sábado, 5 de junho de 2010

LAMENTO DAS ÁGUAS



Amigo que passa em águas escuras,
tão frágil, procura o caminho do mar,
vidas inocentes, tantas mortes prematuras,
De mentes: insanas, dementes e impuras.

Nas entranhas das pedras um cheiro feroz,
matando você, matará todos nós,
cobiça semeando sede,
onde havia rede, só existe dor.

Algoz é o que seremos do futuro,
banidos e nulos, se o suor nossa mão não molhar,
filhos da indiferença, cativos do destino,
do pouco ou quase nada que ainda restar.

É preciso renascer...
Respirar alienado da gana irracional.
É preciso sobreviver...
Libertar a nascente pequenina,
Que, lá do alto, bem do alto da colina,
irá descer e desaguar águas límpidas, cristalinas,
que nos farão viver.

Ainda há chance, ainda há chance...
É o momento de mudar,
ainda há tempo, ainda há tempo...
É o momento de acordar,
não deixar que o rio passe e vá embora,
enquanto a vida ficar.

(Poesia - Sérgio R. Missiaggia/abril-2003)


Hoje, 5 de junho, dia do Meio Ambiente, vemos que, passados sete anos, a mensagem desta poesia do Serjão continua mais do que nunca atualíssima. Pode parecer bobeira, ou excesso de zelo, mas a preocupação com o meio ambiente é necessária e tem que ser passada aos nossos filhos e netos. Ainda no começo desta semana, vendo meu vizinho lavando seu carro, a garagem e a rua, pedi a ele que moderasse o uso da água, e ele me respondeu:
- Eu posso usar à vontade: estou pagando! – e deu boa gargalhada.
Anteontem à noite, a adutora aqui de Juiz de Fora se rompeu, e ainda hoje estamos todos nós, pagantes ou não, totalmente sem água.
Às vezes é preciso uma poesia, ou um acidente, para nos lembrar da difícil situação mundial em relação ao uso dos 2,5% de água doce disponíveis no planeta. Segundo relatório da Unesco, mais de um sexto da população mundial, ou o equivalente a 1,1 bilhão de pessoas, não tem acesso ao fornecimento de água doce.
Destes 2,5% de água doce existentes no mundo, somente 0,4% estão disponíveis em rios, lagos e aqüíferos subterrâneos, apesar da Terra possuir cerca de 1,39 bilhões de km3 de água. E o pior é que, com o desmatamento, a poluição ambiental e as alterações climáticas dela decorrente, estima-se que será reduzido em um terço o total de água doce disponível no mundo. Enquanto isso, ações que poderiam reduzir o desperdício desse líquido cada vez mais raro e, portanto, precioso, demoram a ser tomadas pelas diferentes instâncias governamentais.
O governo sabe que o maior consumo de água doce é na agricultura, responsável por 69% do uso, e também que as grandes metrópoles têm edificações com sistemas hidrossanitários (bacias e válvulas sanitárias, torneiras, chuveiros, entre outros) gastadores.
Ações globais e estruturais, como a irrigação por gotejamento, em vez da usual por aspersão, e o incentivo à implantação de programas de uso racional da água economizariam milhões de metros cúbicos, evitando assim a necessidade de novos reservatórios de água que, além de caros, prejudicam o meio ambiente, pois inundam matas ciliares com o alagamento.
Para se ter uma ideia, o lendário prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, mandou que fossem instaladas, entre 1994 e 1996, mais de um milhão de bacias sanitárias economizadoras, com incentivo aos moradores e empresários para as trocas, e passou a poupar, vejam, 216 milhões de litros de água por dia!
Mas, enquanto isto não acontece aqui em nosso país, há medidas que cada um de nós pode tomar, dentro de sua casa, no seu ambiente de trabalho e em sua comunidade. E, por que não, interessar-se mais por política, ainda que ambiental. Afinal de contas, como dizia o célebre economista inglês Arnold Toynbee: “o maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam.”

(Artigo - Jorge Marin)

5 comentários:

  1. Tema atual e muito importante.
    Somos sim responsáveis pela qualidade de vida das gerações futuras. Está passando da hora de arregaçarmos as mangas e pensarmos no amanhã.
    Parabéns ao blog

    ResponderExcluir
  2. Em muito bom momento esta postagem! Nunca é demais abordarmos este assunto! Se não estamos fazendo nossa parte pelo menos ensinemos aos mais jovens a fazerem.

    ResponderExcluir
  3. Isso é coisa muito séria, gente!
    Concordo plenamente com vocês e, do jeito que a coisa vai indo, que legado deixaremos para nossos filhos?

    ResponderExcluir
  4. Jorge, é incrível, mas justamente numa época em que o mundo está, seja lá de que jeito for, procurando economizar essa maravilha de Deus, a água, em " nossa " Juiz de Fora virou MODA a construção dos prédios ( condomínios) com piscinas com raias de 25 metros. Com certeza ELES devem achar a expressão RAIA DE 25 metros uma coisa fantástica para ser apresentada aos mais afortunados ( somente de dinheiro) porque com certeza tanto os que FAZEM os projetos como os que COMPRAM e os que AUTORIZAM são todos eles pessoas medíocres que só enxergam à sua frente dinheiro, lucro, prazeres inconsequentes. O problema maior é que NÓS que estamos aqui debatendo, lutando ou pelo menos não participando desse absurdo levaremos a culpa como se também tivéssemos participado.
    Recordando o velho SOBÍ que apenas fazia a clássica pergunta: Eu quero só saber se vocês estavam todos JUNTOS?
    Então só resta BUSCAR AS CARTINHAS!!!!!!
    Um abraço
    MAZOLA.

    ResponderExcluir
  5. Zelar pela água, é zelar pela vida. A vida na terra depende do cuidado com a água. E, nisso, todos nós podemos colaborar. Aproveito um texto já conhecido por todos para repeti-lo aqui; nunca é demais, não é?
    "Precisamos buscar atitudes concretas e rever nosso comportamento em relação aos rios.Não podemos tratá-los como esgoto, jogando neles litros de refrigerantes vazios,sacolas de plástico e toda espécie de lixo e imundície. Também precisamos evitar que os esgotos das casas e fábricas corram para eles.Algumas cidades já estão tratando o esgoto. Em muitos lugares da roça, o povo já está fazendo fossas para não poluir os córregos que deságuam no rios.É preciso cuidar das matas ciliares, que funcionam como filtros, que impedem a sujeira grossa de ir para o leito do rio. Cuidar das cisternas , dos poços artesianos, etc."
    Há muito o que se cuidar em relação à água, mas não vamos perder a esperança.
    Aproveito para falar de uma outra água sem a qual também não podemos viver que é a ÁGUA VIVA DA PALAVRA DE DEUS.
    mEU ABRAÇO.


    '

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL