quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

BIG BAD BRASIL

Cena do videogame The Sims

Começou o Big Brother Brasil mais uma vez e, de novo, somos nós que, mesmo não assistindo ao tal reality, somos atingidos pelos comentários e manchetes dos feitos dos participantes do dito zoológico humano.
O programa, embora tido atualmente como uma das piores audiências de sua história, é visto por cerca de um milhão e seiscentos mil telespectadores, o que o coloca como fenômeno de massa. Ou seja, temos que, inicialmente, reconhecer que há um público imenso ávido por assistir o que se passa na famosa casa. Até aí, nada demais, já que os consumidores de crack, por exemplo, devem superar esta multidão de aditos aí de cima e, nem por isso, resolvemos colocar nosso cachimbinho em ação.
Outra questão levantada, quando se fala no programa, é sobre a moral e a ética. Será que é imoral colocar no dia a dia dos lares (que se dispõem a sintonizar o canal) um transexual que se prostituía na Europa? Ou incentivar o beijo gay entre duas participantes? Ou divulgar, para os assinantes de pay per view, cenas de sexo explícito? Ora, sabemos que a moral é algo que se constroi dentro do processo histórico e que, fora do dogmatismo, é muito difícil dizer o que é certo e o que é errado.
Por isso, recorremos, nem todos, à Ética, que trata da reflexão sobre estas mudanças históricas que vão alterando nossa maneira de conviver com nossos semelhantes, através dos tempos. Eu disse “nem todos”, porque o diretor do BBB afirmou, numa de suas citações bombásticas no Twitter, que, como não é jornalista, não precisa ser ético. Convenhamos que, embora possa dizer que esta declaração é só uma piada, um chiste, é uma afirmação, no mínimo, perigosa para um pai de três filhos (de 25, 12 e 3 anos).
Mas, por que renegar a Ética pode ser assim tão perigoso para as relações humanas? É que, renegando-a, ou fazendo de conta que ela não existe, vamos entregar nossos filhos, de bandeja, para os perversos, que, ao contrário do que se pensa, não são aquelas pessoas “do mal” a que nos acostumamos a ver nos antigos filmes de mocinhos e bandidos. Os perversos, que são atualmente chamados pelo bonito nome de portadores do Transtorno de Personalidade Antissocial, são, como descrito por Ana Beatriz Barbosa Silva, no livro Mentes perigosas, pessoas frias, insensíveis, manipuladoras, perversas, transgressores de regras sociais, impiedosas, imorais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão, culpa ou remorso”.
Epa, mas não seriam estes os pré-requisitos para um participante exemplar do Big Brother? Ao que tudo indica é o que desejam os produtores do programa, e são características estimuladas pelo apresentador do mesmo que, travestido de poeta e filósofo, tenta dar um verniz épico, ao que é apresentado como travessura mas, na realidade, se trata de atropelar qualquer um que atravesse seu caminho na busca do prêmio milionário.
Então, não se trata aqui de uma cruzada moralista, mas de uma manifestação higiênica. Sabemos que os hábitos vão se tornando, com o tempo, mais liberais e mais permissivos. Isto é fato. No entanto, não temos que criar shows estimulando todas as formas de perversão, que é uma doença e, pior, uma doença social que chega a matar. E quem assiste televisão, sabe muito bem disto.
Qual seria a solução? Censurar? Penso que não. A censura, para mim, é semelhante àquele grupo de manifestantes pela vida, que mataram o médico na porta da clínica de abortos.
A solução, para quem se preocupa com a qualidade da vida, é não ligar... a TV, é claro. E esperar que os patrocinadores façam o resto.

(Crônica: Jorge Marin)

2 comentários:

  1. Jorge,

    Achei em boa hora repetir quase que na integra este comentário que fiz no blog do amigo Zé Carlos:

    “Por quais motivos a maioria desses meios de comunicação, que a cada dia vem disseminando com tamanha naturalidade certos valores, não procuram, por segundos sequer, mencionar palavras como: Respeito, Fidelidade, Dignidade e principalmente Família? Por que não dar uma chance pra que valores opostos também se manifestem?
    “A mídia é uma arma poderosíssima, que estando nas mãos de pessoas Tementes a Deus, poderá colaborar e muito com o destino da humanidade.”
    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Assisti as primeiras 3 ou 4 edições do Big Brother. Estava curioso sobre o processo. Depois disso perdi o interesse, pois percebi que as intrigas e dúvidas inerentes ao convívio entre as pessoas envolvidas eram razoavelmente parecidas, portanto tornou-se monótono para mim.
    Já na época achava que o programa era uma forma de “oficializar” o questionável hábito de reparar na vida alheia com o único objetivo de emitir opiniões (julgamentos) sem nenhuma intenção de fazer algo concreto para ajudar a pessoa avaliada. Nos primórdios da minha vida isso se chamava “fofoca” e era algo socialmente desestimulado Agora sei lá como definem isso, mas como foi muito bem dito na crônica, de desaconselhável, tornou-se aceitável e se bobear pode tornar-se até mesmo desejável.

    Cada um gasta sua vida como quer... eu prefiro não saber de um programa que vem nivelando cada vez mais por baixo o que oferece. Considero os prêmios absurdamente altos (dinheiro, carros, etc.) distribuídos aos participantes por sua capacidade de falar mal uns dos outros ou unirem-se para defender interesses comuns e participar de festas onde comem, bebem e quanto mais baixaria mostrarem, melhor fica. Além disso, fica um constante apelo sexual de mostrar o corpo ou se transa ou não com fulano ou cicrana. Receber mais de 1 milhão de reais para fazer isso? Fala sério... Isso para mim não tem o menor interesse! Não conhecia os participantes antes e provavelmente nunca mais irei vê-los e isso não fará diferença na minha vida, uma vez que eles não me acrescentam nada.

    O que mais este programa fará para aumentar a audiência? Expor a intimidade de deficientes físicos ou mentais? Preocupante é o que consideramos “aceitável” na intimidade de nossos lares e como lidar com essa intrusão sem sermos autoritários, mas também não nos tornarmos negligentes. Quais mensagens podem ser transmitidas para os jovens que assistem este programa, juntamente com outros adultos que nada dizem ou fazem? De que não há problema em expor seus sentimentos e corpo para pessoas desconhecidas. Quem é discreto ou comedido não é uma pessoa interessante e para se dar bem na vida deve-se ser polêmico, dissimulado ou vítima. Não é necessário se instruir para formar um patrimônio físico ou intelectual, basta ligar o computador ou celular, ser o mais exótico possível e esperar que a fortuna venha bater à sua porta sem nenhum esforço ou mérito. Haja reflexão e jogo de cintura...

    Sylvio

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL