Interessante
como o tempo passa assim tão sorrateiro e rápido. Ainda como se não bastasse, o danadinho, de quebra,
insiste em querer nos arrastar com ele. Digo
arrastar, no bom sentido, porque, na realidade, querendo ou não, nos sentimos
impotentes diante dessa realidade. Uma
situação um “tanto arbitrária” com a qual muita gente se sente incomodada. Até que não seria nada mal se, pelo menos vez
ou outra, esta cumplicidade soltasse as mãos e não andasse assim tão unida. Mas, se para alguns, esta duplicidade se
tornou um tanto incômoda, para outros, dependendo do ângulo de visão, tornou-se
até benéfica e cômica. E esta segunda
opção, se não é das mais confortáveis, pelo menos entendo ser a mais sábia.
Mas
deixemos o tempo um pouco de lado e vamos tentar focar um pouco mais no ARRASTÃO,
ou seja, o antes, o durante e o depois dele.
E quem não tem medo de Arrastão? Arrastão é tudo aquilo que passa como vento para
levar algo de precioso, que, no nosso caso, seria a juventude. Nada contra a velhice, muito pelo contrário,
acho até que, pelo simples fato de ter chegado tão longe, já seria a glória. Vejo-a como o mais ambicioso lugar do pódio,
onde a experiência adquirida ao longo da jornada se traduz na verdadeira vitória.
PARTE
01
Vamos
dar uma chegadinha lá no comecinho do ARRASTÃO e explorar algumas das primeiras
situações. O ano é 1972. Numa época em que chegar de madrugada em casa
e empurrar a porta, que estaria escorada com uma cadeira, era muitíssimo
natural.
O telefone toca num final de semana qualquer. Do outro lado da linha, meu amigo e FUTURO
ARRASTADO de número 01 diz:
- E aí Serjão,
a gente vai pra roça hoje? Se não houver
carona, vamos a pé mesmo! Só temos que
sair mais cedo e, se cair uma chuva, será melhor ainda. E continua:
-
Aprendi a fazer um bronzeador que é tiro e queda. É só misturar iodo com óleo pra bebê e ficar
quarando no sol o dia todo. E foi
realmente um TIRO & uma QUEDA... de Pele. Deus que me livre! Fiquei escaldado e vermelho, transpirando
calor e ardendo como brasa por três dias seguidos. Por pouco não fui parar no hospital.
Ainda
continuando falou:
- Já
comprei a garrafa de pinga pra gente encher com passas, canelas e tomar antes
do baile. Vamos enterrá-la para que
possa curtir um pouco e desenterrar aquela que deixamos semana passada do lado
da Igreja do Rosário! Lá mesmo a gente
molha a garganta. Vamos usar aquela
nossa velha tática, ou seja, quando percebermos que o muro do hospital começou
a fazer ondulações é porque chegou a hora da gente dar um tempo e descer
correndo!
- Combinado!
- disse a ele encerrando a conversa.
(O Arrastão continua na semana que vem...)
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Jazzy Lemon, disponível em http://jazzylemonade.deviantart.com/art/No-One-s-Getting-Younger-99956868
Foto: Jazzy Lemon, disponível em http://jazzylemonade.deviantart.com/art/No-One-s-Getting-Younger-99956868
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