quarta-feira, 9 de junho de 2010

FALO BRASIL



Falo Brasil
Como quem soletra perplexidade
Chamam de chão o que pisamos
Mas trata-se de uma trama de sonhos
De um marulhar de sussurros encantados
E de um passaredo interminável em arrebol

Falo Brasil
Como quem saboreia uma amora
São cios multiplicados que inspiram
A palavra soa como um atabaque e
O coração responde que bate
E arremessa mais fundo

Falo Brasil
E um eco retorna liberdade
A soleira da porta é um teatro de crianças
Que brancas negras e um bando de insetos
Escancara a paisagem onde o mandacaru
E os preás decretam uma terra seca e só.

Falo Brasil
Mas poderia falar Tegucigalpa
Ou de esmeraldas verdes em cornucópias
Que dariam para encher bateias gigantes
Falo das chances de viver em palafitas
Falo de dentro do caule do solo e do chip.

Acordo com uma luz que é ao mesmo tempo paz
E falo Brasil
E chove e soletro estas sílabas
Enquanto as mães levam os filhos
E lavam as roupas.

De repente, não falo mais nada
E é Carnaval em alguma capitania
Enquanto nas colinas de Ouro Preto
Estátuas brincam e igrejas com câmeras
De vigilância amplificam hinos e choro
Porque já não há mais nada
Que lembre
Pátria.

(Poesia - Jorge Marin)

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