sexta-feira, 31 de agosto de 2012

DE SETE A SÓ-TENTA


Interessante como o tempo passa assim tão sorrateiro e rápido.  Ainda como se não bastasse, o danadinho, de quebra, insiste em querer nos arrastar com ele.  Digo arrastar, no bom sentido, porque, na realidade, querendo ou não, nos sentimos impotentes diante dessa realidade.  Uma situação um “tanto arbitrária” com a qual muita gente se sente incomodada.  Até que não seria nada mal se, pelo menos vez ou outra, esta cumplicidade soltasse as mãos e não andasse assim tão unida.  Mas, se para alguns, esta duplicidade se tornou um tanto incômoda, para outros, dependendo do ângulo de visão, tornou-se até benéfica e cômica.  E esta segunda opção, se não é das mais confortáveis, pelo menos entendo ser a mais sábia.
Mas deixemos o tempo um pouco de lado e vamos tentar focar um pouco mais no ARRASTÃO, ou seja, o antes, o durante e o depois dele.
 E quem não tem medo de Arrastão?  Arrastão é tudo aquilo que passa como vento para levar algo de precioso, que, no nosso caso, seria a juventude.  Nada contra a velhice, muito pelo contrário, acho até que, pelo simples fato de ter chegado tão longe, já seria a glória.  Vejo-a como o mais ambicioso lugar do pódio, onde a experiência adquirida ao longo da jornada se traduz na verdadeira vitória.

PARTE 01
Vamos dar uma chegadinha lá no comecinho do ARRASTÃO e explorar algumas das primeiras situações.  O ano é 1972.  Numa época em que chegar de madrugada em casa e empurrar a porta, que estaria escorada com uma cadeira, era muitíssimo natural.
 O telefone toca num final de semana qualquer.  Do outro lado da linha, meu amigo e FUTURO ARRASTADO de número 01 diz:
- E aí Serjão, a gente vai pra roça hoje?  Se não houver carona, vamos a pé mesmo!  Só temos que sair mais cedo e, se cair uma chuva, será melhor ainda. E continua:
- Aprendi a fazer um bronzeador que é tiro e queda.  É só misturar iodo com óleo pra bebê e ficar quarando no sol o dia todo.  E foi realmente um TIRO & uma QUEDA... de Pele.  Deus que me livre!  Fiquei escaldado e vermelho, transpirando calor e ardendo como brasa por três dias seguidos.  Por pouco não fui parar no hospital.
Ainda continuando falou:
- Já comprei a garrafa de pinga pra gente encher com passas, canelas e tomar antes do baile.  Vamos enterrá-la para que possa curtir um pouco e desenterrar aquela que deixamos semana passada do lado da Igreja do Rosário!  Lá mesmo a gente molha a garganta.  Vamos usar aquela nossa velha tática, ou seja, quando percebermos que o muro do hospital começou a fazer ondulações é porque chegou a hora da gente dar um tempo e descer correndo!
- Combinado! - disse a ele encerrando a conversa.
(O Arrastão continua na semana que vem...)

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Jazzy Lemon, disponível em http://jazzylemonade.deviantart.com/art/No-One-s-Getting-Younger-99956868

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