quarta-feira, 9 de março de 2011

VIOLÊNCIA TEM SOLUÇÃO? - II

Arte digital por Matthew Johnathan

Na semana passada, tentávamos identificar o fenômeno da violência, esta praga que nos cerca, nos ameaça e da qual temos enorme dificuldade em nos livrar. Mais do que um estudo psicológico, ou uma avaliação de comportamento, o que queremos é descobrir a forma de nos livrarmos completamente da violência, e de estar atentos para evitá-la sempre.
A primeira coisa a fazer é: não se destacar da humanidade. Estamos tentando, o tempo todo, nos destacar do “resto”, dizendo que as pessoas são assim ou assado, têm este ou aquele defeito, mas eu, não, eu não sou igual aos outros. Digo, por exemplo, “sou católico”, como se este fato me atribuísse algum tipo de superioridade em relação aos outros seres, crentes ou não. Ao me destacar dos demais, crio, através do conflito e do preconceito, condições propícias para a violência. E o pior é que eu nem me dou conta disso.
Psicólogos e outros estudiosos do comportamento humano têm dividido opiniões: uns dizem que as pessoas já nascem violentas, outros dizem que as pessoas se tornam violentas conforme o contexto sócio-cultural em que são criadas. O fato é que, independente de sua origem ou de seu motivo gerador, somos todos seres violentos.
E isto fica claro no dia a dia. Quantas vezes experimentamos uma das expressões da violência – a raiva – como se fosse uma coisa corriqueira, e até justificável? Se um motorista me “fecha” no trânsito, fico com raiva, e entendo que é uma raiva justa, natural. Se meu chefe me destrata em público, ou se uma pessoa critica minha religião, experimento uma raiva que classifico como lógica. Mas, será que existe raiva justa, raiva natural, raiva lógica? Ou tão somente raiva?
O problema é que estamos sempre justificando a raiva (que é uma forma de violência), dizendo: “tenho que proteger meus direitos” ou “tenho que dar meu testemunho” e outras justificativas. Ou, por outro lado, mergulhamos na culpa, e nos penitenciamos, dizendo: “não devia ter ficado com raiva da minha mãe” ou “que idiota eu fui em ter deixado minha raiva aflorar!”
Mas, enquanto estamos condenando ou defendendo o sentimento, não conseguimos olhar para ele, de forma clara, desperta, desapaixonada. Este é o problema: nós temos condição de avaliar, de forma imparcial, uma pessoa a quem amamos, ou uma a quem odiamos? Pois o mesmo acontece com a raiva, e com qualquer outro sentimento: por ser parte de mim, é muito difícil avaliá-la sem atribuir-lhe nenhum afeto. Mas, é preciso ser objetivo: aqui estou eu, brasileiro, ou americano, ou árabe, olhando para a raiva, e tentando me livrar dela, tenha ela nascido comigo, ou sido herdada da minha família.
Para fazer isto, eu não posso, simplesmente, reprimir a violência, negá-la, dizendo: “sei que ela faz parte de mim, mas eu não a quero”. Negar a violência é como negar o umbigo. Não adianta fazer de conta que ela não existe. Ou, também, que ela é uma coisa natural. O câncer também é uma coisa natural, e nem por isso, desejável. Para tratar da violência, é preciso estar em contato com ela, estudá-la, sem preconceitos.
(continua)

(Crônica: Jorge Marin)

3 comentários:

  1. Jorge, acredito sim que da mesma forma que respiramos, comemos, ouvimos, etc a raiva entra aí nesse meio, faz parte desse PACOTE. Nunca vi e acredito que nunca verei NINGUÉM que consiga viver sem que tenha ou simplesmente demonstre com o franzir da testa, o rubor da face até mesmo o respirar mais forte e mais profundo, ainda que não chegue a atacar, bater em ninguém. Creio ser a raiva MAIS UM de nossos sentimentos que naturalmente, ainda que queiramos, nem sempre conseguimos controlá-lo.
    Costumo dizer que enquanto haviam poucas pessoas no mundo as coisas eram diferentes( em vários aspectos)mas principalmente na ambição que atualmente leva as pessoas a cometerem as mais bárbaras atitudes. Com o EXCESSO de gente creio estarem também em excesso A FALTA DE GENTILEZA, A RAIVA, A AMBIÇÃO, A CORRUPÇÃO e etc... Meu amigo Jorge! Aquela época em que saíamos do ginásio do SôUbi com um livrinho debaixo do braço e ficávamos batendo papo, fumando as vinte, ouvindo UMA OU DUAS musiquinhas novas rsrsrsrsr nossa raiva praticamente passava quase que desapercebida láááá na outra esquina.Não tem mais como, meu caro!!!
    MAZOLA

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  2. Jorge, acredito sim que da mesma forma que respiramos, comemos, ouvimos, etc a raiva entra aí nesse meio, faz parte desse PACOTE. Nunca vi e acredito que nunca verei NINGUÉM que consiga viver sem que tenha ou simplesmente demonstre com o franzir da testa, o rubor da face até mesmo o respirar mais forte e mais profundo, ainda que não chegue a atacar, bater em ninguém. Creio ser a raiva MAIS UM de nossos sentimentos que naturalmente, ainda que queiramos, nem sempre conseguimos controlá-lo.
    Costumo dizer que enquanto haviam poucas pessoas no mundo as coisas eram diferentes( em vários aspectos)mas principalmente na ambição que atualmente leva as pessoas a cometerem as mais bárbaras atitudes. Com o EXCESSO de gente creio estarem também em excesso A FALTA DE GENTILEZA, A RAIVA, A AMBIÇÃO, A CORRUPÇÃO e etc... Meu amigo Jorge! Aquela época em que saíamos do ginásio do SôUbi com um livrinho debaixo do braço e ficávamos batendo papo, fumando as vinte, ouvindo UMA OU DUAS musiquinhas novas rsrsrsrsr nossa raiva praticamente passava quase que desapercebida láááá na outra esquina.Não tem mais como, meu caro!!!
    MAZOLA

    macaquinho desgraçado de feio, hein?!!!!

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  3. Desculpe a dupla postagem. NÃO FIQUE COM RAIVA HEIN JORGE! Já pedi desculpas , pô!!
    MAZOLA

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