Foto por Montrè Jamal Saunders
Em
certo momento do filme “Batman: o Cavaleiro das Trevas ressurge”, a Mulher Gato
(interpretada atleticamente por Anne Hathaway) confessa a Bruce Wayne (Christian
Bale) o seu grande propósito, a sua meta, que permitiria, inclusive, que ela
pudesse encerrar sua carreira de (pequenos) crimes: um software que tem o poder de apagar, em todos os registros
existentes, todas as informações, digamos, desabonadoras, sobre Selina Kyle,
nome civil da gata. Nome do
software? Ficha Limpa!
Na
plateia, alguém gritou: BRASIIIIL! E eu
fiquei pensando se, na verdade, o diretor Christopher Nolan não teria, a
exemplo de Stallone, feito um estágio por aqui, para atualizar-se quanto às
maldades. Na verdade, a suposição parece
verdadeira. Neste último episódio da
atual saga, Gotham City é uma cidade onde o terrorismo urbano corre solto, a
impunidade impera e onde as aparências enganam.
Teoricamente os bandidos estão todos na cadeia, e não há mais motivo
para a volta de Batman, tanto é que o morcegão pouco aparece no filme. Na verdade, o pacto social é mantido graças a
uma mentira (de que um antigo político Harvey Dent teria sido um herói), o
agora comissário Gordon (Gary Oldman) ajuda a manter a farsa para garantir o
seu posto, o prefeito (Nestor Carbonell), mesmo na iminência da explosão de uma
bomba, armada pelo arquivilão sem-graça Bane (Tom Hardy), declara que
está tudo bem na cidade! Tudo isso não
nos parece familiar?
O
filme, também roteirizado por Nolan e seu irmão Jonathan, funciona como um jogo
de futebol com 80 minutos em cada tempo.
No primeiro tempo, participamos de algumas cenas de uma operação malsucedida
da CIA em algum país do mundo e podemos conhecer o Bane, com certeza o mais
desinteressante dos inimigos do Batman. Ainda
no primeiro tempo, ficamos sabendo que Bruce Wayne está sofrendo de depressão e
recluso em sua Mansão Wayne com o sempre fiel mordomo Alfred (Michael Caine).
No segundo
tempo, no entanto, o bicho pega! É um
dos finais de filme mais eletrizantes e mais tensos, talvez mais até do que o
meu campeão que é Aliens2. Só para
resumir: Bruce Wayne foi jogado numa prisão asiática em forma de poço onde
ninguém (exceto Bane) conseguiu escapar, enquanto Bane aprisionou toda, ou
quase toda, a polícia de Gotham: ficaram de fora, o comissário Gordon e o
soldado Blake (Joseph Gordon-Levitt), que vai protagonizar a cena final do
filme. Para completar, Bane consegue
pressionar Miranda (Marion Cotillard), uma ficante do Bruce e o cientista
Lucius (Morgan Freeman) e obter o arsenal bélico das empresas Wayne, com
direito a armar uma bomba nuclear, além de libertar todos os criminosos perigosos
que o Batman havia prendido.
Com o
visual dark de Wally Pfister, que trabalhou com o diretor em “A origem”, Batman
Ressurge é um filme-limite, que mistura caos urbano, ameaça nuclear e até uma
Batemoto que roda de lado. A trilogia chega ao fim e, a exemplo, de
Bruce
Wayne, ao fundo do poço. Mas é um grande
filme, talvez não tão fantástico quando O Cavaleiro das Trevas de 2008, nem com
um vilão tão inesquecível como o Coringa, mas, certamente, tira o fôlego, e
depois de 164 minutos de humor zero, até que tem um final surpreendente, quase
romântico.
(Crítica:
Jorge Marin)
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