sexta-feira, 11 de junho de 2010

E QUE VENHA MAIS UMA COPA...



Capítulo 1 - Inglaterra 1966 e México 1970

É interessante como podem certos acontecimentos, ou mesmo algumas notícias, se fixarem em nossa memória. Raramente nos esquecemos de onde nos encontrávamos ou quem seriam aquelas pessoas que estavam conosco em alguns fatos marcantes de nossa vida.
Apenas para terem uma ideia, acredito que poucos serão aqueles que não se lembrarão do momento em que receberam a triste noticia da morte de Ayrton Senna ou onde estariam numa daquelas Copas do Mundo em que o Brasil foi campeão.
E é justamente sobre isso que vamos falar.
Aproveitando então o início de mais um campeonato mundial de futebol, será que alguém se lembraria de detalhes ou mesmo de onde ou com quem teria assistido jogos de Copas anteriores? Tentem se lembrar!

Comigo tudo teria começado assim:
Estava brincando na laje da varanda, quando gritos eufóricos, vindos da direção da Fábrica de Macarrão que, na época, funcionava ao lado de minha casa, teriam me assustado bastante. Era dia 19 de julho de 1966 e eu, com apenas 10 anos, somente iria entender tempos depois que, naquele momento, estariam jogando Brasil e Portugal.
Meu pai havia dado uma pausa nas máquinas para que assim, junto aos demais funcionários, pudessem acompanhar, pelo rádio, o referido jogo. Só sei que perdemos de 3x1 para o time do atacante Eusébio. Neste jogo, demos adeus ao tri-campeonato. Frustração total, pois, nem nas quartas-de-final, conseguiríamos chegar. Voltamos mais cedo da Inglaterra, trazendo na bagagem, nada mais e nada menos, que Pelé, Garrincha, Jairzinho e companhia. Mesmo não me recordando, o técnico, nesta copa foi Vicente Feola.

Em 1970, no México, foi inesquecível. Nunca haverá outra copa igual. Tudo conspirava contra nós e, mesmo assim, acabaríamos, sob o comando do técnico Zagallo, tri-campeões do mundo. Como não poderia sagrar-se campeã uma seleção, que compunha seu ataque com Tostão, Rivelino, Jairzinho e um tal de Pelé?
Pra variar, fui assistir a alguns jogos ao lado de Silveleno, sendo que, em um deles, aqui em casa, também na companhia de meu pai, quebramos um sofá ao pularmos na hora de um gol. O velho apenas nos disse:
- Se o Brasil vencer tudo bem, mas, se perder, vocês terão que me pagar o sofá. Brincadeira ou não, por sorte, o Brasil venceu.
Na memorável final contra a Itália, estávamos, Silveleno e eu, assistindo ao jogo na casa de minha irmã Edna que, na época, residia na Rua do Sarmento. Depois, foi apenas ir para a marquise e ficar vendo, lá de cima, a multidão eufórica começar, aos poucos, invadir a rua. Nunca vi outra festa igual.

(Crônica – Serjão Missiaggia)

É curiosa a lembrança da Copa de 1966, porque achávamos o fato de receber a transmissão “ao vivo” pelo rádio, vinda da Europa, uma maravilha tecnológica sem precedentes. Eu havia ganho, do meu pai, um radinho japonês Mitsubishi, e me sentia o máximo. O jogo contra a seleção de Portugal já era temido, pois embora tivéssemos estreado bem contra a Bulgária (ganhamos de 2x0, com gols de Pelé e Garrincha), fomos mal contra a Hungria, de quem perdemos por 3x1 (nosso gol foi marcado pelo jovem Tostão). A súmula do jogo pode ser consultada na Internet, no endereço http://www.fifa.com/worldcup/archive/edition=26/results/matches/match=1598/report.html . O técnico da seleção de Portugal era o brasileiro Oto Glória e, como disse o Serjão, o artilheiro Eusébio “deitou e rolou”: marcou o segundo gol de Portugal, aos 27 minutos do segundo tempo, e o terceiro aos 40 do segundo.
A Copa de 70 também marcaria um avanço tecnológico surpreendente: a transmissão de TV via satélite. Dizem que a Televisa mandou seus funcionários estagiarem na BBC de Londres, a partir da copa de 1966, que foi transmitida ao vivo por toda a Europa.
Alguns dias antes da Copa, outro fenômeno televisivo teve início, a novela Irmãos Coragem, transmitida pela TV Globo, lançada para que os homens também se interessassem por novelas, já que misturava bangue-bangue com romance. Durante a Copa, muitos marmanjos, após se deliciarem com a transmissão vibrante de Geraldo José de Almeida (“que que é isso, minha gente?”, “linda, linda, linda”, “rivelinoooo”), ficavam de bobeira na sala, para ver o que iria acontecer com o João Coragem (Tarcísio Meira), e seus irmãos, Jerônimo (Cláudio Cavalcanti) e o Duda (Cláudio Marzo) que acabou jogando no Flamengo.
No mundo real, nossos atletas saíram desacreditados do Brasil, pois havia uma grande confusão nos bastidores da Seleção, onde nosso técnico, João Saldanha, comunista de carteirinha, foi “persuadido” pelos militares a se afastar do comando da equipe. Apesar das injunções políticas, que culminaram com a convocação do trambolho Dario, o Peito de Aço, nossos jogadores fizeram o que sabiam, e deram um show de bola inesquecível, conseguindo aliar técnica, tática e beleza. Nunca uma seleção jogou tão bem, de forma tão bonita, e ser tão eficaz. Para nós, que vivenciamos aquele momento, acredito ter sido a grande alegria coletiva de nossas vidas!

(Comentário – Jorge Marin)

NA PRÓXIMA SEMANA - O carrossel holandês de 74, o vigor meio suspeito da Argentina em 78, e uma das melhores seleções brasileiras, derrotada em 1982.

2 comentários:

  1. Como não me recordar da copa de 70 e daquele time iluminado. Foi uma festa que jamais esquecerei. O time saiu do Brasil totalmente desacreditado pois havíamos perdido um amistoso, se não estou enganado, pro time do Bangu.

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  2. Foi realmente um show de futebol...Até eu que não sou torcedor fanático me emocionei com aquela seleção. Foi uma festa geral e pra nós então foi o apogeu esportivo. Depois disso, disputamos muitas duplas e gol a gol no campo do Mangueira. Ficamos incentivados e quase fomos parar no time do Botafogo, treinados pelo Pedro Caxambú. Quase chegamos lá....

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