segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PARÂMETROS

Arte digital por Elizabeth Wall

Em tempos onde parece que vale tudo, as pessoas andam tão confusas sobre suas possibilidades e responsabilidades, alguém já parou para pensar como é importante o fato dos ciclos de dia e noite serem constantes? Podemos nos guiar por eles, e isso permite com que organizemos nossa vida de forma mais tranquila e produtiva. Imaginem como seria se o sol deixasse de aparecer por 3 dias, e depois resolvesse ficar no céu por 48 horas seguidas para compensar um pouco sua falha; se uma noite durasse 12 horas e a seguinte, por algum motivo, durasse apenas 3 horas e a outra, 16 horas... Perderíamos importantes referências, e cada um, provavelmente, inventaria seu próprio tempo e regras, o que dificultaria bastante o convívio em sociedade, fora a insegurança individual do que estaria a nos esperar nos próximos momentos. Além disso, tentem imaginar as consequências prejudiciais e inesperadas para as plantas, o mar e quem depende dele, e por aí vai.

Quando atravessamos uma noite em frente a um computador, um livro ou outra atividade, é o nascer do sol (com o opcional de um charmoso cantar de galo) que nos chama à realidade de que um novo dia está começando e, se tivermos compromissos, é melhor nos organizarmos, pois um novo ciclo da vida se inicia naquele momento.

No meu velho dicionário a palavra “parâmetro” é descrita, entre outros conceitos, como “linha constante e invariável que entra na equação ou na construção de uma curva, e que serve de medida fixa para comparar as ordenadas e as abscissas na geometria”. Como sempre fui ruim em matemática, parâmetro, para mim, se relaciona com as pessoas que nos transmitem tranquilidade e segurança, em suas existências com atitudes positivas e (suprema dificuldade) constância. Pessoas que não querem deixar filosofias ou ter admiradores, apenas vivem da melhor maneira que conseguem, e acabam por nos influenciar por toda nossa vida. Pode ser um pai, mãe, irmão, tio, amigo... tornam-se, sem querer, o porto seguro para onde vamos quando nos perdemos entre ondas, chuva e vento, o mar está agitado demais e ameaça nos danificar ou destruir com sua força. Nessas horas, aportamos em uma sala, mesa ou cama e aproveitamos o tempo em que estamos ali, para fazer reparos, adquirir suprimentos e mudar o rumo. Quando nos sentimos novamente prontos, com o ambiente menos hostil, sabemos (ou pelo menos imaginamos saber) para onde vamos, e partimos com ânimo e confiança renovados.

Acredito que poucas pessoas reparam ou agradecem a estes modelos de referência que são o dia e a noite. Como coisas que parecem simples ou óbvias são importantes, evitando confusões e desgastes desnecessários, tornando a vida mais fácil. Do mesmo modo, algumas pessoas passam despercebidas por nossos dias e rotina, mas se faltam, como nos sentimos sem parâmetros...

(Crônica: Sylvio Bazote)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL