Dentro da fábrica de macarrão, era como se nada houvesse
acontecido. As máquinas, inertes, pareciam carcaças de animais pré-históricos
deixados ao saber das eras. Supunha-se um silêncio total, no entanto, quebrado
por risadinhas adolescentes, iluminadas pela chama de uma antiga lamparina.
Entediados, perguntavam-se quem poderiam ser as vítimas de seu terrível plano
de transformar aquele mausoléu macarrônico numa fantasmagórica casa mal
assombrada. Quem? Quem?
Ainda com a bruxuleante lamparina nas mãos, os rostos dos dois planejadores se iluminaram, num pacto diabólico, chegando no mesmo instante a uma conclusão. Não haveria ninguém melhor do que: Sílvio Heleno e Dalminho. Tá certo, os dois planejadores reconheciam-se, eles próprios, medrosos, mas pensavam que os outros dois eram ainda mais. E isso só o tempo diria. Às vezes, de uma forma brutal...
O passo seguinte seria definir qual tecnologia, eficiente e barata, seria usada nas diversas simulações e efeitos especiais. Ficou decidido que seria usada a conhecida linha dez, nas cores correspondentes a cada parede da referida montagem. Uma lanterninha de pilhas fracas seria a única fonte de luz, que ficaria, naturalmente, nas mãos do Serjão e do Nenê, para não revelar para os dois não iniciados, os falsos episódios sobrenaturais que iriam se manifestar.
Aos poucos, estava sendo montando o palco e o grande teatro macabro logo iria acontecer. O dia foi cheio de trabalho, esticando linha, pois tudo era muito bem calculado e ensaiado... Nada poderia sair errado... Caso acontecesse algum erro, seriam os dois zelosos amigos que acabariam pagando o mico.
O silêncio dentro do prédio, era aterrador. Qualquer som, por menor que fosse, chamaria logo a atenção, pois a acústica perfeita, o faria ecoar a metros de distância, constituindo-se em mais uma opção de efeito especial, no caso sonoro.
Finalmente, as cobaias foram chamadas. Como dois frangos que vão para o abate, chegaram com o riso nervoso de sempre. Serjão foi o primeiro a falar: disse que haviam escutado alguns comentários de que aquele local teria sido um cemitério no século passado, e que barulhos estranhos costumavam a acontecer, lá dentro, de forma inexplicável.
A noticia se espalhou como uma bomba! Todos ficaram apreensivos e assustados. Queriam, a qualquer custo, abortar a aventura e, o que é pior, não queriam nem mesmo passar lá perto. Mas, após muita insistência e negociação, apelando até para o instituto da macheza, naquela época ainda em uso, os dois astutos fabricantes de sustos conseguiram convencer os dois reticentes amigos.
E AGORA: O QUE ACONTECERÁ? Conseguirão Serjão e Nenê fazer os dois colegas de conjunto se assustarem, apesar da coragem dos dois (até que se prove o contrário)? É possível um ser humano ser habilmente conduzido ao medo? Ou tudo irá por água (de macarrão) abaixo? E, afinal, quem roubou o diamante do João Coragem?
A resposta a essas perguntas, mas nem de todas, fará arrepiar as espinhas dorsais dos mais fracos e levará um suor frio à testa dos que se dizem fortes. Vai ser massa!
(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
Ainda com a bruxuleante lamparina nas mãos, os rostos dos dois planejadores se iluminaram, num pacto diabólico, chegando no mesmo instante a uma conclusão. Não haveria ninguém melhor do que: Sílvio Heleno e Dalminho. Tá certo, os dois planejadores reconheciam-se, eles próprios, medrosos, mas pensavam que os outros dois eram ainda mais. E isso só o tempo diria. Às vezes, de uma forma brutal...
O passo seguinte seria definir qual tecnologia, eficiente e barata, seria usada nas diversas simulações e efeitos especiais. Ficou decidido que seria usada a conhecida linha dez, nas cores correspondentes a cada parede da referida montagem. Uma lanterninha de pilhas fracas seria a única fonte de luz, que ficaria, naturalmente, nas mãos do Serjão e do Nenê, para não revelar para os dois não iniciados, os falsos episódios sobrenaturais que iriam se manifestar.
Aos poucos, estava sendo montando o palco e o grande teatro macabro logo iria acontecer. O dia foi cheio de trabalho, esticando linha, pois tudo era muito bem calculado e ensaiado... Nada poderia sair errado... Caso acontecesse algum erro, seriam os dois zelosos amigos que acabariam pagando o mico.
O silêncio dentro do prédio, era aterrador. Qualquer som, por menor que fosse, chamaria logo a atenção, pois a acústica perfeita, o faria ecoar a metros de distância, constituindo-se em mais uma opção de efeito especial, no caso sonoro.
Finalmente, as cobaias foram chamadas. Como dois frangos que vão para o abate, chegaram com o riso nervoso de sempre. Serjão foi o primeiro a falar: disse que haviam escutado alguns comentários de que aquele local teria sido um cemitério no século passado, e que barulhos estranhos costumavam a acontecer, lá dentro, de forma inexplicável.
A noticia se espalhou como uma bomba! Todos ficaram apreensivos e assustados. Queriam, a qualquer custo, abortar a aventura e, o que é pior, não queriam nem mesmo passar lá perto. Mas, após muita insistência e negociação, apelando até para o instituto da macheza, naquela época ainda em uso, os dois astutos fabricantes de sustos conseguiram convencer os dois reticentes amigos.
E AGORA: O QUE ACONTECERÁ? Conseguirão Serjão e Nenê fazer os dois colegas de conjunto se assustarem, apesar da coragem dos dois (até que se prove o contrário)? É possível um ser humano ser habilmente conduzido ao medo? Ou tudo irá por água (de macarrão) abaixo? E, afinal, quem roubou o diamante do João Coragem?
A resposta a essas perguntas, mas nem de todas, fará arrepiar as espinhas dorsais dos mais fracos e levará um suor frio à testa dos que se dizem fortes. Vai ser massa!
(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
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