sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

RELEITURAS: O MASSACRE DA FÁBRICA DE MACARRÃO II

Frame do filme Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock.


Dentro da fábrica de macarrão, era como se nada houvesse acontecido. As máquinas, inertes, pareciam carcaças de animais pré-históricos deixados ao saber das eras. Supunha-se um silêncio total, no entanto, quebrado por risadinhas adolescentes, iluminadas pela chama de uma antiga lamparina. Entediados, perguntavam-se quem poderiam ser as vítimas de seu terrível plano de transformar aquele mausoléu macarrônico numa fantasmagórica casa mal assombrada. Quem? Quem?
Ainda com a bruxuleante lamparina nas mãos, os rostos dos dois planejadores se iluminaram, num pacto diabólico, chegando no mesmo instante a uma conclusão. Não haveria ninguém melhor do que: Sílvio Heleno e Dalminho. Tá certo, os dois planejadores reconheciam-se, eles próprios, medrosos, mas pensavam que os outros dois eram ainda mais. E isso só o tempo diria. Às vezes, de uma forma brutal... 
O passo seguinte seria definir qual tecnologia, eficiente e barata, seria usada nas diversas simulações e efeitos especiais. Ficou decidido que seria usada a conhecida linha dez, nas cores correspondentes a cada parede da referida montagem. Uma lanterninha de pilhas fracas seria a única fonte de luz, que ficaria, naturalmente, nas mãos do Serjão e do Nenê, para não revelar para os dois não iniciados, os falsos episódios sobrenaturais que iriam se manifestar.
Aos poucos, estava sendo montando o palco e o grande teatro macabro logo iria acontecer. O dia foi cheio de trabalho, esticando linha, pois tudo era muito bem calculado e ensaiado... Nada poderia sair errado... Caso acontecesse algum erro, seriam os dois zelosos amigos que acabariam pagando o mico. 
O silêncio dentro do prédio, era aterrador. Qualquer som, por menor que fosse, chamaria logo a atenção, pois a acústica perfeita, o faria ecoar a metros de distância, constituindo-se em mais uma opção de efeito especial, no caso sonoro. 
Finalmente, as cobaias foram chamadas. Como dois frangos que vão para o abate, chegaram com o riso nervoso de sempre. Serjão foi o primeiro a falar: disse que haviam escutado alguns comentários de que aquele local teria sido um cemitério no século passado, e que barulhos estranhos costumavam a acontecer, lá dentro, de forma inexplicável. 
A noticia se espalhou como uma bomba! Todos ficaram apreensivos e assustados. Queriam, a qualquer custo, abortar a aventura e, o que é pior, não queriam nem mesmo passar lá perto. Mas, após muita insistência e negociação, apelando até para o instituto da macheza, naquela época ainda em uso, os dois astutos fabricantes de sustos conseguiram convencer os dois reticentes amigos.
E AGORA: O QUE ACONTECERÁ? Conseguirão Serjão e Nenê fazer os dois colegas de conjunto se assustarem, apesar da coragem dos dois (até que se prove o contrário)? É possível um ser humano ser habilmente conduzido ao medo? Ou tudo irá por água (de macarrão) abaixo? E, afinal, quem roubou o diamante do João Coragem?
A resposta a essas perguntas, mas nem de todas, fará arrepiar as espinhas dorsais dos mais fracos e levará um suor frio à testa dos que se dizem fortes. Vai ser massa!

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

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