quarta-feira, 25 de abril de 2018

O DISCO VOADOR



NESTA SEMANA EM QUE O BLOG ESTARÁ COMPLETANDO NOVE ANOS, IREMOS RELEMBRAR EM DOIS CAPITULOS, AQUELA QUE FOI A AVENTURA MAIS FASCINANTE QUE VIVEMOS, OU SEJA, NOSSO CONTATO (QUASE)

                                   O DISCO VOADOR

Interessante como o tempo foi passando assim tão rápido para, num piscar de olhos, percebermos que já se foram quase QUARENTA E CINCO ANOS da aventura mais famosa e mística do Grupo Pitomba. Uma história já contada aqui no Blog, que iremos relembrar agora em função dessa data tão significativa, e também pelo aumento considerável de amigos que fomos adquirindo desde sua última postagem. Devido ao tamanho do texto original, tentarei ser o mais sucinto possível, mas, devido aos inúmeros detalhes, terei mesmo que fazê-lo pelo menos em dois capítulos.

Mas, ainda antes de começar a narração desse nosso misterioso contato sobrenatural, abrirei um pequeno espaço para uma reverência especial a cada um dos componentes do Pitomba. Isso porque o grande diferencial do grupo sempre foi a sincera amizade que nos unia. Fosse onde fosse: no colégio, nos esportes, em viagens, por detrás de alguma experiência maluca, ou, simplesmente, pra testar alguma nova invenção. Era dia, era noite, no palco ou fora dele, lá estávamos nós, com aquela alegria e muito humor que, por sinal, era nossa principal característica.
      
Pois bem... Foi numa dessas noites do passado que começou nossa história, aonde fatos abracadabrantes, e até de certa forma cômicos, vieram a acontecer. Tudo começou por volta de 21 horas de uma noite fria de meio de semana, quando alguns componentes do grupo combinaram sair a passeio, com a velha Vemaguet de nosso guitarrista e também comandante da tropa. Após percorrermos, por várias vezes, os mesmos lugares da cidade, e, já cansados da rotina, resolvemos então voltar para casa. Foi quando, naquele instante, alguém teve a infeliz ideia de irmos até o trevo para curtirmos um pouco mais aquela noite. E para lá seguimos...
     
Logo que chegamos, de imediato fomos estacionando a Super-Vemaguet debaixo de uma árvore, e, num canto privilegiado do lugar, enquanto íamos ligando o toca-fitas também, procurávamos ir abrindo as portas, para que saísse do interior do veículo aquele cheiro de óleo queimado que seu motor sempre exalava. A noite estava linda, porém um pouco escura, já que não havia lua naquele momento. Vagalumes passeavam ao nosso lado sem cessar, enquanto admirávamos o céu infinitamente estrelado e acolhedor.
      
De repente, quando ninguém estava esperando, eis que nosso vocalista, sentado no banco traseiro, solta um tremendo pulo e começa a entrar em desespero. Olhando justamente para o lado do campo de aviação, extremamente confuso e assustado, ficava, aos gritos, apontando o dedo para o referido local, tentando nos dizer alguma coisa:
- HAHAHALÁ!!!HAHAHALÀ,
- QUE É AQUILO LÁ EM CIMA!!!?
- HÉHÉHÉ!!! UM DISCO VOA...!!!

No susto, nosso motorista-guitarrista e também chefe da delegação, ainda mais apavorado, mesmo sem saber o que estaria acontecendo, foi tentando, de qualquer maneira, ligar a bendita Vemaguet que, para variar, não dava partida e muito menos ia para frente e nem para trás. Alguns de nós tentávamos em vão empurrá-la, enquanto a maioria procurava mesmo era esconder atrás do que encontrava pele frente.

Pensei seriamente, naquele momento, em sair correndo para a fazenda Santa Fé, mas, naquela escuridão, provavelmente os cachorros é que iriam correr atrás de mim. Nosso saudoso baterista ficou estático na poltrona de trás e mal se mexia. Tremendo, e de olhos arregalados, dizia que não gostava dessas coisas e que nem iria olhar. Na realidade, ele ficava mesmo era analisando a reação de cada um de nós, para ver em qual situação de fuga se enquadraria melhor.



Naquela hora, o que nos restou foi respirar fundo, unir nossos medos e encarar a situação de frente. Procuramos, num breve pacto de lealdade, nos conscientizar que poderia ter o destino nos reservado aquele momento, que, com certeza, seria único em nossas vidas. Chegamos até a viajar com a imaginação, vislumbrando as possíveis notícias que circulariam em todos os jornais, ou seja, nossos retratos, estampados em primeira página, destacando a mais espetacular manchete: "Primeiro contato imediato documentado e fotografado do Brasil”.
     
Mas, enquanto nos consolávamos nesse pensamento, procurávamos imaginar alguma coisa que pudéssemos fazer de momento. Tendo em vista que o objeto permanecia imóvel, passivo, parecendo sempre nos observar, resolvemos, numa breve reunião (sem unanimidade), dar uma ida até lá em cima e checar, do outro lado do campo, do que realmente se tratava. 

Subindo pelo morro dos Marimbondos, procurávamos ter o cuidado de não perder de vista aquelas janelinhas iluminadas e misteriosas que ficavam a brilhar lá no alto. Na época, era tudo bem mais deserto, pois carros somente passavam vez ou outra. Não havia uma única casa no meio do caminho, e muito menos uma santa alma que pudesse descontrair e compartilhar conosco o momento. A Vemaguet mais parecia uma peneira furada, pois, enquanto subia engasgando morro acima, a poeira nos sufocava e nos pintava de amarelo.

Quando lá chegamos, vimos que pouca coisa havia mudado, e que a nossa visão do objeto continuava a mesma. Dessa forma, só na tocaia e observando ao longe, ficamos por um bom tempo. Nós de uma extremidade do campo e aquela coisa do outro. Foi aí, exatamente naquele instante, que começamos a sentir que somente com uma arriscada aproximação poderíamos ver melhor. Na realidade, nem sei se alguém era mesmo a favor de alguma coisa, pois o que sentíamos, com certeza, é que uma força sobrenatural e impulsiva nos levava sempre a seguir adiante. Foi o que fizemos!

Nosso comandante e motorista achou por bem fazer a aproximação de traseira, ou seja, de marcha à ré, pois, segundo ele, diante de uma possível retaliação dos ET’s, teríamos mais agilidade para, numa possível fuga de emergência, já estarmos apontados para frente. E assim foi.
    
À medida que, passo a passo, fazíamos a aproximação, nossa adrenalina ficava a mil e o coração batia cada vez mais forte. Após percorremos mais ou menos uns 50 metros, nosso comandante, ameaçando um pequeno descontrole emocional, soltou um grito de pavor e afundou com toda força o pé no acelerador. Como já estávamos avançando de traseira, ao invés de batermos em retirada saímos mesmo foi enfoguetados de marcha-ré ao encontro do desconhecido. Foi aí que, fazendo uma incrível curva de traseira, num ângulo de quase 180 graus, por muito pouco não fomos jogados montanha abaixo, bem em cima da antiga sede do Tiro de Guerra. Saímos numa velocidade que só Deus sabe e somente obtida porque a Vemaguet estava morro a baixo. Foi quando alguém ainda teve a petulância de gritar pela janela: PEGA NÓIS SE FOR CAPAZ!

Uma nuvem sufocante de poeira foi tomando todo o interior da Vemaguet, enquanto a cabeleira black power de nosso baterista ia se destacando ainda mais no escuro, parecendo um turbante amarelo. Descendo de lá igual a um foguete, passamos pelo centro da cidade, ante os olhares curiosos de algumas pessoas que ainda se encontravam na praça. A partir daquele momento, já começávamos a deixar a população com a pulga atrás da “oreia”, pois já deveriam ser umas onze da noite. Naquela época, as coisas eram bem diferentes, sendo que qualquer zum-zum-zum naquele horário era motivo pra despertar uma baita atenção.

Foi naquele exato momento que resolvemos então seguir para o Observatório Astronômico local e chamar nosso saudoso amigo, profundo conhecedor desses assuntos. Para lá nos dirigimos...  Ao chegar à sua casa, enquanto ficávamos, de dentro do carro, a chamar pelo seu nome, procurávamos, por precaução, manter o motor da velha Vemaguet ligado. Ele, de imediato, apareceu na janela com o rosto todo pintado com uma pomada para espinhas, pulou mais que depressa o murinho da varanda e, sem mesmo limpar a cara, entrou rapidamente na Vemaguet. Saímos velozmente passando mais uma vez na praça, aos olhares curiosos de pessoas que nada entendiam o que estava acontecendo.


Seguindo primeiramente para o trevo, fomos tentando refazer todo o trajeto novamente. Logo que lá chegamos, observamos que a situação continuava a mesma. Nosso astrólogo, muito impressionado com aquela visão, começou a comandar uma verdadeira operação de guerra. Imediatamente, pediu ao nosso comandante e motorista que subisse com o carro no canteiro e, com a frente virada para cima, apontasse os faróis em direção ao morro. Enquanto ficava a nos dar uma pequena aula de boas maneiras e de como ser bons anfitriões, pedia, insistentemente, que os faróis fossem sendo piscados ininterruptamente em ritmos alternados. (Provavelmente, seria um código, que somente, ele e os irmãos alienígenas conheciam!).
    
Num clima sinistro e de dar arrepios, sentimos que aquela aventura começava mesmo é a ficar cada vez mais séria. Vendo que a coisa parecia não estar nem aí pra gente, e sentindo que uma aproximação mais delicada seria inevitável, resolvemos chamar então o pai do nosso amigo astrônomo, que, com seus 80 anos, ouvindo mal e andando com dificuldades, iria, com sua imensa experiência e sabedoria, nos ajudar bastante no front. Isto pra não falar também que se tratava de uma pessoa respeitadíssima na comunidade cientifica brasileira, principalmente depois de ter sido o primeiro astrônomo do Brasil, ou do mundo, a fotografar um cometa.

E lá, fomos chamá-lo, subindo novamente, a toda velocidade, o morro da Matriz. Algumas pessoas que ainda estavam na praça só faltavam se jogar na frente do carro, tamanha a curiosidade. Já haviam se passado umas duas horas e, num intenso sobe e desce de morro, chegamos novamente à casa do mestre astrônomo. Para nossa surpresa, eis que surge ele na varanda e, de pijamas e touquinha na cabeça, foi logo nos dizendo de imediato:
- EU VOU, MAS SE NÃO FOR NADA, VOCÊS ME PAGAM! NÃO GOSTO DE PERDER MEUS FILMES!     

Enquanto isso, a velha Vemaguet ia sendo entupida com lunetas, pedestais, câmeras, bússola, biscoitos, facão, cantis com água, mais facão, uma barraca do exército e aparelhos estranhos que nós mesmos nem conhecíamos. Já não cabia um fio de cabelo dentro do carro e alguns tiveram até que ir sentados no colo dos outros. A movimentação era tão intensa, que não havia uma única casa no largo da matriz que não estava com pessoas na janela. Espantados e curiosos, pareciam premeditar que coisa não muito boa estaria para acontecer.

Como se não bastasse, além da cabeleira de nosso baterista que ficava a pinicar minha orelha, e uma enorme luneta que espremia a ponta do meu nariz, ainda tive que ir sentado em cima de uma coisa estranha, possivelmente um daqueles facões. E lá fomos nós novamente ao campo de aviação, desta vez decididos a ficar frente a frente com os irmãos alienígenas. Era tudo ou nada, ou seja, “nóis” ou eles!

AMANHÃ CONTAMOS O RESTO

Crônica             : Serjão Missiaggia 
Foto-montagem: Jorge Marin   

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