quarta-feira, 3 de outubro de 2012

FILMES QUE (INFELIZMENTE) EU NÃO VI NO CINE BRASIL

MEIA-NOITE EM PARIS


Eu andava meio desligado do cinema.  O mundo anda tão depressa e são tantos bits, zaps, carros de som e toques de celular que a gente meio que mergulha na Matrix e se acha... perdido.
Quando assisti a este filme de Woody Allen, “Meia-noite em Paris”, percebi muitas coisas em comum com o estilo do BLOG e dos nossos seguidores: o protagonista Gil (vivido por Owen Wilson, sem histrionismos) adora arte, literatura, Paris na primavera e tem uma certeza, quase uma obsessão: a de que a vida nos anos 20 na capital francesa era o máximo de glamour e liberdade, da mesma forma que nós, pitombenses, reverenciamos ao anos 70.
Aliás, a abertura do filme é espetacular, com uma sucessão de cenas parisienses tão belas e iluminadas, que nos faz esquecer o passado do diretor de fotografia, o iraniano Darius Khondji, responsável por filmes sombrios como Seven e Aliens, a Ressurreição.
Gil e sua (oficialmente) amada Inez (Rachel McAdams) estão em Paris, com os pais da moça, para comprarem alguns objetos para o enxoval dela e o que se percebe é que, enquanto Gil é um sonhador e nostálgico, Inez é seca, prática e consumista como convém a uma mulher moderna.  O sonho dele é morar em Paris; o dela é morar num bairro chique de Nova Iorque, como seus pais.
Como tais valores são inconciliáveis, numa noite em que Inez vai dançar com um amigo chato e pedante (não no ponto de vista dela), Gil resolve dar um passeio noturno e acaba se perdendo na cidade.  Cansado de tentar fazer os franceses prestarem informações em inglês, senta-se nas escadarias de uma igreja e, ao soar das doze badaladas, é convidado pelos passageiros de um Peugeot antigo a participar de uma festa na noite parisiense.  Só que com um detalhe: a festa está acontecendo em 1920!
Desse ponto em diante, o filme é um desfile de personagens da arte mundial: Scott e Zelda Fitzgerald, Hemingway, Gertrude Stein (ótima performance de Kathy Bates), Picasso, Dali, Cole Porter (ao vivo) e Luis Buñuel que recebe, de Gil, uma dica sobre um possível filme (O Anjo Exterminador) e fica totalmente bolado em saber por quê aquelas pessoas não saem da sala.  Na verdade, eu também sempre desconfiei que ele não sabia.
As festas se sucedem e os personagens se entrelaçam com Hemingway dando conselhos para Gil que, por sua vez, se apaixona pela namorada de Pablo Picasso, Adriana, chegando a roubar um par de brincos de sua noiva para levar para o passado.
No final o que o nosso personagem percebe é que, na verdade, assim como a sua inquietação, também os personagens dos anos 20 têm um desejo secreto: viver na Belle Époque do século anterior.  Avançando nos mecanismos do tempo, descobre-se que os artista do final do século XIX iriam curtir mesmo era a Renascença.
Quando percebe que a volta no tempo, ou a insatisfação com o momento presente, irão se perpetuar, Gil retorna a Paris do presente e ainda tem tempo de levar um papo com algumas mulheres do século atual, inclusive a mulher do ex-presidente francês.
Para mim, Woody Allen faz uma direção irretocável, chique e emocionante.  Quem não gosta desse gênero de filme, não há nada a fazer.  Mas quem gosta, adora.

Crítica: Jorge Marin
Foto: frame do filme divulgado em http://meneguelliandre.blogspot.com.br/

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