGA AOS CINQUENTA MIL!!!



Dia 27 de julho passado, recebemos o seguinte e-mail, do Sylvio Bazote, do BLOG http://historiasylvio.blogspot.com.br/ :
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Nois num é da Malhação, mas tamu tudu conectado também, uai!

Desta vez tive o prazer de ser o acesso 40mil! Acessei como 39999 e não resisti, cliquei em "Início" na parte de baixo da página e é nóis (no caso é eu).
Só que não fiz este acesso daqui de casa. Estava em outro lugar usando um computador Macintosh. Queria copiar a imagem para comprovar este momento histórico e, como não tinha um Print Screen naquele troço, fui pedir ajuda para um dos adolescentes em outro cômodo. Quando voltei, a Carolina (minha sobrinha) tinha aberto um jogo na aba onde estava o acesso. Descrição: :( triste

Fica aqui meu testemunho sem provas para os anais do Blog do Pitomba.

Abraço.
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Agora, há pouco, o mesmo colega, por sinal um HISTORIADOR, repetiu a dose:

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Parabéns para a dupla dinâmica  do Pitomba Blog, Jorge e Serjão, pelas 50 mil visitas.
Tive a sorte de ser o responsável pelo acesso 40 mil, mas dessa vez os deuses da Internet não me favoreceram e, ao acessar o blog agora, fui o visitante 50018. Fica para os 60 mil...

Motivo de satisfação e comemoração também para nós, leitores dessa agradável prosa digital, que ao longo do tempo fomos cúmplices dessa troca de instigantes causos e imagens, repletos de humor, sensibilidade e inteligência.

Que tenhamos ainda muito mais visitas para nos surpreendermos e divertir juntos em novas crônicas pitombenses.

Sylvio 

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 Quando ocorre um fato marcante no BLOG, o Serjão sempre me manda uma mensagem: “parabéns pra você pra mim”.  Hoje, honrados e agradecidos com o olhar, a atenção e o carinho dos leitores, é nossa vez de dizer:

- PARABÉNS PRA VOCÊS PRA NÓS!  Paz a todos...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

CASOS CASAS & detalhes







A virada do século XIX para o século XX foi uma revolução na cultura, na política e na economia, de uma forma talvez mais alucinante do que a nossa passagem ao século XXI.  Aqui em Minas, para termos uma ideia, ocorreu, com o fim do ciclo do café, o início do êxodo rural.  Foi deflagrado o processo de industrialização e aí, outra revolução: os empresários perceberam que a máquina a vapor estava com os dias contados.  Seguindo a tradição europeia, as máquinas industriais de Juiz de Fora eram movidas a eletricidade, uma novidade tecnológica que poucas cidades do país possuíam, mas que, na Manchester Mineira, como aprendemos na escola, deveu-se à instalação da "primeira usina hidrelétrica da América do Sul: a Usina de Marmelos".
Para atender às cidades de menor porte, já que os investimentos estrangeiros destinavam-se às cidades de grande porte, um grupo de empresários e homens públicos de Cataguases constituíram, em 1º de agosto de 1905, a COMPANHIA FORÇA E LUZ CATAGUAZES-LEOPOLDINA.  Construída a hidrelétrica, na Cachoeira da Fumaça de Piacatuba, o potencial atingiu 18 mil cavalos-vapor, o que permitiu o fornecimento de energia a outras cidades da região.
Como tivemos oportunidade de comentar aqui no BLOG, quando da postagem da Fábrica, o industrial Daniel Sarmento foi chamado para investir na CFLCL sob a forma de pré-venda de energia.  Com isso, lançavam, sem saber, as bases para o que seria a Bolsa de Mercadorias e Futuros, surgida quase oitenta anos depois.
Aqui em São João, a Força e Luz está presente na arquitetura do seu prédio que fez, faz e fará parte do nosso imaginário, das nossas recordações e da maioria dos nossos sonhos.  Afinal, FORÇA e LUZ é que todos queremos.

Fotos: Serjão Missiaggia.
Texto: Jorge Marin.


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

MEMÓRIAS DA SANTA FÉ: 1 - Uma Rural Willys azul e branca


Dias atrás, ao ver passar em frente minha casa uma carroça transportando alguns sacos de ração, e tendo em sua frente um pequeno cãozinho abrindo caminho, uma feliz lembrança me veio à mente: a inesquecível Fazenda Santa Fé!  Um lugar que, carinhosamente, era por nós conhecido como a ROÇA DO TIO GABY.
Pra ser sincero, faz quase vinte cinco anos que não dou uma chegada por lá, mas as lembranças são muitas, fantásticas e únicas.
Já na infância, a presença do Senhor Waldemar era marcante: um rústico e simpático senhor, que sempre de pés descalços, vinha à cidade todas as manhãs com sua carroça, trazer aquele leite fresquinho recém-ordenhado. Confesso que as rachaduras em seus pés me impressionavam muito, mas era assim que gostava de andar e assim que ficava. Vez ou outra, pegávamos uma carona com ele até a Roça. Na época, eram viagens longas e empoeiradas, onde o silêncio da estrada e o trotar do cavalo eram as únicas companhias.  Naquele balançar cadenciado e sonolento da carroça, víamos o tempo passar tão lentamente como se nem mesmo existisse. Dessa forma, após atravessarmos sob a imensa figueira que existia próximo ao Posto Garoupa, seguíamos felizes da vida rumo àquilo que seria pra nós o fim do mundo.
Muito comum era irmos também à roça com o Tio em sua possante RURAL WILLYS azul e branca. Torcíamos muito para que pudesse cair uma forte chuva para que, assim, pudéssemos curtir o Tio engatar a famosa TRAÇÃO NAS QUATRO RODAS e colocar uma Reduzida. Dessa forma, a danadinha da Rural só faltava subir em poste.
Muitas vezes escondidos de nossos pais, adorávamos ir pra roça a pé, usando o campo de aviação como atalho. Interessante lembrar que andávamos sempre descalços, sem camisa e era uma agradável rotina se deixar molhar pela chuva, espetar os pés em espinhos, pisar em bosta de boi e se arranhar ao tentar atravessar apressadamente cerca de arame farpado. Isso sempre acontecia quando estávamos fugindo de algum boi bravo ou vaca de bezerro novo.  Dessa maneira perigosa, e após passar por uma das ruas do Bairro Popular (onde, na época, nem casas existiam!), pegávamos uma trilha e alcançávamos o Campo.  Depois, era somente chegar ao final da pista, descer o pasto e chegar bem ao centro da fazenda.
NA SEMANA QUE VEM: Ecologia: que trem é esse?

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: disponível em http://ruralwillys.tripod.com/propagandarural/anunciorural59.jpg

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

DO MAL ATENDIMENTO E DO MAU ATENDENTE - 6


Enfim, consegui acessar esse ser que suscita tantas emoções e certezas: o DOTÔ.  Herança do nosso passado rural e resquício do paternalismo anterior ao “ecce homo” da segunda metade do século XX, o médico, junto com o pai e o sacerdote, ainda exercem, principalmente em nós, mais velhos, uma vontade inescapável de baixar a cabeça, num “sim, senhor” infantil e ridículo.
E esse médico, em questão, mostrou-se um digno representante da aristocracia hipocrática.  Após uns quarenta e cinco minutos da hora marcada para a consulta, interfonou para a secretária e informou que eu seria atendido.  Com aquele sorriso característico das atendentes, ela nos encaminhou, eu e minha esposa, até aquela câmara homeostática.
O Dotô nos saudou: boa noite, sentem-se por favor!  O assento destinado aos pacientes (eu quase já ia dizer clientes, que horror!) eram umas cadeirinhas, na verdade, um sofazinho baixo.  Sabem aquelas mesinhas nos restaurantes japoneses tradicionais, onde se come sentado sobre os joelhos?  Pois é, é mais ou menos daquela altura.  Eu, que tenho uma canelinha de quarenta centímetros, ainda fiquei com ela flexionada, enquanto o médico, sentado em sua poltrona de encosto alto, e atrás de sua mesa que, do chão, devia medir uns noventa centímetros, ficava balanço os pés.  Ou seja: aqui de baixo, eu quase não o via atrás da mesa e ele, por sua vez, se encostasse na cadeirona, não me via também.
Aproximando-se da mesa, ele pegou a radiografia (que o laboratório parceiro dele já havia encaminhado, lembram?) e sentenciou: eu não estou vendo nada aqui.  Qual a sua queixa?  Se ele já não viu nada na minha radiografia dos seios da face, como é que eu teria coragem de falar, como acabei falando, baixinho: sinusite?  Não, meu amigo – retrucou ele – isso, certamente, você não tem.
Envergonhado, tentei argumentar que poderia ser algum problema de bronquite, já que eu estava tendo um pouco de falta de ar.  Aí, acabei tomando outra descompostura: ah, meu senhor, mas aí eu não posso fazer nada, pois o senhor pegou apenas um pedido para seios da face.  O SENHOR TINHA QUE TER PEGADO UM PEDIDO PARA RAIO-X DO TÓRAX!  No entanto, vendo o meu desamparo, resolveu me conceder a benesse de um exame.
Passamos a uma salinha contígua onde pediu que me sentasse numa cadeira, também baixa, e foi examinar minhas narinas com um aparelho.  Pediu que me aproximasse.  NÃO TANTO ASSIM, por favor!  Afastei-me e ele, escrupulosamente, introduziu o aparelho nas minhas narinas e afirmou: é, como eu disse (na verdade, foi a radiografia), o senhor não tem nada de nariz!
Voltamos à sala onde o médico fez o pedido do exame de raio-X de tórax, passou a receita de um remédio para pingar no nariz (???) e um outro para a tosse.  Estou acabando de rasgar o tal pedido agora.  Vou esperar dois meses e marcar com o médico de minha confiança pois este, graças a Deus, ainda existe.
Na semana que vem, vou voltar ao assunto “refrigerador”.  Acreditam?

Crônica: Jorge Marin
Foto: Disponível em http://inverticiario.blogspot.com.br/

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

CASOS CASAS & detalhes






 
























Quando decidimos publicar as fotos do Trombeteiros na semana passada, falei para o Serjão: prepare-se pois vem reação aí!  Ele perguntou: será?  E não deu outra.  Já na terça, cedinho, recebi um e-mail na minha caixa com a epígrafe: INVENCÍVEIS E SIMPÁTICOS!  No texto, o leitor me pergunta, e eu transmito a pergunta aos leitores: VOCÊ SABE QUAL CLUBE SANJOANENSE VAI COMPLETAR, EM 2013, O SEU CENTENÁRIO?  Pois é, minha gente, no melhor estilo das inesquecíveis Batalhas de Confete, e com seus "alvos punhos de vistosa renda", o nosso querido CLUBE CARNAVALESCO DEMOCRÁTICOS vai completar os seus CEM ANOS de existência! A resposta que dei ao leitor foi: como esquecer o Democráticos?  Não há como fechar os olhos e lembrar de São João sem surgir, imponente, aquele prédio onde a maioria de nós passou os melhores anos de nossas vidas.  No Democráticos, participei, com o Pitomba, de memoráveis festivais.  Foi ali que estreei, sob a direção de Fernando Leiva, a minha primeira peça teatral. E na Boate Kako, vivemos a plenitude dos Anos Dourados.  PARABÉNS, DEMOCRÁTICOS, GALO DE BAM-BAM-BAM!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

NOSSA ARCA DE NOÉ 4 (FINAL)



NOS EPISÓDIOS ANTERIORES de Nossa Arca de Noé, vivenciamos aventuras animais, ataques felinos e lutas pela sobrevivência.  E isso tudo ali, quietinho, na Avenida Zeca Henriques.
Agora, como se não me bastasse, um imenso camaleão resolveu também fazer moradia no nosso terreiro. O bicho é tão grande que o apelidamos de CAMALLIGATOR.  Esse pequeno parente do jacaré fica todas as manhãs tomando sol no terreiro, esperando apenas abrirmos a porta para poder sair em disparada... PRA DENTRO DE CASA!  E, na cozinha, passa praticamente quase todo o dia.  Adora escorregar no liso da cerâmica e é hilário vê-lo tentar se locomover.  Patinhando sem parar, não consegue fazer tração nas quatro patas pra sair do lugar. Mas, se é isso que ele gosta, é isso que terá! Fazê o quê!
Após esse episódio, ficou decidido em urgente reunião que:
ARTIGO 1° - Aquelas mariposas bundudas ficarão, sempre, sobre os cuidados da esposa. Na última vez que tive coragem de espantar uma dessas, quase rolei pela escada da cozinha. Mal enxergando, eu andava com dificuldades, pois estava sobre a proteção de um daqueles cestos de roupa suja na cabeça.
Por sinal, este mesmo cesto de roupa, me ajudou recentemente, a salvar dois filhotes recém nascido de tesourinha. Indefesos, haviam acabado de cair de um ninho que estava no pé de Caqui.  MÃE TYRANNUS SAVANA, mais conhecida pelos galhos da vida como Mãe Tesoura (ô criaturinha brava essa!), não deixava ninguém se aproximar de seus indefesos filhotes, mesmos molhados e caídos no chão.  
Chovia muito e alguns gatos, possivelmente até descendentes daquela linhagem que invadiu de madrugada meus aposentos, começava espiar ao longe. Antecipando-me então ao banquete que logo viria, procuramos rapidinho com auxílio do tal CAPACESTO, improvisar uma nova moradia pra família. Depois dessa operação de salvar menores que não queriam ser salvos, acho que posso me candidatar ao cargo de pastor em qualquer seita.
Mas voltando ao assunto “insecta”, baratas e grilos ficarão sob minha jurisdição, com a prestimosa ajuda de meu filho.
À minha filhota, ficará a responsabilidade de monitorar as borboletas, mosquitos e pernilongos.
Ficou decidido também que, além das galinhas, pássaros e afins, somente LAGARTIXA terá o privilegio da imunidade (Ensinamentos do velho – e sábio - Tunin).
Para terminar, gostaria de aproveitar esta oportunidade para pedir ajuda a algum profissional entendido em comportamento animal. Se possível, um especialista em aves. Alguém da área da psicogalopatologia que pudesse explicar o sinistro sintoma que vem acometendo meu galo. Pavarote é meu garnisé e, ultimamente, vem entrando em paranoia quando percebe que sua parceira ameaça se acomodar no ninho pra botar um ovo. Alguém já viu isso? Começa num cacarejar incansável e ensurdecedor que vai aumentando à medida que o bendito objeto vai despontando. E quando o ovo aparece?  Ele entra em desespero e somente se acalma quando o dito intruso é resgatado ou alguém abre a porta do galinheiro pra que ele possa sair correndo. Sinceramente não sei o que pensar e muito menos o que fazer!
A famosa história do Gambasão* todos já conhecem. Poupem-me dessa...!
CRÔNICA E FOTO: Serjão Missiaggia
*A história do Gambazão foi publicada aqui no BLOG em fevereiro de 2010, nas Crônicas Galináceas.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

DO MAL ATENDIMENTO E DO MAU ATENDENTE - 5


NO CAPÍTULO ANTERIOR de “Mal Atendimento...”, prometi que, caso conseguisse marcar uma consulta, falaria dos médicos.  Adivinhem se é possível marcar uma consulta na semana do Natal e Ano Novo!
Dessa forma, vamos tentar entender o funcionamento do atendimento médico.  Médico, como vocês sabem, é uma profissão na qual a pessoa se gradua e, automaticamente, sem tese nem nada, já recebe o título de DOUTOR. Ou seja, quando vamos a um consultório médico, já ficamos em segundo plano, pois, o fato de sermos atendidos por um Doutor, já é uma glória.
Outra imposição cultural, que também glorifica a profissão médica, é a tal da especialização.  Antigamente, quando tínhamos uma dor de barriga, por exemplo, e não conseguíamos curá-la com nenhum chá caseiro, recorríamos a um médico.  Qual médico?  Nossas opções resumiam-se ao Dr. Nagib, ou ao Dr. Írio, ou Dr. Geraldo (já que o Dr. Veroaldo atendia mais crianças).
Hoje, quando temos uma dor de barriga, temos de decidir se vamos a um enterologista, ou a um gastro, ou a um cardiologista, ou a um urologista, ou a um pneumologista e outros.  Então, já na sala de espera, ficamos angustiados: meu Deus, e se eu escolhi a especialidade errada?
Sofri um problema aqui em Juiz de Fora que, pela experiência, julguei tratar-se de sinosite e fui procurar um otorrinolaringologista.  “Qual é o seu plano?” – é a primeira pergunta que a atendente faz.  De acordo com o plano, o atendimento pode ser marcado para dali a dois meses.  Se for SUS, ela já desliga na sua cara.  Depois de ligar para quase todos da minha lista do convênio, consegui marcar uma consulta para aquela mesma tarde.
Já meio ressabiado, porque marcar para o mesmo dia é um feito, fui orientado pela secretária a ir mais cedo ao consultório para pegar uma requisição de radiografia pois o Doutor só atendia com uma radiografia na mão.  Perguntou:  
- O que o senhor tem?
- Não sei – respondi – esperava descobrir isso aqui.
- Mas, senhor, o Doutor só atende com a radiografia na mão! E, como ele JÁ DEIXA AS REQUISIÇÕES ASSINADAS EM BRANCO, eu preciso saber se o senhor vai querer Raio-X do pulmão ou dos seios da face.
- O que você acha? – perguntei.
Após explicar que estava com febre, mas não estava tossindo, ela decidiu preencher o pedido de Raio-X dos seios da face, mas orientou que fosse feito na Clínica de Imagem dois andares abaixo pois, segundo ela, é aquela na qual o Doutor mais confia.  Posteriormente, conversando com o dono da churrascaria vizinha, descobri que a tal clínica dá, como brinde, aos médicos que mais lhes mandarem pacientes, uma inesquecível noitada de picanha e chope.
Desci e, tão logo transcorreram uns cinquenta minutos, fiz as chapas e fui correndo para casa, para me barbear, tomar banho.  Enfim, todas as providências para encontrar... O DOUTOR.  Vejam na semana que vem!
Ah, já ia me esquecendo: minha geladeira foi consertada na véspera do Natal, mas parou de gelar na véspera do Ano Novo...

Crônica: Jorge Marin
Foto: Mildor 666, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/#/d29o3er 

BRIGADU, GENTE!

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VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL