sexta-feira, 26 de agosto de 2011

NOSSO MUNDÃO E NADA MAIS

Foto publicada no blog poetasindependentes.blogspot.com

Chegamos ao famoso Beco onde, ainda hoje, mora com sua família, o amigo Luiz Paula (Arruda).
Podemos dizer que aquele pedaço de rua era o centro nervoso de nosso Mundão. Nele tudo acontecia. Na época, somente moravam ali: a família do casal Sr. Luiz Paula e dona Terezinha (Totonho, Luiz Arruda, Beto, Marcinho, Quinquinho e Fernandinho), além da casa do Sr. Benjamim. No bequinho menor, moravam o Sr. Laureto e o Sidnei Baptista, o China. Abro aqui um pequeno parêntese pra dizer que guardo na memória, com muito carinho, a família do Sr. Luiz Paula e dona Terezinha, pois teria sido, sem sombra de dúvidas, minha segunda casa na infância.

No espaço onde hoje se encontra o único prédio do beco, havia um enorme terreiro que pertencia ao Dr. Nico. Muitas bananeiras e um imenso pé de eugênia ficavam separados do beco apenas por uma pequena cerca. Ali, algumas incursões atrás de frutas sempre aconteciam.
Ainda não havia calçamento nas ruas, e ficávamos que era poeira pura. E olhem que naquele tempo nem existia maquina de lavar!
Batíamos pelada na calçada marcando as traves com pedras. Cansei de chegar em casa sem a unha do dedão. O Sr. Devolde que o diga!
No porão da casa do Arruda, brincávamos de pique esconde, enquanto, no terreiro, vivíamos atravessando a cerca de bambu para passar para o lado do Renatinho. Lá também, existia, entre uma e outra coisa, um misterioso porão.

Certa vez, comemos espinafre na horta da dona Terezinha.
Nossa intenção era ver, em loco, o efeito mágico daquela hortaliça.
Assim, um de nós foi amarrado no tronco de uma mangueira pelo Renatinho. As horas passavam, e nada... O espinafre não fazia efeito e a cobaia não conseguia, de jeito nenhum, arrebentar a corda. Como a coisa não se manifestava, o Renatinho simplesmente atravessou a cerca e foi embora, deixando sozinho nosso pobre projeto de Popeye pedindo socorro amarrado na mangueira. Se alguém não o desamarrou, possivelmente deverá estar preso lá até hoje.

Na primeira casa do beco, que ficava bem em frente ao Miguel Fan, moravam o Sr. Carlito e sua esposa, dona Geralda. Em seu terreiro, existia um pé de mamão onde ficávamos diariamente, pra pedir alguns talos para que pudéssemos fazer setinhas de papel e poder soprá-las em alguma caixa de marimbondo. Por sinal, era um brinquedo que gostávamos muito. Habilidade é que não nos faltava, principalmente quando enrolávamos as tiras de papel para transformá-las em projéteis. Assim, depois de uma sutil lambida para fazer o acabamento, era só colocar no canudinho e, literalmente, mandar bala. Hoje, vemos o quão perigosa era esta brincadeira, especialmente para os nossos olhos. E o mais interessante é que ninguém nunca se machucou com ela.

Na próxima semana: a mansão Picorone, o Mangueira e o córrego que, naquele tempo, tinha beirada. Não percam!

(Crônica: Serjão Missiaggia)

4 comentários:

  1. Neste momento do texto não poderia deixar de lembrar e fazer um breve comentário sobre meu inesquecível amigo Beto. Meu grande parceiro na infância. Foram momentos mágicos que ficaram eternamente guardados com muito carinho no lado esquerdo do peito.
    Serjão Missiaggia

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  2. Bom demais lembrar de todo aquele tempo mágico. O meu espaço infantil foi praticamente o seu, porém alguns anos antes. Conheço cada canto daquele beco e o conheci mais jovem do que este que você descreve, imagine! No meu último comentário escrevi que cheguei a ver a casa do sr Miguel Fan ser construída.
    E as crinças de hoje? Na Zeca Henriques ainda tem crinças, é claro. Onde elas brincam?
    Mika

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  3. Serjão,
    Esta casa do Luiz Paula era uma coisa muito especial, mas a minha lembrança lá vivida é mais importante do que a do Nilson: foi no dia 15 de novembro de 1972 quando eu e o Luiz fomos na casa da Irene, que ficava ali na esquina, fazer um trabalho escolar, mas tivemos que ir embora porque iria ter jogo entre os nossos times - Botafogo x Flamengo - e não estávamos nos concentrando devidamente. Naquele dia fantástico (era aniversário do Flamengo), nosso Fogão lascou, simplesmente, 6 x 0!!! Gols de Jairzinho (3), Fischer (2) e Ferreti. Jamais vou esquecer este dia Glorioso vivido na casa do Luiz.

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  4. Luiz Paula disse ...

    Amigo Serjão. Agradeço a você, do fundo de meu coração, pela lembrança de nossa infância, bem como pelas palavras carinhosas que foram colocadas quando se referiu a toda minha família. Somente as pessoas iluminadas, assim como você e toda nossa turma meu amigo, teria a sensibilidade de ingressr no túnel do tempo, dando-nos a oportunidade de reviver a infância maravilhosa que tivemos. Quem teve uma infância como a nossa pode considerar-se um privilegiado. Foram momentos divinos que o tempo não apagou. Quem dera poder viver tudo novamente.

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