Postando
fotos antigas no Facebook, percebemos suspiros diversos e comentários
definitivos, quase todos concordantes com a aparente verdade que diz que
aqueles, sim, eram os “bons tempos”. Mas, afinal de contas, o que é que deu
errado? Por que os tempos anteriores
eram bons ou, pelo menos, melhores do que os de hoje?
Penso que
é porque éramos jovens e, como se sabe, dizem, a juventude é a melhor época da
vida, podemos tudo, estamos no auge, essas coisas. No entanto, eu pergunto: quem disse que a
juventude era tão maravilhosa assim ou tão superior assim? Tínhamos, é certo, mais disposição ou mais
inquietude, mas qualquer um pode se lembrar de colegas nossos que viviam
absolutamente deprimidos, ou em conflito, ou viciados ou desorientados.
Aliás, o
que mais havia era desorientação: vivíamos numa sociedade onde tudo era
completamente explicado, havia o certo e o errado e, naturalmente, quase tudo o
que desejávamos ardentemente era errado.
As decisões estavam todas num livro, normalmente sagrado, e a lógica não
era muito diferente das certezas absolutas de Luiz XIV.
O fato é
que o tempo passou e muita coisa aconteceu: transformações, viagens, paixões,
decepções, trabalho, muito trabalho, noitadas, baladas, ressaca, cansaço. Imenso, incomensurável cansaço!
É como se
o destino (karma?) tivesse reservado isso para nós. Dor? É
o destino. Decepção e desespero? Ah, é o seu karma.
GENTE,
NÃO É!
Vamos nos
despir de todo o saudosismo das coisas maravilhosas e também do entorpecimento
das dores que experienciamos, para verificar, que tudo o que vivemos até agora
é um desdobramento de nossas ações. O karma,
ao contrário do que se pensa, não se baseia numa sequência lógica de causa e
efeito. Fomos ensinados que, a toda
ação, corresponde uma reação. Mas,
quando o assunto é a aventura humana, a coisa não é bem assim. Ações nossas geram outras ações, muitas vezes
injustas (para nós) e até mesmo ilógicas.
Ou seja,
aquilo que acreditávamos no passado, que os honestos e trabalhadores serão
recompensados pela sua tenacidade e os perversos serão punidos pode até ser
verdade em um outro plano, porque, nesse universo de interações e “espertezas” políticas,
o que mais se vê são velhinhos safados morrendo na mais absoluta tranquilidade,
e trabalhadores morrendo na fila de espera do SUS.
E
aí? Isso significa o nada? Não, tudo isso que capturamos em nossa rede
de percepções e não entendemos bem, é para não entender mesmo. Já é tempo, e isso serve para todo mundo, de
parar de viajar na maionese das nossas angústias e autoindulgências.
Há que se
viver a vida. Agora! Hoje, como no tempo em que éramos jovens, não
tem como não se arriscar a viver delírios e delícias, mas também dores e
sofrimentos. O segredo, se existe um, é
prestar mais atenção aos nossos atos, aos nossos pensamentos e, principalmente,
às nossas palavras.
Assim,
devagar, cuidadosamente, e pacientemente, vamos perceber que tudo é agora e que
nada fica. Como diz meu parceiro e amigo
Serjão: e vamo que vamo!
(Crônica:
Jorge Marin)
Foto: Hippie Hanako disponível em http://browse.deviantart.com/photography/?order=9&q=karma&offset=48#/demm6d
Foto: Hippie Hanako disponível em http://browse.deviantart.com/photography/?order=9&q=karma&offset=48#/demm6d
Concordo com seu raciocínio Jorge!
ResponderExcluirAcredito que o sentido da vida é aquele que conseguimos dar a ela. Não exite um plano superior, previamente traçado. O que vivemos é um misto de acaso, sorte e esforço.
E se não existir vida após a morte ou um motivo cósmico e transcendente? Quer dizer que não vale a pena viver? Cada um que perceba ou crie a beleza de ser o que é e do que o cerca.
É possível sim ser feliz no paraíso com reumatismo! Se fomos felizes quando jovens e a máquina está meio gasta e enferrujada, sendo necessário umas gambiarras para ela continuar funcionando, o negócio é ser grato pela oportunidade de poder continuar nossa viagem, tocar em frente (mesmo que mais devagar e com algumas paradas), aproveitar o caminho e esperar que as próximas curvas da estrada revelem lindos lugares.