quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

BBB E A CENSURA


Recebi um e-mail de uma leitora, me questionando sobre a posição adotada na postagem da semana passada (Big Bad Brasil). A questão é a seguinte: “você afirmou que alguns programas podem incentivar a perversão, mas disse que é contra a censura. Como é que podemos fazer em nossas casas? Você não acha que, mesmo proibindo, nossos filhos vão assistir os programas de qualquer jeito?”
Como é um assunto interessante, resolvi retomá-lo porque há uma grande confusão nos dias de hoje, em relação a essa questão da censura. Quando falei que sou contra a censura, eu me refiro àquela exercida pelo estado, pelo governo, por um determinado ministério. E sou contra mesmo, não apenas porque entendo que, quanto menor a interferência do estado, maior a liberdade dos cidadãos, mas, principalmente, porque acho que seria um péssimo serviço, como a saúde pública, a educação pública e a maioria das coisas exercidas pelo estado com o dinheiro dos nossos impostos.
No entanto, é muito importante dizer que eu sou totalmente a favor da censura dentro de casa. Esta é uma obrigação dos pais e deve ser exercida todo dia. Nos tempos atuais, de internet, orkut, twitter e, naturalmente, bbb’s, os pais devem conversar com os filhos sobre os programas de televisão, as séries novas, os videogames que estão jogando, e os sites que tem aparecido, e até trocar aqueles famosos e-mails que circulam.
Nesta conversa, a coisa já começa a pegar, pois, geralmente, adotamos um tom de sermão, do tipo: não sei como é que você pode gostar de uma coisa desta, você devia é estar estudando ao invés de assistir esta porcaria, e outras críticas do gênero.
O ideal (sei que nem sempre conseguimos) seria dizer de forma bem clara sobre aquilo que sabemos que os filhos estão assistindo, sem sermão, sem tentar convencê-los a pensar igual a nós. Estas opiniões, ainda que sejam desobedecidas, têm um valor muito importante para os mais jovens.
No entanto, quando se trata de um programa proibido, não tem discussão: meu filho, de cinco anos, me pergunta se pode assistir a um episódio do CSI. Respondo, firme: não! Por que não, papai? Porque é um programa proibido para menores de 18 anos. Ah, mas o pai do meu colega deixa ele ver... Meu filho, aqui em casa a gente respeita as regras: você leva brinquedo na escola na quarta-feira? Não, pai, só pode levar na sexta. Então, meu filho, este filme você só vai ver quando tiver dezoito anos.
Isto faz parte do processo de civilizar os filhos, porque a educação implica em ensinar a eles todas as qualidades, valores e moral que os pais consideram importantes. Mas, como diz a leitora: eles vão ver de qualquer jeito. E vão mesmo! Eles são muito criativos. E, embora isto nos deixe frustrados, é bom deixar claro dois fatos: o primeiro é que proibir é uma coisa e impedir é outra, e o segundo é que, pelo menos, os filhos passam a ter uma referência do que a família acha certo ou errado, mesmo se forem burlar a regra.
Dou um exemplo do meu pai: ele dizia que nós não devíamos nunca consumir bebidas alcoólicas antes dos dezoito anos. Eu e meu irmão consumimos antes? É claro que consumimos. No entanto, sabíamos muito bem que, ao fazê-lo, estávamos contrariando a vontade do nosso pai. Crescemos, vivemos nossas próprias vidas, e fizemos nossas escolhas, fundamentadas em nossas experiências, mas também nos conceitos formulados pelo nosso pai. Ele não foi omisso, ele nos amava de verdade.
Finalmente, é bom lembrar que assumir esta responsabilidade dá trabalho. E é desgastante. Os filhos vão protestar, vão acabar fazendo (desde o Gênesis é assim) o que o pai proibiu. Mas o que importa não é o que vão fazer ou deixar de fazer, pois terão que assumir as conseqüências dos seus atos. O importante é que eles saibam o que os pais pensam a respeito.

(Crônica: Jorge Marin)

Um comentário:

  1. Alô Jorge. Só agora estou RETORNANDO à casa mia. Li, concordo em tudo e como fomos criados parecidos praticamente em tudo, ou seja, nossos pais adotavam praticamente as mesmas regras, mesmas bases, na mesma cidade e etc ,isto não quer dizer que SOMOS IGUAIS ou PENSAMOS IGUAIS,mas com certeza temos uma porcentagem muito grande de pensamentos e ações muito parecidos. E tudo o que falou ai bate com o que faço e o que penso sem a menor sombra de dúvida; meus pais usaram esse método comigo e eu e minha esposa usamos com nossos filhos e não houve nenhum problema para ninguém.
    Claro que pais que são pais fazem o possível e o impossível para que seus filhos cresçam e se formem ou se tornem adultos honestos, sinceros, pessoas boas e para isto eles têm que conhecer algumas (várias) regras que jamais aprenderão nas escolas, talvez até poderão vir a aprendê-las, mas, quem sabe já seja tarde demais.
    Um abraço, Mazola.

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